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Expande Capão: regulação da Cannabis marca o segundo dia

Evento aprofunda discussões sobre mídia, estigma, regulação e a presença dos saberes tradicionais na psicodelia brasileira

Isabela Cardoso

Por Isabela Cardoso

22/11/2025 - 11:32 h | Atualizada em 22/11/2025 - 11:55
Debates no Expande Capão
Debates no Expande Capão -

O segundo dia de programação do Expande Capão movimentou o Vale do Capão nesta sexta-feira, 21, reunindo pesquisadores, comunicadores, médicos, lideranças tradicionais e ativistas em três mesas que aprofundaram debates sobre psicodelia, políticas públicas e epistemologias brasileiras.

Em meio ao cenário natural da Chapada Diamantina, os encontros reforçaram o propósito do festival: aproximar saberes, qualificar diálogos e fortalecer a circulação de conhecimentos de forma ética e responsável.

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O público acompanhou discussões que foram do papel da mídia nas pautas psicodélicas à necessidade de uma regulação mais justa da cannabis no Brasil, além de reflexões sobre a contribuição dos povos originários e da ciência contemporânea para o entendimento da consciência.

Comunicação psicodélica e o desafio de furar a bolha

Abrindo a programação do dia, a mesa “Comunicação psicodélica: como furar a bolha” reuniu profissionais que vêm atuando na tradução de temas complexos para o grande público. O debate buscou responder como estratégias narrativas e midiáticas podem romper cercas simbólicas e ampliar a compreensão social sobre psicodelia.

Participaram da mesa:

  • Tábata Gerk
  • Iago Lobo
  • Caroline Apple
  • Mediação: Diogo Busse

A jornalista e colunista de Psicodelia Brasileira, Caroline Apple, enfatiza a responsabilidade de quem fala sobre psicodelia, especialmente nas redes sociais.

Debates no Expande Capão
Debates no Expande Capão | Foto: Isabela Cadorso / AG. A TARDE

“É fazer essa convocação mesmo para as pessoas e para que elas entendam que elas também são comunicadoras (...). Estar muito alinhado com as pautas faz com que a gente ajude a construir novas narrativas que destruam tabus (...). Buscar novas formas de estar na vida junto aos povos originários é realmente um privilégio (...). Vamos ouvi-los e vamos juntos nessa comunicação chamada de psicodélica, mas que na verdade a gente vai diferenciar entre uma comunicação psicodélica através dos sintéticos e uma comunicação de bioculturas através das culturas que nascem das plantas mestras”, pontuou.

A psicoterapeuta e cofundadora da rede latina Hijas del Sur, Tábata Gerk, reforça que a comunicação depende de responsabilidade e alinhamento ético.

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“A importância de unir nossas vozes e falar nessa mesa hoje foi conscientizar o público que consome e busca conhecimento na internet (...). Entender como comunicar, para quem comunicar e por que comunicar e, principalmente, manter essa comunicação respeitosa com os povos originários, porque estamos falando de bioculturas e não de psicodélicos.”

O psicólogo e redutor de danos Iago Lobo, fundador do Micélio de Notícias, aborda as tensões presentes no campo psicodélico e a comunicação como espaço de debate.

“O Micélio se propõe a popularizar o conhecimento da ciência psicodélica, mas também construir um espaço público onde o tema possa ser debatido. (...) O campo psicodélico não é homogêneo. A comunicação, enquanto ponte, também é tensionada. O desafio é fazer diferentes grupos conviverem, buscando respeito e harmonia, mesmo sem consenso”, comentou.

Cannabis, linguagem e os entraves de uma regulação ainda marcada pelo estigma

Logo depois, o debate “Cannabis ou maconha? O estigma como obstáculo para uma regulação eficiente” ampliou a discussão para o campo das políticas públicas, enfatizando que as palavras moldam percepções e influenciam decisões institucionais.

Participaram da mesa:

  • Dra. Mariane Ventura
  • Leandro Stelitano
  • Diogo Busse
  • Mediação: Diogo Busse

A médica Mariane Ventura, especialista em cannabis medicinal, contextualiza a discussão dentro de um recorte histórico e político mais amplo, ressaltando a necessidade de evitar divisões artificiais no debate.

“A história que a gente tem que resgatar, tem que ter em mente até para pensar nos caminhos futuros em relação a esses avanços que a gente vê cada dia mais na legislação, tanto, na verdade, de certa forma, buscando inclusive uma união das pautas, não ter essa fragmentação do medicinal e do dito uso, o usador, o requerimento. Criativo os vários nomes que recebem. Então é um tema super atual porque dialoga sobre saúde sobre política social e segurança pública, então fala diretamente o nosso território Bahia e Brasil”.

O fundador e presidente da Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal (CANNAB), Leandro Stelitano, destaca a importância de eventos como o Expande Capão para avançar no combate à desinformação.

“Vejo que o Expande Capão é um evento de excelência. É muito importante vir a um território e desmistificar o preconceito com informação de qualidade. (...) Hoje só tem acesso à cannabis quem tem poder aquisitivo, porque os óleos são caríssimos. (...) A Anvisa vai regulamentar o cultivo no dia 31 de março, e isso pode marcar uma nova fase da cannabis terapêutica no Brasil”, comentou.

Psicodelia brasileira: quando ciência e ancestralidade conversam

Fechando o dia, a mesa “Psicodelia brasileira: tradição, ciência e oportunidade” trouxe uma conversa marcada pela pluralidade de saberes. Neurocientistas, lideranças indígenas e pesquisadores debateram o papel do Brasil como território onde diferentes epistemologias se encontram, das práticas tradicionais de povos originários ao avanço das pesquisas acadêmicas.

Participaram da mesa:

  • Daiara Tukano (Artista, mestre em direitos humanos pela Universidade de Brasília (UnB) e cofundadora da Conferência Indígena da Ayahuasca)
  • Dráulio Barros de Araujo (Neurocientista pioneiro no Brasil em estudos com Ayahuasca e DMT)
  • Adana Kambeba (Primeira médica do seu povo no Brasil, que une a Medicina Tradicional Indígena e a científica)
  • Fernanda Palhano (Neurocientista e pesquisadora do Instituto do Cérebro (UFRN)
  • Mediação: Glauber Loures (Doutor em Sociologia (UFMG) e fundador da igreja do Santo Daime Céu da Divina Estrela)

Vale do Capão como território de consciência

Com curadoria de Marco Algorta e Diogo Busse, o Expande Capão inaugura sua primeira edição como um espaço vivo de diálogo entre neurociência, cultura, política, espiritualidade e práticas de cura.

Entre o céu estrelado, a força da Chapada e a presença de especialistas renomados, o primeiro dia reforçou o compromisso do evento em promover debates qualificados, gratuitos e abertos para toda a comunidade, fortalecendo o Vale como polo de conhecimento, educação, turismo sustentável e integração cultural.

A programação do Expande Capão acontece de forma paralela ao tradicional Capão in Blues, que movimenta o feriado da Consciência Negra no vale. Os debates e mesas acontecem no turno da tarde, enquanto os shows do festival ocupam a noite, criando uma experiência inédita que combina conhecimento, arte e celebração.

Sobre o Expande Capão

O Expande Capão é uma realização da Viramundo Produções, com patrocínio da aLeda. O encontro reúne 18 especialistas em oito mesas temáticas, promovendo reflexões sobre saúde mental, enteógenos, espiritualidade, ética, neurociência e ancestralidade, com foco na construção de caminhos seguros, inclusivos e integrados.

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