Ferbasa descumpre decisão judicial

A decisão judicial proferida pela Vara Cível de Pojuca, no último dia 23 de novembro, ainda não foi cumprida pela FERBASA e pela Fundação José Carvalho, conforme apuração exclusiva feita pela reportagem de A TARDE.

Quem acompanha o caso relata que a Companhia de Ferro Ligas da Bahia tenta desesperadamente obstar a entrega dos documentos, inclusive os contábeis, determinada pelo juiz André de Souza Dantas Vieira.

A postura surpreende a todos, pois as empresas até então gozavam de prestígio e respeito local.

Desde que passou a acompanhar o caso, vários relatos não param de chegar na reportagem. Já na manhã desta sexta-feira, A TARDE recebeu informação de que o arquivo em que os prepostos da Fundação indicaram como sendo o local de guarda dos documentos estava em situação deplorável. As fotos são chocantes.

Documentos são armazenados sem qualquer organização

“Ou a Fundação tem outro local onde escondeu a documentação para descumprir a decisão judicial ou é caso de intervenção imediata das autoridades, ante a baderna ali instalada”, relatou o advogado que vem atuando em caráter consultivo na causa. Em qualquer hipótese, o fato é estarrecedor e põe em xeque a administração atual da Fundação.

Ferbasa tenta reverter busca e apreensão e sofre nova derrota | A TARDE

A Fundação apresentou ainda um pendrive alegando que ali constariam gravadas algumas informações requeridas, recusando-se a abrir o seu conteúdo de imediato. Após isso constatou-se que o referido dispositivo continha poucos arquivos, cujo acesso foi condicionado a apresentação de uma senha que não foi fornecida.

José Carvalho e sua Fundação eram orgulhos da Bahia.

Quem conheceu o instituidor da Fundação diz que ele não toleraria desrespeito e descumprimento de decisão judicial e muito menos baderna em seus arquivos. A Fundação José Carvalho, entretanto, parece ter se esquecido de seus princípios.

De acordo com documentos obtidos, em tentativa infrutífera no cumprimento de mandado de busca e apreensão, realizada ontem na sede da FERBASA em Pojuca, o oficial de justiça foi informado que nada era guardado no local, o que surpreendeu a todos. O preposto da FERBASA e advogado Geraldo Ramos apresentou milhares de caixas de documentos que não tinham qualquer relação com o caso.

Os advogados consultados sobre o caso dizem que isso seria uma estratégia orquestrada pela Fundação e pela FERBASA para ganhar tempo e não entregar as informações solicitadas. “Tentam desesperadamente, mais uma vez, reverter a decisão por meio de pedido de atribuição de efeito suspensivo a apelação nº. 8049046-35.2022.8.05.0000”. A medida judicial foi direcionada ao desembargador Lidivaldo Reaiche Brito, conforme consulta ao site do Tribunal de Justiça do estado.

O pedido de efeito suspensivo foi encaminhado pelo desembargador Lidivaldo Brito para o desembargador Manuel Bahia, que já vinha acompanhando outro incidente relativo ao litígio entre o herdeiro e a Ferbasa.

Ao invés de cumprir a determinação do juiz André de Souza Dantas Vieira, que tem se mostrado cauteloso, porém rígido na sua postura, as empresas rés parecem confiar que o Tribunal de Justiça da Bahia lhes socorrerá com brevidade. Parecem desconhecer que o Poder Judiciário não tolera descumprimento de suas decisões e não admite ser usado para fins inconfessáveis. Especialistas ouvidos por A TARDE se surpreenderam com o caso, e afirmam que nada justifica a resistência em prestar informações para a justiça, ainda mais quando se trata de uma empresa que vale bilhões de reais e possui capital aberto e papéis negociados na B3 (bolsa de valores). A TARDE segue apurando todo o caso