ENTREVISTA
“O forró é tão forte que aguenta tudo”, diz Flávio José
Cantor admite não reconhecer uma evolução no forró e afirma que o forró universitário não existe
Por Flávia Barreto*
Um dos maiores nomes do forró no país, Flávio José falou sobre a perda de espaço que o gênero vem enfrentando nas festas juninas pelo país. No ano passado, ele fez um desabafo após ter seu show reduzido no São João de Campina Grande, na Paraíba.
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O compositor disse que há uma diminuição dos shows do “forró autêntico" nas festas juninas e comentou o quanto sente falta de ver seus amigos forrozeiros ocupando esse espaço. “Eu não vou citar o nome aqui, mas tem cidades que eu vou cantar que, de forró, só tem eu. Parece que é como se dissesse assim, vamos colocar para dar uma satisfação, né, para dizer assim, ‘não, tinha forró, tinha Flávio José’", declarou, em entrevista ao "Isso é Bahia", da A TARDE FM, nesta terça-feira, 28.
"Eu sinto falta de outros colegas, né, de vários deles que sempre fizeram tudo por essa música. Estão sendo totalmente esquecidos, sem esquecer de vários artistas que já jogaram a toalha, porque por falta de apoio, por não tocar nas emissoras de rádio, por não fazer parte das principais cidades, praças de cidades importantes durante o mês de junho, enfim, são essas coisas que as pessoas se desiludem e vão procurar outra profissão, seguir a vida”, completou ele.
Sobre a disputa que o forró enfrenta com outros gêneros musicais no São João, Flávio José contou um episódio vivido com o amigo Santanna, O Cantador, e pontuou que sabe que ainda há público para o forró “sem modismos”.
"Recentemente, eu e o meu amigo Santanna, nós fizemos um show na Casa Rio, em Petrolina, foi superlotado e não tinha nenhum modismo. Então, faltam essas pessoas acreditarem, né? E outra coisa, se o nosso São João fosse coroado de música autêntica, ele seria outro”, disparou.
O cantor admite não reconhecer uma evolução no forró e afirma que o forró universitário não existe, sendo apenas um outro modismo.
“Não, o forró é tão forte que ele aguenta tudo, até nomes de outras coisas que não têm nada a ver sendo chamados de forró. Então, o forró que eu conheço é o forró de Luiz Gonzaga, do Trio Nordestino, das tradições, isso aí sim, foi como eu falei anteriormente. Não teve renovação porque vários artistas desiludidos desistiram e jogaram a toalha. Agora, modismos que estão sendo chamados de forró, tem um monte, mas na minha concepção não têm nada a ver com forró”, completou o forrozeiro.
De volta a Paraíba
A 200 km de Caruaru, onde fez a declaração que repercutiu nacionalmente em 2023, está a cidade de Monteiro, terra natal do artista. Na entrevista, ele falou sobre a emoção de ir tocar na sua cidade natal, no próximo dia 19 de junho, após dezesseis anos.
“Olha, é muito importante porque, depois desse anúncio da nossa participação na abertura do São João, inúmeras pessoas de Monteiro que residem fora, João Pessoa, Campina, Natal, Rio, São Paulo, essas pessoas estão vindo exatamente pra viver essa noite e não esquecê-la. E, pra mim, eu tenho uma gratidão também por essas pessoas que se manifestam nas redes sociais apoiando o nosso retorno,” afirmou.
Assista ao Isso é Bahia com Flávio José
*Sob supervisão de Bianca Carneiro
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