SALVADOR 475 ANOS
Brotas: os desafios de uma "cidade" dentro de Salvador
Subprefeito aponta que regionalização de bairro é benefíco para a prefeitura
Por Osvaldo Barreto
Quem poderia imaginar que um engenho de cana-de-açúcar, formado por diversos morros, se tornaria o segundo bairro mais populoso de Salvador?
Carregado de diversidade populacional e social, dentro dos seus diversos sub-bairros, antes, a região de Brotas era uma freguesia e foi batizada em 1718, através do decreto do arcebispo de Salvador, D. Sebastião Monteiro da Vide. Nesse contexto, a reportagem do Portal A TARDE mergulhou na história dos 295 anos do bairro, que hoje é formado pelo sub-bairros: Matatu, Vila Laura, Cosme de Farias, Engenho Velho de Brotas, Acupe, Daniel Lisboa, Campinas de Brotas e Horto Florestal.
“A região onde hoje é o bairro de Brotas pertencia a família Saldanha, onde ficava a fazenda. A partir do século XX, começa a se tornar um bairro urbano. Mas, se analisarmos, até a década de 60, tínhamos várias comunidades que viviam isoladas dentro de Brotas em pleno século XX”, conta Murilo Mello, professor de história.
De acordo com a prefeitura de Salvador, Brotas é o segundo bairro mais populoso da capital baiana, com cerca de 80 mil moradores, ficando atrás apenas da Liberdade, também no Centro. Entre prédios e diversas comunidades, o bairro pode ser considerado uma “mini-Salvador”, carregando consigo diversas características que podem ser replicadas em outros pontos da cidade.
Segundo o professor de história, "devido ao fato de Brotas ser tão grande, a gente vê a presença de áreas com o metro quadrado muito caro e outras nem tanto. E por ser tão grande, há essa disparidade na ocupação econômica e social”.
Nesse sentido, o subprefeito da Prefeitura Bairro Centro-Brotas, Alan Muniz, avalia o crescimento populacional de Brotas como contínuo. "Vemos na região uma edificação de uma comunidade de classe média e, que no seu arredor existe uma periferia muito pobre e carente, que às vezes está invisível para própria Brotas. Cito o Buraco da Gia, que é uma região muito pobre. Assim como, a Vila Rio Branco, que fica na região limítrofe com a Castro Neves”, exemplifica.
Demandas públicas
Na avaliação do gestor, é perceptível o perfil de demandas dos moradores das diferentes regiões junto à Prefeitura-Bairro. Enquanto, os moradores dos condomínios e prédios buscam serviços de iluminação pública, poda de árvores e recapeamento asfáltico, a população mais carente vai em busca de soluções para mazelas.
“É necessário ter uma expertise, pois é uma questão cultural: a gente só vai visitar aquilo quz os olhos veem. Temos ciência que é preciso fazer a zeladoria dos locais de moradias das edificações, mas quem procura a prefeitura-bairro são os mais carentes, por questões envolvendo transporte público e saneamento básico. Portanto, existem bolsões de pobreza dentro de Brotas, que precisam de maior atenção da prefeitura”, pontua Muniz, que também acredita que a regionalização dos “sub-bairros” é importante para a atuação mais eficaz e eficiente da prefeitura da capital da Bahia.“As regionalizações é que vão identificar qual é o perfil e o papel do cidadão que mora na região. Não dá para o poder público pensar em Salvador como macro, é preciso entender o papel de cada região. Por exemplo, é preciso entender se aquela população precisa mais de um campo de futebol ou de um parquinho para crianças. É preciso entender se a região é mais cultural ou mais social”, defende o subprefeito.
A obra da nova ligação entre as ruas Armando Tavares, na Vila Laura, e a Luís Negreiro, em Santa Tereza, na região da Rótula do Abacaxi, é resultado dessa regionalização que vem sendo implementada pela prefeitura de Salvador.
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