Presidente de concessionária avalia que ponte irá transformar o estado | A TARDE
Atarde > Bahia

Presidente de concessionária avalia que ponte irá transformar o estado

Cláudio Villas Boas deu detalhes ao portal A TARDE sobre o processo de sondagem

Publicado sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024 às 00:00 h | Atualizado em 23/02/2024, 06:41 | Autor: Lula Bonfim e Pevê Araújo
Sondagem foi iniciada na Ilha de Itaparica no último dia 31 de janeiro
Sondagem foi iniciada na Ilha de Itaparica no último dia 31 de janeiro -

A sondagem para a construção da ponte Salvador-Itaparica já está em andamento. Ela foi iniciada ainda no dia 31 de janeiro, na ilha de Itaparica, e deu seu segundo passo nesta quarta-feira, 21, com o começo da coleta em território soteropolitano. Mas uma terceira fase desse processo, que deve ocorrer em meio à Baía de Todos-os-Santos, é mais complexa e só deve terminar em dezembro.

O prazo foi confirmado ao portal A TARDE pelo presidente da Concessionária Ponte Salvador-Itaparica, Cláudio Villas Boas, que detalhou o processo de sondagem e apontou que o futuro equipamento será o maior da América Latina, capaz de transformar para sempre o estado da Bahia.

“É um novo sistema rodoviário, uma nova solução de mobilidade para o povo da Bahia e um projeto de desenvolvimento econômico-social para todo o estado. A ponte é a peça de engenharia mais importante nesse sistema e, sem dúvida, vai transformar o estado da Bahia da forma que a gente conhece hoje”, avaliou Villas Boas.

Para exemplificar, o presidente da concessionária lembrou como eram desabitados o Litoral Norte da Bahia e o próprio município de Lauro de Freitas antes das construções da Avenida Luiz Viana Filho, mais conhecida como Paralela, e da BA-099, comumente chamada de Linha Verde.

“É uma solução de mobilidade, de conectar as pessoas de forma melhor. De forma segura e mais rápida, o estado da Bahia promove o desenvolvimento urbano e o desenvolvimento econômico e social, distribuindo melhor a riqueza. Foi para isso que o projeto nasceu. A ponte é o maior desafio de engenharia, que cruza a Baía de Todos-os-Santos. Por isso é um ícone importante e tão esperado. Porque é, de fato, um investimento relevante, que torna tudo isso possível”, exaltou o empresário.

Agora, com o processo de sondagem, a concessionária responsável pela construção está buscando ratificar o projeto já existente, que foi concluído entre 2022 e 2023, após uma análise prévia do solo e das águas da Baía de Todos-os-Santos.

“A sondagem é coletar amostras de solo em cada ponto onde está projetado. Fixar, ter um pilar da ponte, para a gente ter a certeza de que tipo de solo está lá embaixo, e com isso definir a profundidade e o dimensionamento de cada pilar, que é a sustentação, a fundação da ponte. Então a gente faz primeiro aquelas análises indiretas e, na sondagem, você vai ao local com perfurações e coleta de solo até 20, 30 metros de profundidade, para saber que tipo de solo fica ali e que tipo de profundidade de pilar eu vou precisar colocar, para que a ponte seja adequadamente sustentada para aguentar o seu esforço necessário”, explicou Villas Boas.

Cláudio Villas Boas deu entrevista exclusiva ao portal A TARDE sobre a ponte Salvador-Itaparica
Cláudio Villas Boas deu entrevista exclusiva ao portal A TARDE sobre a ponte Salvador-Itaparica |  Foto: Manuela Cavadas

De acordo com ele, o processo de sondagem no âmbito da construção civil costuma ser simples e rápido. Entretanto, no caso da ponte Salvador-Itaparica, ele deve durar até dezembro, pela dificuldade de acessar o solo em alguns pontos da Baía de Todos-os-Santos, que pode chegar a 60 metros de profundidade na água e mais 20 metros de areia.

“A sondagem marítima é muito mais complexa do que uma sondagem terrestre. Além de ser uma sondagem marítima, tem o alto nível de profundidade que a Baía de Todos-os-Santos tem no seu eixo principal. Por isso, o serviço é um pouco mais complexo, mais demorado e precisa de equipamentos especiais, de tecnologias diferenciadas”, sinalizou Villas Boas.

Para esse nível de complexidade, a concessionária está trazendo equipamentos do exterior, que nunca foram utilizados em nenhum outro empreendimento realizado no Brasil ou mesmo na América Latina. Só na sondagem, o investimento estimado é de R$ 160 milhões.

“Nós estamos trazendo da China, dos nossos acionistas, que são sondas autocompensantes, elas têm uma solução hidráulica, exatamente para conseguir performar, fazer corretamente a sondagem, mesmo nesse ambiente marinho. Nós não temos esse tipo de equipamento no Brasil. Há diversas tecnologias chinesas que serão usadas no processo constitutivo da ponte. Essa é a primeira, na sondagem, mas há diversas outras já no planejamento da nossa execução”, contou Villas Boas.

“É a maior ponte da América Latina. Nunca foi construída uma ponte nesse nível no Brasil, na América Latina, nessa profundidade”, complementou.

A ponte Salvador-Itaparica é uma ideia citada na Bahia desde os anos 1960. Entretanto, foi apenas em 2009, durante o governo de Jaques Wagner (PT), que a gestão estadual começou a dar os primeiros passos para a sua realização.

O projeto teve diversos entraves e as obras, previstas para serem iniciadas ainda durante o governo de Rui Costa (PT), atrasaram. Segundo o então governador e hoje ministro da Casa Civil, a elevação dos preços dos insumos durante a pandemia de Covid-19 foi o principal motivo para que a construção não tivesse se iniciado.

Em 2022, Jerônimo Rodrigues (PT) foi eleito com a promessa de tirar a ponte do papel. A ideia dos entusiastas da ponte é encurtar a distância entre Salvador e a maioria das cidades do interior do estado, facilitando o transporte de pessoas e de mercadorias. A expectativa é que a obra tenha um custo superior a R$ 9 bilhões.

Publicações relacionadas