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CHAPADA DIAMANTINA

Da fazenda à xícara, Igaraçu revela segredo por trás dos cafés especiais

No Dia Internacional do Café, o portal faz uma imersão no processo do grão premiado, revelando o papel da Indicação Geográfica e a luta pela qualidade

Brenda Lua Ferreira

Por Brenda Lua Ferreira

01/10/2025 - 7:00 h
O solo e o clima da Chapada Diamantina conferem a singularidade atestada pela Indicação Geográfica (IG)
O solo e o clima da Chapada Diamantina conferem a singularidade atestada pela Indicação Geográfica (IG) -

A Chapada Diamantina está consolidando sua posição como destino de excelência em turismo rural, e o portal A TARDE explorou os novos roteiros turísticos que fazem parte das Rotas Especiais da Chapada, caminhos que foram lançados durante a RuralTur, em Mucugê.

Seguindo esse percurso de descobertas, passando entre plantações, fabricação de embutidos e cultivo de abelhas, conforme a primeira matéria desta série especial, a próxima parada foi no Agrocafé Igaraçu, uma fazenda localizada na divisa entre Mucugê e Ibicoara, que oferece uma imersão completa no universo dos cafés especiais, com seus "grãos premiados", mostrando como a dedicação no campo se traduz em um produto premiado e reconhecido mundialmente. No dia Internacional do Café, o portal A TARDE te leva até o cantinho da fazenda.

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Na propriedade, o visitante é recebido por Tadeane Matos – agrônoma, pós-graduada em café e presidente da Associação dos Cafeicultores da Chapada Diamantina. Ela guia a experiência, detalhando o rigoroso processo que eleva o grão baiano à categoria specialty.

A visita é uma aula prática sobre a importância do selo de Indicação Geográfica (IG), que atesta a singularidade dos cafés da Chapada, e revela os desafios da mão de obra qualificada em uma região que produz cafés que já conquistaram o 2º lugar em concursos locais e venceram competições internacionais como o Cup of Excellence.

Por que Agrocafé?

A história do Agrocafé Igaraçu começa em 2018, mas suas raízes são mais profundas, vindo de uma família de cafeicultores, passando por bisa e avô de Tadeane. Localizada em uma área que, historicamente, pertencia ao distrito de Igaraçu (hoje Ibicoara e que fazia parte de Mucugê), a fazenda se tornou um ponto de excelência na produção de cafés especiais. A escolha do nome "Agrocafé" não é mero acaso.

A agrônoma e presidente da associação, Tadeane Matos, guia a imersão no Agrocafé Igaraçu
A agrônoma e presidente da associação, Tadeane Matos, guia a imersão no Agrocafé Igaraçu | Foto: Brenda Lua Ferreira/AG. A TARDE

“Esse nome agro para mim é muito forte porque eu sou agrônoma, então facilitou e ‘café Igaraçu’, porque café é o que eu vivo, né? E Igaraçu há 63 anos fazia parte de Mucugê e chamava ‘distrito Igaraçu’”, descreve Tadeane, ao explicar a origem do nome da propriedade.

O segredo do café especial: do pé à xícara

A visita ao Agrocafé Igaraçu se pauta em um princípio: qualidade acima de quantidade. Tadeane Matos conduz demonstrações, como a do grão antes de torrar e o processo de moagem, permitindo que os visitantes observem o cuidado minucioso em cada etapa.

"O café especial é esse cuidado que você tem desde o pé de planta, de você amar o que tá fazendo, você cuidar dele com amor e saber que tá transferindo pro outro algo de boa qualidade. O café tradicional, por outro lado, é um café que as pessoas não se preocupam tanto com a qualidade, apenas em produzir e vender", aponta a agrônoma.

A diferença está no processo de seleção e tratamento dos grãos, que Tadeane explica e demonstra. "Você seleciona os grãos desde o pezinho, desde a hora da colheita ali, grão por grão, madurinho por madurinho. Depois, vem a parte da secagem, classificação e torra, até chegar na xícara. Esse cuidado desde o pé da planta é o grande diferencial do café especial, porque a gente cuida desde sempre, desde o pé até a xícara", complementa.

Desafios da produção e mão de obra

Apesar da excelência do produto, a cafeicultura na Chapada Diamantina enfrenta desafios, especialmente na área de mão de obra. A busca por qualidade, que exige um trabalho mais dedicado e meticuloso, tem sido um obstáculo.

"É colocar na cabeça dos jovens, nas pessoas, nas novas gerações que você tem que produzir uma coisa de qualidade, e essa coisa tem que ter trabalho de verdade. E é por isso que eles acabam fugindo. Além disso, também tem outro ambiente aqui na região que são as grandes fazendas, né? Que também necessitam muito de mão de obra e acaba também indo para essas fazendas trabalharem”, conta Tadeane.

Essa dificuldade, muitas vezes, leva à necessidade de buscar trabalhadores de outros municípios, um desafio que Tadeane lamenta, pois a intenção da fazenda é sempre valorizar a mão de obra local.

Café premiado e a força da Indicação Geográfica (IG)

O trabalho de excelência do Agrocafé Igaraçu já rendeu frutos: em outubro de 2022, a fazenda foi premiada com o 2º lugar na categoria Café Natural em um concurso de qualidade promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), envolvendo os municípios de Mucugê, Ibicoara e Barra da Estiva.

Além do prêmio local, o café da Chapada Diamantina é reconhecido internacionalmente. A região é berço de grãos que venceram competições de prestígio, como o caso de um café de Piatã que, em 2022, sagrou-se campeão do Cup of Excellence, um dos principais concursos globais.

É na secagem, com supervisão minuciosa, que os grãos do Agrocafé Igaraçu ganham o sabor e o aroma
É na secagem, com supervisão minuciosa, que os grãos do Agrocafé Igaraçu ganham o sabor e o aroma | Foto: Brenda Lua Ferreira/AG. A TARDE

A valorização desse produto único é reforçada pela Indicação Geográfica (IG), um selo de reconhecimento de propriedade intelectual que liga a qualidade, reputação e características de um produto à sua origem geográfica e ao saber-fazer local. Quase todo o território da Chapada possui este selo.

"Com a IG, nós conseguimos a Aliança dos Cafeicultores, que está representando 24 municípios de todo o território da Chapada Diamantina. No ano passado, em 2024, recebemos o selo de certificação. Porque esse selo é mostrando para o mundo que os cafés da Chapada Diamantina são únicos no mundo”.

A IG, segundo Tadeane, não apenas agrega valor no mercado, mas também inspira os produtores locais: "Através deste selo, a gente vai mostrar para o nosso próprio povo, nosso próprio produtor de café, que ele produz um café de excelência”.

Como visitar o Agrocafé Igaraçu

Para quem deseja vivenciar essa imersão, o Agrocafé Igaraçu oferece visitas guiadas de até duas horas, que culminam com uma deliciosa degustação de café preparada pela própria Tadeane Matos.

Os valores variam entre R$35 e R$100 por pessoa, dependendo do tamanho do grupo. Quanto menor o grupo, mais exclusivo e, consequentemente, mais elevado o valor por visitante.

Excelência e paisagem: a fazenda Agrocafé Igaraçu produz o grão premiado
Excelência e paisagem: a fazenda Agrocafé Igaraçu produz o grão premiado | Foto: Brenda Lua Ferreira/AG. A TARDE

A próxima matéria vai mergulhar diretamente nos sítios do Galera e Frutas Vermelhas, especializadas em cultivos de mirtilo, framboesa, morango e amora, além de jardim sensorial de ervas finas. Será possível entender o processo de plantação, até a finalização, além de conhecer as histórias e tradição dos dois sítios mais renomados da Chapada Diamantina.

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Tags:

Agrocafé Igaraçu Bahia Café Especial cafeicultura chapada diamantina Cup of Excellence. Ibicoara Indicação Geográfica (IG) mucugê RuralTur turismo rural

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