CÂMARA MUNICIPAL
Comissão de Cultura avalia instaurar TAC contra bloco As Muquiranas
Vereador Sílvio Humberto (PSB) repudiou caso de violência praticado dentro do bloco
Por Da Redação
A Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Salvador pretende realizar uma audiência pública para avaliar instaurar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) após o caso de violência ocorrido dentro do bloco 'As Muquiranas', contra uma foliona que curtia o carnaval.
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Durante o carnaval, um vídeo em que uma mulher é encurralada por associados do bloco viralizou nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver que os homens jogavam água nela com as armas de brinquedo. A situação só foi resolvida com a chegada de agentes da Guarda Municipal.
O presidente da Comissão, vereador Sílvio Humberto (PSB), repudiou o episódio. A Comissão informou que pretende instaurar um Termo de Ajuste de Conduta via Legislativo, além da realização de uma audiência pública para ampliar a discussão.
“Não podemos naturalizar o que ocorreu. Constatemos que a violência praticada ali foi filmada, mas quantas mulheres ao longo dos anos foram violentadas e tiveram que seguir o percurso da vida tendo que lidar com os traumas?”, questiona. “É preciso rever o lugar desse bloco dentro do Carnaval, a começar pelo uso de fantasias que ferem identidades e reforçam a sexualização de profissões”, emenda.
De acordo com Sílvio, existe uma falta de compreensão do que é irreverência com comportamento abusivo.
“A cultura da irreverência é uma marca no bloco, no entanto é preciso entender até onde se pode ir. Brincadeira só é brincadeira quando todas as partes se divertem. São de outros carnavais os relatos de importunações e confusões que têm como alvo preferencial mulheres e LGBTQIAP+, além dos casos de depredação do patrimônio público, portanto, cabe uma punição a todos envolvidos, principalmente ao bloco”, apoia.
"Sabemos da tamanha importância da folia de Momo para a economia, por isso é importante que os blocos arquem com essa responsabilidade para realização de um desfile sem abusos. É preciso naturalizar o cuidado, pois a festa passa, porém o trauma fica", finalizou.
Comissão da mulher
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador também manifestou repúdio à agressão. Para a presidente do colegiado, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), o episódio expõe a face mais abjeta do machismo que impregna as estruturas da sociedade.
“Se a Guarda Municipal não tivesse intervindo a tempo, as consequências físicas e psicológicas para aquela mulher teriam sido muito maiores. As imagens me causaram uma profunda revolta. Já não basta o assédio e a importunação que se disseminam pelos circuitos do Carnaval? Estamos aqui para o que ela precisar”, diz a edil.
Integrante da Comissão, a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL) publicou um vídeo de repúdio nas redes sociais e relata que já passou por situação semelhante. “Tentei gravar esse vídeo algumas vezes sem me emocionar, mas parece que passa um filme depois de assistir ao vídeo dessa mulher sendo cercada por vários integrantes do bloco As Muquiranas. Me disparou gatilhos de violência e agressão que já sofri. O último foi um misto de machismo e lesbofobia onde eu e minha companheira fomos humilhadas, expostas e agredidas”, disse Laina.
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