Promotor diz que Lucas Terra foi 'cordeiro de Deus' levado ao abate

O promotor de Justiça Davi Gallo, responsável pelo júri popular do caso Lucas Terra, descreveu como os pastores acusados pela morte do garoto agiram dentro da igreja, em crime cometido em 21 de março de 2001. O júri que acontece nesta terça-feira, 25, no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, tem como acusados Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva.

Segundo informações do promotor, Lucas Terra foi torturado, amordaçado, sofreu violência sexual e passou um dia inteiro dentro do templo, até os acusados decidirem o que fazer com o garoto, que foi colocado dentro de uma caixa de madeira e queimado vivo.

Crime planejado

Ele ainda detalhou a participação de um terceiro pastor, o Silvio Galiza, que foi acusado do crime e condenado. Galiza foi preso em 2007, mas teve pena reduzida e ganhou liberdade condicional, em 2012.

“O galiza foi o chamariz, levou o garoto [para a igreja]. [...] Na noite do dia 22 para o dia 23, eles pegaram o corpo, colocaram em um caixote. Não tiveram nem o cuidado de usar outro material [para queimar o objeto com Lucas Terra], usaram material da própria igreja. A cortina e os panfletos da igreja foram colocados no caixote. E tocaram fogo com ele vivo. É isso que o levantamento cadavérico confirma”, disse Gallo.

O promotor ainda afirma que a mudança de comportamento dos pastores, após a morte e ocultação do corpo do garoto, chamaram a atenção das pessoas que frequentavam a igreja. Os mesmos teriam tentando proibir as buscas e a menção do nome de Lucas Terra no templo.

Expectativa

No âmbito jurídico, Gallo destaca que todas as provas do caso foram corroboradas por todos os tribunais brasileiros, a exemplo do Tribunal de Justiça da Bahia, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF).

“O Silvio Galiza ficou responsável de levar a ovelha para o abate, o cordeiro de Deus. E ele [Lucas Terra] vai tirar os pecados do mundo. Eu comparo [com a passagem bíblica] , pois vi a vida daquele garoto. É o cordeiro de Deus, que vai tirar o pecado do mundo, pois um garoto como aquele não merecia a morte. Era uma criança que viveu o tempo todo para a fé”, concluiu o promotor.