SALVADOR
Comércio também deverá ganhar programa de habitação; entenda
Além do projeto de moradia popular no Pilar, prefeitura planeja conjunto habitacional no Corpo Santo
Por Lula Bonfim
Além do planejamento para a construção de um programa de habitação popular na Rua do Pilar, a prefeitura de Salvador também está trabalhando em um outro projeto: a recuperação de casarões na região do Corpo Santo, no Comércio, para a implantação de uma espécie de conjunto habitacional.
Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, a presidente da Fundação Mario Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield, revelou detalhes do projeto, que deve ser implantado em uma área de dois quarteirões entre a Igreja do Corpo Santo e o Plano Inclinado Gonçalves, na sua parte inferior.
A ideia da prefeitura é assumir a propriedade dos casarões na região por um processo de encampação, para instalar nesses imóveis apartamentos de dois ou três quartos ou até studios. Essas unidades seriam vendidas de forma subsidiada e com taxa de juros reduzidas para pessoas que recebem de três a seis salários mínimos, faixa de renda definida pela presidente da FMLF como "mercado popular".
“É aquele público que o mercado imobiliário não atende. Não é a baixa renda, até três salários mínimos, que tem a habitação de interesse social. É um mercado que tem aí que precisa ser atendido”, definiu Tânia Scofield.
De acordo com a dirigente, os servidores públicos municipais seriam parte desse público-alvo. Com cerca de 80% das secretarias instaladas na região do Centro Antigo de Salvador, os trabalhadores da prefeitura seriam uma das demandas previstas para o empreendimento. Outro foco do projeto estaria no público de jovens adultos.
“Tem um público jovem que gostaria muito de morar aqui no Comércio. Porque tem toda a beleza dessa área central e tem todas as facilidades. Não só facilidade de infraestrutura, mas os serviços todos aqui e os equipamentos culturais concentrados nesta área central”, avaliou Tânia.
Diferente do programa de habitação do Pilar, que obteve recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a elaboração do projeto, o conjunto habitacional do Corpo Santo deverá ter seus estudos todos financiados pela prefeitura de Salvador.
Por outro lado, a FMLF prevê a necessidade de financiamento para transformar o projeto do Corpo Santo em realidade. Os recursos já estão sendo buscados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Para fazer esse programa, o projeto é nosso, é de nossa competência, com recursos próprios. Agora, a obra, a gente está buscando esse recurso no Banco Interamericano. Nós já tivemos três missões com o BID. Vamos ter a quarta missão agora, para fechar o programa de habitação. Porque o BID, enquanto banco de fomento, faz uma série de exigências e a gente está discutindo, desde o projeto até a gestão desses imóveis depois da obra executada”, explicou ao Portal A TARDE.
Os casarões que são alvo da FMLF estão em ruínas, desocupados ou ociosos — aqueles em que só o térreo se encontra ocupado. De acordo com Tânia Scofield, os estabelecimentos comerciais instalados no pavimento inferior poderão permanecer, com as moradias ocupando apenas os andares superiores.
Expansão
A Fundação Mario Leal Ferreira não pretende, porém, encerrar os trabalhos com os projetos no Corpo Santo e no Pilar. A intenção da instituição é que o Centro Histórico volte a ser ocupado por moradores, tendo circulação de pessoas para além dos horários comerciais.
“Toda essa área daqui, a área da frente ali do Elevador Lacerda, são imóveis do século 18, 19, antigos, mas a gente acredita que esse programa de habitação pode e deve ser estendido para essa outra área, desse trecho entre o Plano Inclinado até a Associação Comercial, de imóveis da arquitetura modernista, que são altos, de 10, 12 pavimentos”, exemplificou a presidente ao Portal A TARDE.
Para Tânia Scofield, chegou o momento da população mais pobre voltar se sentir bem-vinda na região central de Salvador, parando de ser levada para as periferias da cidade.
"Desde que eu me formei, eu trabalho com habitação. Basicamente com habitação de interesse social e habitação de mercado popular. Acredito muito nesse programa aqui. Acho que é uma das grandes áreas para a gente densificar com habitação, porque eu sempre fui contrária a levar cada vez mais para a periferia a população de baixa renda. No Minha Casa Minha Vida, cada vez mais você afasta e leva para a periferia, quando a gente tem esse potencial construtivo grande aqui, para a gente usar em um programa de habitação em uma das áreas mais importantes desta cidade”, concluiu Tânia.
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