Zona Azul é queixa mais frequente sobre Transalvador no Reclame Aqui

Problemas na utilização da Zona Azul estão entre as queixas mais frequentes contra a Transalvador no site Reclame Aqui, onde os registros incluem multas não baixadas, notificações não recebidas no prazo legal e outras reclamações. O serviço regulamentador do uso de vagas de estacionamento em vias da cidade é alvo ainda de uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

Prestação de serviço inadequada, violações à liberdade de escolha do consumidor e inversão do ônus da prova são alguns dos pontos destacados no resumo da Ação assinada pela promotora Joseane Suzart Lopes, no último dia 11. O documento do MP-BA cita o recebimento recorrente de representações, desde meados de 2021, relacionadas à ausência de guardadores, obrigando o pagamento por meio de aplicativos.

Conforme descrito na Ação, a promotora questiona a exigência da “posse de um aparelho de telefone celular, a disponibilidade de dados móveis, além de impor que possua cartão de crédito ou de débito para que possa efetuar a compra de créditos”. Por isso, uma das determinações, com prazo de 24 horas para cumprimento é a garantia da presença de um guardador, em tempo integral, para cada 25 vagas de Zona Azul Digital.

Guardador

No Reclame Aqui, alguns usuários questionam a cobrança do estacionamento quando não há um guardador na área, considerando a prática inadequada. Essa visão é reforçada pela promotora Joseane Suzart, que determina a suspensão de cobrança de multas por uso da Zona Azul quando não houver guardador no local, possibilitando o pagamento do serviço sem a utilização dos aplicativos.

Questionado sobre as medidas a serem adotadas a partir da Ação Civil do MP, o superintendente da Transalvador, Marcus Passos, afirmou não ter como comentar porque o órgão ainda não teria sido notificado. Sobre a gestão da Zona Azul em geral, ele defendeu a implantação dos aplicativos como resposta a uma demanda da sociedade para a oferta de novas opções de pagamento.

‘Hoje, o cidadão tem duas opções para pagar a Zona Azul: tem os prestadores de serviço que estão lá, é uma geração de emprego para pessoas carentes que estão lá trabalhando para levar o sustento para casa; e tem a opção do aplicativo, que as pessoas têm usado cada vez mais”, defende Passos.

O superintendente ressalta que o chamado guardador, ou operador de Zona Azul como o órgão prefere, não tem papel de fazer segurança do carro. “A gente não tem como expandir mais as opções de venda de crédito, então o cidadão tem que entender que quando não tem o operador, ele tem sim de usar a segunda opção (o aplicativo), que é a primeira para muitos”, argumenta.

A aplicação de multa por estacionamento irregular mesmo após o pagamento da vaga, principalmente com o guardador, mas também por aplicativo, é outro registro comum no Reclame Aqui. Segundo a Transalvador, a verificação da situação do carro é feita por um sistema informatizado de ativação de créditos, mas os motoristas devem sempre ficar atentos à placa “colocada no tíquete emitido pelos operadores ou até mesmo que tenha cadastrado no app”.

O limite entre estacionamento e parada é o ponto central de conflito para quem faz transporte de passageiros em veículos “particulares”, conforme relata Lucas Magno Assis, integrante da diretoria do Sindicato dos Motoristas de Aplicativos, Condutores de Cooperativas e Trabalhadores Terceirizados.

A partir dos relatos recebidos pela entidade, Assis aponta a rodoviária e o aeroporto como pontos mais críticos nesse aspecto. Ele defende a compreensão dos agentes de trânsito diante do embarque ou desembarque de passageiros com muita bagagem, o que frequentemente requer a saída do motorista do veículo para auxiliar o cliente. “Tem muita multa que eles colocam que o veículo estava há mais de um metro da calçada, mas como é que o cara consegue medir”, questiona.

O dirigente sindical reconhece que os associados não são isentos de erro, mas aponta a postura dos agentes durante a abordagem como um complicador na relação com o órgão municipal. Acrescentando que as tensões têm aumentado na região do ferry-boat e das lanchinhas. “A gente está buscando áreas que a gente possa embarcar e desembarcar tranquilamente, porque a intenção não é bloquear ruas, a intenção é resolver para que ninguém seja atrapalhado”, diz.

O superintendente da Transalvador afirma não haver perseguição a nenhum grupo de condutores e reforça que, em áreas com grande demanda, a parada deve durar estritamente o tempo necessário para embarque e desembarque.

“A gente tem investido em cursos de capacitação, de atualização, de como dialogar com o cidadão, que é o nosso maior cliente. Cada vez mais a gente tem investido em técnicas de atendimento, e como se comportar em um conflito”, garante. No entanto, ressalta que além de educar, o órgão também fiscaliza, e ninguém gosta de ser fiscalizado. “A gente entende que o cidadão não gosta de estar sendo chamado à atenção, e ao longo dos últimos anos estamos buscando aproximar os cidadãos e os agentes, mostrando que são importantes para a nossa cidade”, pondera.