MULHERES EM AÇÃO
Conheça mulheres que protagonizam na linha de frente militar da SSP-BA
Reportagem faz parte da série especial do Portal A TARDE que traz atuação do público feminino em vários locais
Por Leilane Teixeira
Elas realizam buscas, salvamentos, comandam tropas de operações especiais de policiamento, lidam com perseguições, tiroteios, coordenam serviço de inteligência, se expõem à riscos iminentes diariamente em prol de salvar vidas. Essa é a rotina de muitas mulheres que atuam na linha de frente da Segurança Pública da Bahia (SSP), seja no Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) ou na Polícia Militar do estado.
Apesar de estarem expostas da mesma maneira que os homens, o público feminino que atua na linha de frente ainda escuta frases que tentam dimunuí-las ou coloca-las como "sexo frágil".
"Entrei no CMBA em 2018 e já no Curso de Formação de Bombeiros eu me apaixonei pela atividade operacional, principalmente a área relacionada a busca e salvamento, que envolve retirar pessoas, animais e bens de situação de risco a vida. No entanto, por eu ser mulher, baixinha e magrinha, as pessoas tendem, a primeira vista, me achar incapaz de realizar algumas atividades que, para elas, são de homens grandes e fortes. Com isso, quando chego em ocorrências, onde carrego e opero equipamentos pesados ou pratico resgates que envolvem altura e espaços confinados, eu termino por mudar a opinião dessas pessoas que a primeira vista me julgam", conta a bombeira militar Lorene Prado em entrevista ao Portal A TARDE.
Lorene tem 33 anos, é mãe de um bebê de 1 ano e 2 meses e atua no 3° Batalhão localizado na região do Iguatemi, em Salvador. Ela conta ainda que apesar do percalços e dificuldades na trejetória, o reconhecimento veio após a busca por especialização.
"O maior desafio foi buscar o reconhecimento e me firmar dentro de uma guarnição de busca e salvamento. Como havia dito, desde o curso de formação de bombeiros que me identifiquei com a atividade, já que nela realizamos salvamentos em altura, salvamentos terrestes em estruturas colapsadas e em espaços confinados, entre outras coisas. Mas, quando chegamos ao batalhão recém formados, temos que passar por todas as guarnições operacionais para adquirir experiência. Porém, para conseguir ficar fixo em uma guarnição, principalmente de ABS (Auto Busca e Salvamento), era preciso não apenas ter afinidade com a atividade, mas também buscar se especializar na área".
Atualmente, o CMBA possui 767 mulheres na corporação. No Brasil, elas representam 14% do total bombeiros militares, segundo uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A pesquisa mostra ainda que a corporação em que as mulheres estão menos representadas é a Polícia Militar.
A tenente da PMBA Adriana Meirelles, tem contribuído para tentar reformular as estatísticas de minoria na Polícia Militar da Bahia. Há quase 28 anos na instituição, ela é a primeira mulher que subiu de patente para tenente. "Entrei como soldado em setembro de 1996, em 1998 fiz o concurso para sargento e formei em 2001. Fui promovida a Sub Tenente em 2016 e aprovada no concurso de Oficial Auxiliar (CFOA) em 2018, o qual formei a Oficial 2019", contou em entrevista ao Portal A TARDE.
De lá para cá, Adriana fez um pouco de tudo dentro da corporação: trabalhou em uma especializada de moto-patrulhamento no Esquadrão Águia, sendo a única mulher no grupo; foi motorista e comandante de rádio patrulhamento na 58 CIPM; e em 2004, ainda teve uma passagem pelo Corpo de Bombeiros. Além disso, esteve na linha de frente em operações policiais.
"Já me deparei com situações de necessidade de perseguição, de trocar tiro, diversas situações. Tem dias que eu pego o serviço seis horas da manhã e só vou largar 22h00. A gente monta o policiamento, a gente fiscaliza, a gente acompanha... Eu estou na área o tempo todo". Mesmo ativa e demonstrando competência, alguns olhares duvidam da capacidade da tenente. Situação que ela prefere responder com o próprio trabalho e diálogos.
"Hoje eu estou no Batalhão de Pronto Emprego Operacional (BPEO) e desempenho o serviço operacional com motocicletas, coordenando um grupo de motociclistas militares, serviço pouco empenhado por mulheres. Há estranheza de outras pessoas inicialmente, no contato visual, por eu ser uma mulher. Mas quando inicia um diálogo ou algum procedimento, a outra parte percebe a experiência. São tantas dificuldade e desafios que todo polical passa diariamente, principalmente mulheres. Tenho algumas frustrações por não me sentir reconhecida profissionalmente em alguns momentos, mas outros desafios eu já consegui superar".
Para as mulheres que desejam seguir na linha de frente dentro da área de Segurança Pública ou até mesmo em outro setor, Lorene e Adriana deixam a mesma mensagem: nunca desistir dos seus sonhos. "Se você possui um sonho lute para realizá-lo, você é a única pessoa capaz de mudar sua própria história. As dificuldades existem, como em toda profissão, mas vence quem realmente não esmorece diante delas. Então, se você deseja ser uma militar ou exercer alguma profissão tipicamente masculina, busque com determinação, porque certamente a vitória chegará. E lembre-se, não acredite em quem não acredita em você!".
Série de reportagens
Essa foi a última matéria do mês que faz parte do projeto especial do Portal A TARDE "Mulheres em Ação".
Seja em papel de liderança, nos canteiros de obras, no volante, na linha de frente da segurança pública, ou em qualquer lugar, o portal reforça que as mulheres podem estar aonde elas quiserem.
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