PIONEIRISMO
Ela tinha expectativa de viver 2 meses, hoje, aos 37, lidera startup inovadora
Baiana nasceu com uma doença conhecida como "ossos de vidro" e é co-fundadora de uma empresa de inclusão
Baiana e co-fundadora de uma startup de impacto social que atua na inclusão de pessoas com deficiência (PcDs) no mercado de trabalho: esta é, em poucas palavras, Amanda Brito Orleans. A empresária também foi responsável por lançar a primeira plataforma do Brasil que avalia as empresas quanto a gestão do processo de inclusão de PcDs e a primeira pessoa com deficiência a participar do Shark Tank Brasil, reality pioneiro de empreendedorismo no país.
A empreendedora nasceu com osteogênese imperfeita, uma condição rara popularmente conhecida como "ossos de vidro". A doença causa a formação anormal dos ossos, tornando-os frágeis e propensos a quebrar facilmente.
Para ter uma noção do impacto da condição na vida de Amanda, o seu primeiro desafio foi já durante o parto, quando ela sofreu duas fraturas: uma da perna esquerda e outra na clavícula. Isso fez com que médicos lhe dessem expectativa de vida de apenas 2 meses. O que não esperavam era que hoje, com 37 anos, Amanda estaria diante de ‘sharks’ apresentando uma virada de chave de inclusão para empresas.
Amanda sofreu outras fraturas durante a infância e adolescência, que só se estabilizaram na fase adulta. Isso afetou negativamente o seu desenvolvimento físico e a sua possibilidade de andar, mas isso não foi impeditivo para que ela se destacasse na causa PcD.
Médicos lhe deram expectativa de vida de apenas 2 meses
Com o lema de “fazer parte da última geração das primeiras”, Amanda nasceu em Feira de Santana, a cerca de 100 km da capital baiana. Ela também é cidadã catuense, cidade da região metropolitana que exibiu com orgulho um outdoor na praça principal em sua homenagem.
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Antes de usar a tecnologia para melhorar a ligação entre as empresas e pessoas com deficiência, em 2021, Amanda deu início a uma empresa em serviços de recrutamento e seleção de profissionais com deficiência e especializada em educação corporativa em 2015: o Instituto AB.
No Brasil existem 18 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, destas, apenas 441 mil estão inseridas no mercado de trabalho. Ao lado do seu marido e sócio, Amanda decidiu ampliar esse propósito com objetivo de oferecer diversidade como um fator estratégico para as empresas que desejam monitorar indicadores do seu processo de inclusão.
“Começamos a desenvolver soluções utilizando tecnologia. Então, para escalar o nosso negócio e expandir o nosso impacto, a gente reposicionou o nosso negócio e saímos do formato de consultoria tradicional. No ano passado lançamos a primeira plataforma do Brasil de gestão do processo de inclusão de pessoas com deficiência”, explica Amanda Brito.
Inovação
A startup funciona como uma plataforma de monitoramento e diagnóstico da empresa no processo de inclusão através de vagas específicas para pessoas com deficiência. Através da contratação por meio da empresa, pessoas com deficiência as avaliam, anonimamente, de forma que a companhia analise os dados e adeque e qualifique os serviços oferecidos pela comunidade PcD.
Qualquer pessoa com deficiência pode acessar a plataforma através do site do Instituto AB. Para que isso seja possível, o avaliador precisa incluir o laudo comprovador da deficiência no cadastro para evitar distorções. Além disso, é possível verificar as avaliações de outras empresas na plataforma.
“Isso permite dar protagonismo às pessoas com deficiência de forma que tomem melhores decisões na carreira, a partir de análises dessas avaliações. Não temos no Brasil nenhuma outra ferramenta que possibilite que as pessoas com deficiência possam trocar experiências e somos pioneiros em uma solução como esta e por outro lado, também pioneiros em soluções para empresas que desejam monitorar o seu desempenho nos indicadores que compõem a avaliação”, completa.
Por meio da plataforma, a empresa consegue ver a nota global em cada tópico avaliado e a partir dessa análise é possível priorizar a melhoria na acessibilidade arquitetônica, na capacitação dos gestores para a promoção de inclusão de pessoas com deficiência, entre outros pontos.
O projeto está em fase de validação de MVP, ou seja, de Produto Mínimo Viável em tradução para o português. Esta é uma estratégia de desenvolvimento de produtos que consiste em criar uma versão inicial e simplificada de um produto, com apenas as funcionalidades essenciais para funcionar antes de ser lançado ao mercado. O projeto se encaixou em todos os eixos: plataforma, educação corporativa, recrutamento e seleção.
A plataforma, que já atendeu mais de 30 organizações no Brasil, também permite que as pessoas com deficiência cadastradas sejam incluídas no banco de talentos e a comunicação entre PcDs e as empresas seja mais facilitada em processos seletivos abertos e cursos de capacitação. Atualmente, a empresa gerencia um banco de talentos com mais de 260 mil currículos de pessoas com deficiência de todo o Brasil
Em 2023, a empresa de Amanda faturou R$ 260 mil através de serviços B2B. Após a sua participação do programa Shark Tank Brasil oferecendo R$ 21 por 1% da empresa, Amanda conseguiu o aceite da oferta por Sergio Zimerman, Carol Paiffer e Carlos Semenzatode de R$ 63 por 3%. Em seguida, a proposta de Monique Evelle de R$ 400 mil por 5% da empresa e de Caito Maia da doação de R$ 100 mil de doações e serviços de consultoria de suas empresas.
Em 2023, a empresa de Amanda faturou R$ 260 mil através de serviços B2B
“Vamos seguir com todos os investimentos oferecidos. Os cinco aceitaram os R$ 21 por 1% e Monique fez uma proposta que surpreendeu a gente, porque a gente foi buscar o Smart Money, que é acesso ao ‘know-how’ deles, ou seja, a rede de potenciais clientes que eles poderiam apresentar para a gente. Monique ofereceu 400 mil por 5% e a gente vai seguir com esse investimento com ela”, disse.
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