BAHIA
Conheça Pêra-manca, vinho que baianos pagaram R$ 3 mil por engano
Quase milenar, iguaria era apreciada por Pedro Álvares Cabral
Por Da Redação
O alto valor pago por Thalyta Figueiredo, seu namorado e um casal de amigos durante um jantar no restaurante Mistura, em Salvador, tem justificativa: Pêra-manca é um dos vinhos mais tradicionais do mundo. Produzido em Portugal, o rótulo conta uma história de quase mil anos e foi oferecido aos indígenas por Pedro Álvares Cabral.
Produzido na região do Alentejo pela Adega Cartuxa, o vinho teve a primeira garrafa bebida por volta de 1365. Já o nome vem do local onde era plantado, coberto de pedras soltas - pedra manca.
Tempo depois, o vinho tornou-se o favorito da côrte portuguesa. Pedro Álvares Cabral transportava algumas unidades da iguaria quando aportou na Bahia em 1500, oferecendo-o a indígenas.
“Essa história está documentada em carta de Pero Vaz de Caminha ao rei. No primeiro contato, o Pêra-Manca foi uma das oferendas. Por isso, o vinho ganhou um certo misticismo com o consumidor do Brasil”, diz Teixeira, em entrevista ao g1, da Cartuxa.
No século 19 o vinho voltou a ser produzido, mas com uma complexidade maior. Só que uma praga interrompeu a produção do rótulo.
Só em 1987, o herdeiro da família, José António de Oliveira Soares, ofereceu o nome à Fundação Eugénio de Almeida, que passou a utilizá-lo para seu vinho de maior qualidade.
Mais acessível
O vinho branco consumido pelos baianos, da safra 2019, que custou R$ 1500 é um dos mais "acessíveis" do rol da Pêra-manca. Os mais caros e desejados são tintos, que chegam a custar R$ 10 mil.
Os brancos são feitos de uvas selecionadas dentre as melhores produzidas pela vinícola das castas Antão Vaz e Arinto e colhidas entre os vinhedos mais antigos. São plantas que têm produção mais limitada, que deixam os frutos mais ricos e dão vinhos melhores.
“A Arinto tem a função de dar mais frescor, enquanto a Antão Vaz traz aroma, sabor e estrutura. É um vinho muito gastronômico, com sedosidade incrível, com notas florais e de frutas tropicais”, explicou Teixeira ao g1.
Ao ano, são cerca de 80 mil garrafas produzidas, uma tiragem baixa para a demanda. O preço de uma garrafa custa a partir de R$ 800 no Brasil. Os amigos pagaram quase o dobro pela margem de lucro do restaurante.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes