NATUREZA
Filhote encalhado em Itapuã tem poucas chances de sobrevivência
Diretor do Projeto Baleia Jubarte diz que animal depende da mãe e que é difícil reunir os dois animais
Por Bianca Carneiro
O filhote de baleia jubarte que encalhou na praia de Itapuã na manhã desta terça-feira, 1º, pode não sobreviver. Ao Portal A TARDE, Milton Marcondes, diretor de Pesquisa no Projeto Baleia Jubarte, explicou que o cetáceo é totalmente dependente da mãe e que é difícil reunir os dois animais, mesmo que o animal retorne ao mar.
>>> Baleia encalha na Bahia e parece "chorar" em vídeo
>>> Baleia Jubarte encalha na Península de Maraú, na Bahia
“O filhote é completamente dependente da mãe para proteção e para amamentação. Sem a mãe, ele não sobrevive. Então, quanto encalha um bichinho assim, às vezes, a gente pode até tentar devolver ele para água, a própria população faz isso, na esperança de que a mãe esteja ali por perto [...] Mas a mãe é muito protetora, então, para ele chegar na praia assim, é porque ele se separou dela há um bom tempo, ou por doença, ou por mau tempo”, afirma o médico veterinário.
Em meados de julho, um outro filhote encalhou na orla de Nova Viçosa, no litoral sul baiano. Para Marcondes é pouco provável que o animal encontrado em Itapuã seja o mesmo. Ele diz ainda ser difícil que ambos sobrevivam.
“Aquele de Nova Viçosa provavelmente morreu, depois de ter sido devolvido para o mar e acabou sendo comido por tubarão, ou decompõe naturalmente. Esse daí [de Itapuã] o prognóstico também não é bom. O prognóstico é de acabar morrendo. Mesmo que se devolver ele para água agora é uma chance mínima de que a mãe dele esteja por perto e encontre e a gente não tem casos conhecidos de que outra baleia com filhote adote esse filhotinho, então, acaba sendo uma situação bem complicada”, lamenta.
Desafios da sobrevivência
De acordo com Milton, recentemente, um filhote de jubarte veio a óbito devido a uma infecção umbilical, em Trancoso, também na Bahia. A equipe de especialistas que monitora a população de jubartes na região relatou que o animal foi contaminado por bactérias.
Longe do habitat natural, a sobrevivência desses cetáceos é ameaçada por diversos desafios. Milton explica que, por exemplo, a criação em cativeiro de baleias resgatadas de encalhes não é viável, principalmente, por questões biológicas.
“É uma situação complicada, até para a gente que trabalha com esses bichos. Porque não tem muito o que fazer, não é? Não dá para trazer o filhote para cativeiro e tratar dele. Ele mamaria assim uns 200 L de leite de baleia, então não teria como manter um animal desses em cativeiro para tratar. E mesmo que tivesse alimento disponível, local disponível, ele precisa aprender a migração com a mãe. Ele precisa aprender a capturar o alimento lá na Antártica e aprender a migração de volta. Então, sem a mãe por perto, você não consegue fazer isso”, diz.
Apesar disso, o veterinário comemora a quantidade de nascimentos de jubartes registrada neste ano. Estima-se que, somente neste ano, o número de nascimentos destas baleias seja em torno de 3.000 filhotes. Se houver uma mortalidade natural de aproximadamente 1 a 2%, espera-se que de 30 a 60 filhotes não sobrevivam.
De acordo com Milton, os casos de encalhe estão diretamente ligados ao aumento da população de jubartes no país. Além do filhote, em Itapuã, uma baleia juvenil foi encontrada em Maraú também na manhã desta terça-feira. Com isso, são 31 encalhes destes animais registrados até o momento, sendo oito na Bahia e dois só em agosto.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes