BAHIA
PMBA: 200 anos construídos por histórias empenhadas no futuro
Hoje, a PMBA conta com 33.586 homens e mulheres
Por Redação

Há 200 anos, completados nesta segunda-feira, 17, a Polícia Militar da Bahia (PMBA) passou a existir como instituição indispensável para a vida na sociedade. Prevista no artigo 144 da Constituição, é uma instituição permanente, que garante a manutenção da ordem pública e o bom convívio social.
Hoje, a PMBA conta com 33.586 homens e mulheres e concretiza o bicentenário por meio de histórias que revelam o espírito de abnegação, superação e compromisso dos integrantes. E são essas histórias que construíram a instituição e constroem o futuro da organização para a sociedade.
“O serviço da PM é um serviço de sacerdócio, do qual temos nossa própria motivação para atuar em diversas situações de risco ou de necessidade de pensamento rápido, mas, principalmente, um serviço de humanidade”, defende a major Maíra Galindo, piloto de helicóptero do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer). A própria posição que alcançou já demonstra uma evolução da corporação: a conquista feminina de postos ocupados majoritariamente por homens.
Leia Também:
Há 32 anos na PMBA, o subtenente Florisvaldo Chagas, hoje lotado no Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), ingressou na PM em 1993 realizando um sonho da infância, inspirado por irmãos e tios que já faziam parte da instituição. “Tudo que tenho devo à PM e como a premissa do policial militar é servir e proteger a sociedade, eu procuro cumprir à risca essa responsabilidade”, conta o militar.
Chagas, que sempre exerceu função operacional, no policiamento de rua, em 2023, durante uma reunião de alinhamento em campo, foi atingido por um disparo acidental do colega que culminou na amputação da perna direita. Ele correu risco de morte, entrou em coma e passou por diversas cirurgias.
“Quando retomei a consciência, fiquei muito triste com a perda de um membro, mas o meu maior medo era deixar de poder exercer minha atividade”, destaca. “Recebi a visita de muitos amigos, colegas, familiares e do comandante-geral, coronel Paulo Coutinho, num dia marcante para mim. Ele não só acreditou que eu daria a volta por cima como garantiu que eu voltaria ao quadro operacional. Esse momento foi combustível para minha superação.”

Chagas recebeu uma prótese hidráulica, está no serviço administrativo do BPTur, mas já realiza o serviço operacional turístico. Por meio do Departamento de Promoção Social (DPS) da PM, ele conta com uma equipe multidisciplinar que realiza um trabalho contínuo de reabilitação. Hoje, essa história de superação inspira gerações na PMBA.
“Quando entrei na polícia, não havia o aparato operacional que temos hoje de equipamentos e viaturas”, lembra. “Hoje, vivemos outra realidade. O que eu espero é que, futuramente, cheguem comandantes tão competentes como o atual. Quando eu for para a reserva, quero contar a meus filhos o sucesso dessa história dentro de uma instituição, da qual tenho muito orgulho em fazer parte.”
Bope
Para fazer parte do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), é preciso ser aprovado no Curso de Operações Policiais Especiais (Copes). Ao ver um grupo em treinamento, o cabo Ícaro Oliveira, ainda servindo ao Exército em 2004, teve a certeza do que queria.
“Em 2006, quando o concurso para a PM foi aberto, me preparei, passei e minha formação foi pelo Batalhão de Choque, que pertencia à Companhia de Operações Especiais (COE), hoje Bope”, unidade onde o militar permanece desde o início da carreira.
Entre muitas conquistas, ele se especializou em tiro policial de precisão, em mergulho, participou de intercâmbio de atiradores no Bope do Rio de Janeiro e representou a PMBA em 2019 no Desafio Caveiras do Brasil, onde galgou o 2° lugar entre todos os estados participantes.
“Acredito que evoluímos muito e seguimos no caminho para melhorar ainda mais, principalmente na qualificação da formação, desde a básica aos cursos mais complexos”, afirma.
Superação
Lavínia Kellen prestou a prova de concurso para soldado da Polícia Militar grávida de seis meses. Passou e começou a treinar para o teste de aptidão física apenas 17 dias depois de parir. Quando o curso de formação começou, precisou deixar a bebê de 8 meses na cidade natal, Feira de Santana, com o marido.
“Ter que parar de amamentar foi um grande sacrifício para mim e para minha filha”, afirma. “Canalizei essa dificuldade em todos os momentos do curso de formação a fim de mudar este cenário.”

Ela não só se dedicou como conquistou o 1º lugar entre 1.643 alunos, recebendo um prêmio do governador da Bahia em sua formatura. “A sensação de alcançar essa conquista me fez sentir que a luta valeu a pena”, conta.
Apesar do pouco tempo na instituição, Lavínia já é motivo de inspiração. Hoje, ela é motociclista do Esquadrão Águia em Salvador, de um efetivo de 29 mulheres recém-formadas integrantes da unidade.
Líder
Com a mesma empolgação de uma recém-formada, a major Érica Patrícia está há 25 anos na PMBA, onde comanda a Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa). Oriunda do Colégio da Polícia Militar (CPM) de Dendezeiros, a major realizou o Curso de Formação de Oficiais (CFO).
"Ao longo dos anos, enfrentei muitos desafios, mas tive a oportunidade de trabalhar em diferentes áreas, como inteligência, coordenação de policiamento, assessoria e gestão", ressalta a oficial. Ela destaca o que chama de um dos momentos mais marcantes da carreira: “quando fui promovida e designada para comandar uma unidade da PM”, a 12ª CIPM. “Foi um desafio grande, mas também uma oportunidade incrível.”
A major revela que aprendeu muitas lições importantes. “Uma delas é que a liderança é sobre inspirar e motivar os outros”, avalia. “Aprendi também que a PMBA é uma instituição que valoriza a diversidade e a inclusão. A instituição passou por significativas inovações, além de ter investido muito em modernização de estrutura e equipamentos.”

Insistência
A soldado Juliana Nascimento começou a estudar para o concurso em 2017. Formou-se, assim como a soldado Lavínia, na última turma em dezembro de 2024. Foram anos de tentativa para alcançar o sonho de ser policial militar.
“Venho de família pobre e consegui me formar em engenharia civil, mas decidi que eu queria ser PM”, conta. “Meu marido, que iniciou essa jornada de estudos comigo, passou logo e está há seis anos na corporação. Ele me deu apoio o tempo todo, foi minha inspiração.”
Antes de conquistar a tão sonhada vaga, Juliana passou no concurso da Guarda Municipal, onde permaneceu por três anos, mas não deixou de prestar concursos para a PM, até que conseguiu e realizou o curso de formação na Coppa. “Hoje integro o quadro da 1ª CIPM, atuando no policiamento a pé. A sensação é de que eu venci um desafio. Não tem nada que os homens façam que nós, mulheres, não possamos fazer.”
Paixão
Integrando a PMBA há 29 anos, a major Ivana Almeida, comandante da 82ª CIPM, tem uma história inicial um pouco parecida com a da soldado Juliana. Ela tinha acabado de concluir uma formação em Administração de Empresas, quando decidiu pela Polícia Militar. Apesar da outra formação, ela escolheu seguir a carreira pela paixão: a missão de servir.

“O primeiro ano foi muito difícil com a adaptação com a caserna, entretanto, uma coisa linda aconteceu quando eu entendi a missão da nossa corporação, servir e proteger, tudo fez sentido a partir daí, o mais belo propósito de vida”, relata. “Relações saudáveis e respeitosas produzem uma prestação de um serviço humanizado.”
Ela defende que é indissociável a presença da PMBA junto à sociedade. “A minha expectativa é que as pessoas consigam exercer os seus direitos, que os desassistidos sejam abraçados e protegidos.”
Conquistas
Há 35 anos na Polícia Militar, o coronel Wolney Anderson dirige a Academia da Polícia Militar da Bahia (APM). “Passei por diversas unidades, ingressei no Grupamento Aéreo (Graer) onde me tornei piloto de helicóptero, paraquedista já há 25 anos, instrutor de diversas modalidades de paraquedismo e comandante da unidade”, orgulha-se.
O coronel atribui as conquistas ao apoio familiar e fala com admiração à esposa, a major Maíra Galindo, com quem tem dois filhos.
Ele ressalta ainda que as mudanças e evolução pelas quais a instituição passou e passa. “Tivemos avanços muito grandes durante o comando do coronel Coutinho, um oficial com a visão muito humana, que valoriza a tropa”, relata.
A major Maíra Galindo é motivo de orgulho para a instituição, como destaca o coronel. Ela é piloto de helicóptero do Grupamento Aéreo (GRAER), comandante de aeronaves e tornou-se a primeira mulher paraquedista formada pela PMBA, em 2023. Neste mês, a oficial completa 23 anos de serviço.
“Conhecer o coronel Wolney, à época capitão, e poder compartilhar vivências, sonhos numa jornada onde um acompanha e apoia o outro é fundamental”, revela a major. “Do meu ingresso na PM até hoje, percebo uma mudança muito veloz em termos de mentalidade, de qualidade e busca pela integração”, avalia. “Podemos ver essa humanização, esse olhar de cuidado com o militar que está envergando o uniforme. ”

Futuro
De acordo com ela, ao longo dos anos, a corporação tem intensificado a profissionalização dos integrantes como um todo, com investimento em cursos, treinamentos e em melhores equipamentos, fazendo com que a organização fique cada vez mais técnica, profissional e consequentemente comprometida com uma entrega de qualidade.
Além disso, a oficial do Graer se mostra preocupada com o papel do policial militar na vida das pessoas. “Especialmente de crianças, que muitas vezes, ao ter esse primeiro contato com a polícia, vislumbram uma nova forma de vida, uma nova oportunidade”, afirma. Ela exemplifica de forma simples, como a oportunidade de fazer um pouso e mostrar a aeronave para a comunidade.
Sobre a contribuição da PMBA para o futuro da população, a oficial projeta: “preparamos o campo e damos o lastro para que os outros braços sociais do estado, como saúde e educação, possam fortalecer nossa sociedade e fazer com que as próximas gerações sejam melhores”.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes