Homem espancado na Vitória implorou pela vida: "Vocês vão me matar" | A TARDE
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Homem espancado na Vitória implorou pela vida: "Vocês vão me matar"

"Estou fazendo isso para ele não te assaltar amanhã", teria dito um dos agressores

Publicado terça-feira, 26 de março de 2024 às 14:37 h | Atualizado em 27/03/2024, 12:29 | Autor: Daniel Genonadio
Agressões aconteceram no Corredor da Vitória
Agressões aconteceram no Corredor da Vitória -

Testemunhas que presenciaram o assassinato de Willys Santos da Conceição, que foi espancado até a morte por quatro homens, na madrugada de sábado, 23, no Corredor da Vitória, área nobre de Salvador, contaram detalhes da situação em depoimento à polícia na última segunda-feira, 25. O Portal A TARDE teve acesso ao documento, que narra os momentos das agressões e detalha as últimas palavras da vítima.

Uma testemunha ocular do delito, V., moradora de um prédio próximo ao local das agressões, informou em depoimento que foi acordada com os gritos que vinham da rua e que viu, ainda do seu apartamento, quando o espancamento foi iniciado por três homens. A depoente contou que ligou para o seu porteiro e em seguida desceu, e de dentro do prédio presenciou o momento.

De acordo com a testemunha, o homem agredido gritava: “vocês vão me matar...”, mas que isso não fez os suspeitos cessarem as agressões. Ela então ouviu uma voz feminina afirmando: “se ele é ladrão, vocês são assassinos...”. Além disso, em seguida, um quarto homem se aproximou dos agressores, conversou com eles, e chutou a cabeça da vítima na sequência. A testemunha afirmou que pediu o fim das agressões, mas um dos homens a mandou "calar a boca".

As agressões só chegaram ao fim com a chegada de policiais militares e após um tempo, um médico do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) atestou o óbito de Willys.


Uma segunda testemunha ocular, S., afirmou que também desceu para a parte térrea do seu prédio. Ela conta que em todo momento Willys pedia socorro e dizia que eles iriam lhe matar. Ela também confirmou que até o momento da chegada da viatura da Polícia Militar a vítima em momento nenhum deixou de ser agredida.

A mesma testemunha confirmou ter sido ela a declarar que “se a vítima era ladrão eles eram assassinos..". Então um dos agressores respondeu: : “Estou fazendo isso para ele não te assaltar amanhã..”.

O que dizem os acusados

Os homens suspeitos de espancarem Willys até a morte foram identificados como Lincoln Sena Pinheiro e Laércio Souza dos Santos, Marcelo da Cunha Rodrigues Machado e Sergio Ricardo Souza Menezes. Lincoln e Laércio são músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) e estavam juntos com Marcelo. Sergio Ricardo foi o quarto homem a chegar e participar das agressões.

Lincoln, Laércio e Marcelo tiveram prisões mantidas
Lincoln, Laércio e Marcelo tiveram prisões mantidas |  Foto: Reprodução | Instagram

Os suspeitos participaram de audiência de custódia na manhã de segunda-feira, 25, e a decisão foi de converter a prisão em flagrante para preventiva. Segunda a Vara de Custódia, Lincoln, Laércio, Marcelo e Sergio são réus primários e tem residência fixa, entretanto, as condições favoráveis não impedem a segregação cautelar.

No interrogatório, os suspeitos apresentaram as suas versões dos fatos e contaram que a vítima tentou furtar a corrente de ouro de Marcelo, o que ocasionou uma briga generalizada. Marcelo então tentou imobilizá-lo inicialmente com uma "gravata" e depois colocando um joelho direito em cima dele, já Laércio segurou as pernas, enquanto Lincoln pegou o telefone e ligou para a polícia.

A A TARDE, o advogado Vinicius Dantas, que defende Lincoln, Laércio e Marcelo, afirmou que seus clientes são inocentes e não agrediram a vítima. "Quando eles largaram, ele se mexia. Quando a polícia checou que ele não se mexia. Ou seja, ele não morreu durante a imobilização e sim após a imobilização", falou.

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