DESUMANO
Pacientes questionam atendimento na UPA de Dias d´Ávila
Relatos incluem idosa sem acompanhamento, regulação desnecessária e alta para fratura sem sequer uma imobilização
Por Alan Rodrigues

Nem mesmo a mudança da gestão da UPA Lucas Evangelista, em Dias d´Ávila, conseguiu reduzir as queixas de pacientes quanto à qualidade do atendimento. Relatos de falta de medicamentos, gaze e até lençóis são comuns e, apesar de ultrajantes, não são os piores.
Em 2023, a unidade passou a ser administrada pelo Instituto de Saúde Integrada da Bahia (Isiba), com um custo estimado em R$ 1,6 milhão/mês, quase o triplo do valor gasto antes da terceirização. Ainda assim, a melhoria esperada no atendimento não aconteceu.
O caso mais recente é de uma idosa, cuja filha prefere que não seja identificada. A mulher, de 73 anos, diabética, descobrtiu há 3 meses que sofre de fibrose pulmonar. O tratamento provoca efeitos colaterais e, na última segunda-feira, 28, ela deu entrada na UPA com náuseas e pressão baixa.
A decisão foi tomada por outra filha, já que a irmã que costuma acompanhar a idosa não costuma procurar a UPA de Dias d´Ávila. "Tenho pavor", diz ela, alegando histórico de mau atendimento na família.
Leia Também:
Na chegada, mesmo apresentando falta de ar e com a idade elevada, a paciente não teve o atendimento prioritário garantido por lei. Após confirmar o quadro de pressão baixa, ela foi admitida na unidade.
"Foi para a sala vermelha", diz a filha, que não pode acompanhar a mãe. Ela acusa um enfermeiro de maus tratos por ter se recusado a levar a idosa ao banheiro, apesar dios apelos, obrigando-a a pasar a noite implorando para urinar. "Ele (o enfermeiro) fazia deboche com minha mãe: 'socorro, socorro quero ir no banheiro'", conta a filha indignada.
No dia seguinte, terça-feira, 29, quando foi substituir a irmã e saber notícias da mãe, foi surpreendida com a remoção às pressas do leito. "Viemos para o hospital Dois de julho, em Salvador, e nem a enfermeira que nos acompanhou sabia o porque. 'Só mandaram eu vir', disse a profissional que acompanhou a transferência".
Nem mesmo no hospital a médica que atendeu a idosa conseguiu entender o motivo da regulação. "Ela perguntou por que ela está aqui? A justificativa era uma inflamação do pulmão, enquanto no leito ao lado tinha um senhor aguardando regulação há 4 dias", diz a acompanhante da mãe, que já recebeu alta.
Dupla fratura
Há uma semana, um outro caso também chocou a irmã de um paciente cuja identidade será igualmente preservada. Ele sofreu um acidente e deu entrada na UPA com o pé inchado. Realizou exame de raios-x e, após medicado, foi mandado para casa.
"O médico falou que não havia quebrado nada e passou medicamentos para comprar e tomar em casa", lembra a irmã. Após 5 dias sem melhora e sentindo muita dor, ele pagou uma consulta particular e um novo raio-x, onde constatou a fratura em dois pontos do pé.

O paciente foi transferido para o Hospital Geral de Camaçari e precisou passar por cirurgia, mas passa bem. Mas a revolta permanece. "Colocam pessoas lá na UPA para trabalhar e não fazem o trabalho direito. Isso é incompetência dessa UPA", desabafa a irmã.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes