CONCORDA?
Leo Estakazero: 'Não há como fazer festa desse tamanho só com forró'
Cantor criticou artistas de fora que vêm fazer show em festas juninas sem sequer saber o que é o São João
Por Matheus Calmon
Com o crescimento das festas de São João, que na Bahia deixaram de ser em cidades específicas e passaram a ocupar o calendário de grande parte do estado, não é possível manter apenas o forró. O pensamento é do cantor Leo Estakazero, que se apresenta nesta segunda-feira, 1º, no São Pedro no Parque de Exposições.
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Ele ressalta a pluralidade cultural da Bahia e a diversidade de gêneros musicais que atraem o público durante as festividades juninas e enfatiza que o público clama por variedade musical, o que leva os organizadores a incluírem outros estilos além do forró nas programações de São João.
"Não tem como fazer uma festa com esse tamanho só com forró. Se fosse fazer um São João só com forró, teria que se escolher dez, vinte cidades e fazer um evento só com forró, com música de São João, propriamente dito".
Leo cita a pluralidade musical no São João e afirma que a inserção de novos ritmos na festa não é movimento recente. O cantor defende que a música nordestina, além do forró, também deve ocupar o São João.
"Como não chamar de música nordestina o arrocha, por exemplo, o próprio pagode que é nordestino, que é feito na Bahia. A Bahia é aquele estado que, geograficamente, está entre o nordeste, o sudeste e o centro-oeste, que é o estado que tem aquela pluralidade cultural. É muito grande", disse ele, que seguiu.
"A quantidade de cidades que fazem festas. As grades são três, quatro, cinco dias de festa, três, quatro atrações por dia, seguramente mais de duzentas cidades promovem eventos".
Ele analisa também a evolução das festas privadas e como elas passaram a concorrer com as festas de praça.
"Qual é a mulher hoje que quer ir pra uma festa de tênis, short, camisa colorida, camisa igual? Ninguém mais quer isso. A mulher hoje quer ir de salto alto, quer ir de saia. Existe essa mudança de comportamento também".
O cantor reflete ainda sobre a complexidade do mercado musical e as dificuldades de manter uma carreira estável fora da temporada de São João.
"Você também é protegido pela sazonalidade. Você aparece, está em evidência. Aí, depois, quando passa o São João, passa o meio do ano, você naturalmente sai de cena. Não é como acontece com outros movimentos, que você fica ali o ano todo".
Leo afirmou que ainda considerar respeito um artista não majoritariamente forrozeiro criando um repertório de músicas juninas para a festa, diferente de artistas que consideram a apresentação em cidades do nordeste durante o São João como apenas mais um show.
"A gente está vendo no São João um artista que chega aqui, nem sabe o que é o São João, o que representa. Um artista que viveu a vida inteira no Mato Grosso, no interior do Goiás, não tem uma relação com a cultura nordestina e está no melhor horário, numa noite, numa praça, e de repente não vai fazer nenhuma referência ao Luiz Gonzaga, não vai fazer uma referência ao forró, porque para ele não faz sentido. Para ele é mais um show. Tem muitos shows de artistas que é um show a mais. Pegou o avião, chegou aqui na Bahia, viu que tocou aqui no interior e depois foi embora".
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