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MANEJO INTELIGENTE

O ouro branco do oeste baiano e a tecnologia que o salva

Cenário é positivo para a safra 2025 do algodão no oeste da Bahia

Rodrigo Tardio

Por Rodrigo Tardio

26/09/2025 - 19:00 h
Imagem ilustrativa da imagem O ouro branco do oeste baiano e a tecnologia que o salva
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Quando a colheita do algodão do oeste baiano terminar, o pensamento já se direciona à próxima safra. E é aí que entra o chamado "vazio sanitário do algodão", período obrigatório, no qual não há a presença de plantas de algodão no campo. O período dura entre 60 a 90 dias, com o objetivo de controlar o bicudo-do-algodoeiro, além de outras pragas e doenças, para impedir a proliferação no período da entressafra.

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Em meio aos cuidados com a plantação, outra preocupação é quanto às pragas, e a principal delas na cotonicultura brasileira, que é o Bicudo-do-algodoeiro, que costuma atacar as flores e botões florais da planta, causando queda das flores e a formação de cápsulas mal desenvolvidas, reduzindo a produtividade e a qualidade da fibra.

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O vazio sanitário do algodão requer a destruição completa dos restos culturais e plantas voluntárias, como as soqueiras e tigueras, o qual conta com um calendário específico por estado para que se garanta a sustentabilidade da cultura.

Neste ano de 2025 houve um impacto na produtividade devido ao período de seca em março
Neste ano de 2025 houve um impacto na produtividade devido ao período de seca em março | Foto: Divulgação

Controle inteligente garante mais produtividade

Principal estratégia para cessar o ciclo de vida da praga, o vazio sanitário impede a reprodução dos insetos, sem que encontrem alimento. Ao eliminar a fonte de comida, esse período sem plantas de algodão obriga os insetos a morrerem sem uma multiplicação. A medida contribui para a evolução da produção do algodão, o que reduz perdas e uso de defensivos.

A gente usa o armadilhamento para identificar a presença ou não da praga e qual local está vindo e também os tubos mata bicudos, que tem inseticidas e feromônios para atrair a praga que sobrou.
Carlos Bergamaschi - produtor de algodão e ex-presidente da Abapa

"A partir disso fazemos adubações com as taxas variáveis para fertilizar o solo. Aplica-se mais onde tem maior necessidade e menos onde tem baixa necessidade, completa Bergamaschi.

Lei e rotação de culturas para a saúde da lavoura

É um tempo em que a área cultivada não pode ter nenhuma planta viva de algodão, nem as de safra anterior, nem as plantas voluntárias que nascem espontaneamente. O algodão é cultivado em rotação com a soja e o milho, sendo uma alternativa às duas culturas.

Com o início da colheita do algodão, os produtores também iniciam a destruição das soqueiras, que são as plantas que restam após a colheita, bem como os restos culturais (restos da planta) para eliminar as pragas que possam estar nelas, etapa essencial para a sanidade das lavouras.

A destruição das soqueiras pode ser feita por meios mecânicos (como grades e roçadeiras) e, em muitos casos, complementada pelo uso de herbicidas dissecantes. Cada estado ou até mesmo sub-regiões têm um período de vazio sanitário definido por lei, que deve ser respeitado pelos produtores.

Imagem ilustrativa da imagem O ouro branco do oeste baiano e a tecnologia que o salva
| Foto: Divulgação | Abapa

A ação, acompanhada pelo Programa Fitossanitário da Abapa, tem o objetivo de interromper o ciclo de pragas e doenças, principalmente do bicudo-do-algodoeiro. A destruição das soqueiras é obrigatória na Bahia, como prega a Portaria nº 201/2019 da Adab, que define prazos e regiões para a medida, garantindo o cumprimento do Vazio Sanitário, que é uma exigência legal para a produção de algodão, e o descumprimento pode gerar multas e sanções administrativas.

A medida é obrigatória ainda em diversos estados produtores de algodão no país, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Piauí, Paraná, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, entre outros.

Cenário positivo para a safra 2025

De acordo com o diretor executivo da Abapa, Gustavo Prado, é positivo o cenário para a safra 2025 do algodão no oeste da Bahia. A expectativa da Abapa é de uma produção de, aproximadamente, 787.616 toneladas de algodão.

“A colheita ainda não está finalizada, e os resultados iniciais já mostram que deve haver uma pequena redução na estimativa anterior de produtividade, que era de 1.907 e passou para 1.783 quilos por hectare (- 6,5%). A eventual queda não deve atingir o volume esperado, por conta do incremento na área irrigada, do cerrado baiano, que foi de 19,6%, em comparação à safra 2023/2024", afirmou Prado.

Desafios climáticos: área irrigada salva safra após veranico de março

Neste ano de 2025 houve um impacto na produtividade devido a um período de seca em março, conhecido no meio como veranico. A expectativa é que o volume total não seja tão afetado graças ao aumento na área irrigada.

No oeste já ouve a ocorrência de veranicos no mês de março, momento no qual algumas regiões chegaram a registrar até 30 dias consecutivos sem chuvas o que, provavelmente, deve impactar a produtividade na atual safra também.

"O veranico é um período temporário e anormal de intenso calor e tempo seco que acontece no outono ou inverno, com temperaturas acima da média para a estação e baixa umidade do ar. Esse é um fenômeno da natureza e não temos controle sobre ele. Esse ano de 2025 tivemos o veranico em fevereiro e março, porém em outros anos ocorreu em dezembro e até janeiro", disse Luiz Bergamaschi.

Luíz Carlos Bergamaschi, produtor e ex-presidente da Abapa
Luíz Carlos Bergamaschi, produtor e ex-presidente da Abapa

Cotonicultura baiana: o segundo maior produtor do maior exportador do mundo

Pilar econômico para o oeste baiano, uma vez que contribui de forma significativa para a geração de riqueza e empregos na região, o algodão tem papel relevante para a economia do oeste baiano.

A Bahia é o segundo maior produtor de algodão do país, e municípios como Luís Eduardo Magalhães e Barreiras destacam-se não apenas pelos elevados PIBs, mas também por estarem entre as cinco cidades baianas que mais exportam pelo Porto de Salvador, o que evidencia a importância da cotonicultura para a economia local e para o comércio exterior.

Imagem ilustrativa da imagem O ouro branco do oeste baiano e a tecnologia que o salva
| Foto: Equipe de Design/Ag. A TARDE

O Brasil se consolidou como maior exportador de algodão do mundo na safra 2023/2024, o que fez superar os Estados Unidos, quando atingiram 2,7 milhões de toneladas entre agosto de 2023 e julho de 2024, tendo a China como o principal destino, o que se configurou como 49% dos embarques.

Imagem ilustrativa da imagem O ouro branco do oeste baiano e a tecnologia que o salva

Estratégias de combate

Desde fevereiro de 2022, a Abapa, em parceria com a Embrapa Territorial, lançou o aplicativo “Monitora Oeste”, que envia alertas aos produtores do Cerrado baiano sobre a ramulária, que nada mais é que a ferrugem asiática e bicudo-do-algodoeiro, principais doenças do algodão e da soja.

Pelo aplicativo, os usuários podem acessar mapas diários das ocorrências das doenças e do inseto, além de informações sobre condições climáticas favoráveis. As consultas podem ser filtradas por município, tipo de cultivo e núcleo fitossanitário
Gustavo Prado - diretor executivo da Abapa

Tecnologia no campo

A combinação de práticas agrícolas modernas e tecnologia de ponta tem sido fundamental para o sucesso do agronegócio na região, reforçando a posição do Oeste da Bahia como um dos grandes líderes na produção de algodão

O desenvolvimento de cultivares geneticamente modificadas, com maior resistência a pragas e doenças, é um dos pilares tecnológicos. Isso ajuda a combater desafios como o bicudo-do-algodoeiro.

Imagem ilustrativa da imagem O ouro branco do oeste baiano e a tecnologia que o salva

Bergamaschi conta que uma tecnologia por si só, caso não seja bem utilizada, não traz o retorno que se espera, fazendo com quem os produtores sejam cada vez mais tecnológicos.

"É preciso ter conhecimento para o uso da tecnologia. A equipe técnica precisa entender qual a necessidade para uso de cada ferramenta. Certamente de um modo geral, a tecnologia agrega de forma positiva. Ultimamente a produtividade tem sido positiva e as exportações têm sido referência na exportação no mercado interno e internacional", afirmou Bergamaschi.

Manejo Integrado de Pragas e Doenças

O controle do bicudo do algodoeiro segue o conceito de Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP), o qual combina o uso de inseticidas com medidas de prevenção, como a eliminação de plantas voluntárias e restos culturais que servem de abrigo ao inseto. Não existem, por hora, tecnologias transgênicas ou biológicas comprovadamente eficazes, o que torna o manejo complexo e dispendioso, exigindo esforço individual e coletivo.

Na safra 2004/2005, foi criado o Programa de Monitoramento e Controle do Bicudo e Outras Pragas do Algodoeiro, inicialmente conduzido pela Fundação Bahia e pela Adab, e posteriormente executado pela Abapa.

“O programa visa reduzir os danos do bicudo e de outras pragas à cultura, ao meio ambiente e à economia do estado”, explica Gustavo Prado.

Nessa iniciativa, o programa divide a área produtiva em 18 Núcleos Regionais de Controle, sendo 15 no oeste e três no sudoeste da Bahia, monitorados por equipes técnicas de engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas. As ações incluem vistorias, campanhas de conscientização, reuniões de diagnóstico, análise de armadilhas, apoio à pesquisa e colaboração com universidades e empresas do setor agropecuário.

“Existe a aplicação aérea responsável realizada por aeronaves, e drones que sobrevoam as lavouras utilizando automação e recursos de robótica para identificar pragas, incluindo o bicudo-do-algodoeiro”, relembra Prado.

Papel da ABAPA

A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) oferece apoio técnico e fitossanitário aos produtores, auxiliando no manejo de pragas como o bicudo-do-algodoeiro, além de promover capacitação por intermédio do Centro de Treinamento, em Luis Eduardo Magalhães, além de ações de sustentabilidade e educação, como destruição de soqueiras, cumprimento do Vazio Sanitário, programas de conscientização e acesso à pesquisa por meio de dias de campo, workshops e encontros técnicos.

Além disso, a Abapa fortalece a representação do setor, articulando órgãos públicos, instituições de pesquisa e empresas para garantir a competitividade da cotonicultura, e desenvolve projetos voltados à sociedade, como distribuição de kits de irrigação, recuperação de nascentes, Corrida do Algodão e o Prêmio Abapa de Jornalismo, os quais reforçam a conexão entre o agronegócio e comunidade.

Em 2025, a Abapa completou 25 anos, consolidando-se como referência na representatividade da cotonicultura baiana e no fortalecimento da pesquisa, inovação, sustentabilidade e educação no Oeste da Bahia.

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Tags:

abapa agronegócio algodão Bicudo do algodoeiro colheita cotonicultura oeste Pragas tecnologias

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