BAHIA
Entenda os motivos que fizeram Lauro de Freitas separar de Salvador
Cidade comemorou 62 anos nesta quarta-feira
Por Gabriel Moura
É difícil saber onde termina Salvador e começa Lauro de Freitas, e vice-versa. Assim como é difícil para um leigo descrever as diferenças culturais entre as cidades. Mas é facil entender as razões que fizeram as irmãs siamesas separarem-se e tornarem uma mera conurbação.
A emancipação laurofreitense comemorou 62 anos nesta quarta-feira, 31. A separação ocorreu pois, se hoje Lauro é 'logo ali', em 1962 o então distrito de Santo Amaro do Ipitanga não só era muito afastado do centro, como considerado 'abandonado' por sua população.
"Os residentes tinham essa demanda, pois acreditavam que tornar-se cidade faria a região avançar, ter progresso e desenvolvimento com políticas públicas mais voltadas para o local, especialmente nas áreas de saúde, educação e infraestrutura", conta o historiador Tassio Revelat.
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Apesar da ambição e esperança, a sonhada mudança não desembarcou de cara. A recém-criada cidade manteve o aspecto provinciado, um povoado bastante rural e usado como caminho por quem viajava de Salvador e as capitais do Nordeste.
Só na década de 70, com a criação da Avenida Paralela, que Lauro se desenvolveu, tanto no centro quando na região litorânea, especialmente Vilas do Atlântico, que transformou-se em disputado destino de veraneio.
"Hoje Lauro de Freitas é uma das cidades mais ricas da Bahia, com a maior densidade demográfica. Temos a Estrada do Coco cada vez mais rica, um polo gastronômico em Vilas do Atlântico, somos a porta de entrada da Costa dos Coqueiros, uma importante zona turística da nossa cidade, o início do Litoral Norte", exalta.
Origem do nome de Lauro de Freitas
A história de Lauro de Freitas é pequena, mas o povoamento do território é ancestral. Desde antes dos portugueses desembarcarem em Porto Seguro, indígenas ocupavam o local, chamando por eles de Ipitanga, que significa 'águas vermelhas' em Tupi.
Quando os brancos aportaram na região, fizeram questão de impor o catolicismo não apenas aos indígenas, mas ao próprio nome da região, adicionando o Santo Amaro.
Em 1962, os residentes almejavam que o nome Santo Amaro do Ipitanga fosse mantido, mas os políticos, especialmente o vereador Paulo Moreira de Souza, tinha uma ideia diferente.
Ele sugeriu homenagear o também político Lauro Farani Pedreira de Freitas, morto numa queda de avião em 1950, para nomear, ironicamente, a cidade que clama a posse do maior aeroporto da Bahia.
Lauro de Freitas era um deputado federal notável, tanto que estava em capanha ao governo da Bahia quando morreu. A birra da população de Santo Amaro do Ipitanga se dava ao fato de que ele jamais pusera os pés na região.
"Era uma mania da época de colocar nome de político em todas as cidades. Mas ele não tinha nenhuma ligação com a região, tanto que os mais antigos seguem apegados ao nome de Santo Amaro do Ipitanga", conta o pesquisador Gildasio Freitas.
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