BRASIL
Ações da Braskem disparam após acordo bilionário sobre Maceió
Papel avançou 15,9%, cotado a R$ 7,58, chegando a subir mais de 17% nas máximas do dia

Por Isabela Cardoso

As ações da Braskem (BRKM5) dispararam nesta terça-feira, 11, liderando com folga as altas do Ibovespa, após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre e a confirmação de um acordo bilionário com o Estado de Alagoas. O papel avançou 15,9%, cotado a R$ 7,58, chegando a subir mais de 17% nas máximas do dia.
Apesar de o balanço ainda refletir um cenário financeiro delicado, analistas apontam avanços operacionais e o desfecho positivo sobre o caso de Maceió como fatores-chave para a recuperação momentânea da confiança dos investidores.
Acordo de R$ 1,2 bilhão com Alagoas destrava impasse judicial
O principal gatilho para o desempenho das ações foi o acordo de R$ 1,2 bilhão firmado com o governo de Alagoas, que encerra a ação indenizatória movida pelo Estado devido ao afundamento do solo em Maceió.
O diretor financeiro e de relações com investidores, Felipe Jens, afirmou em teleconferência que a provisão de valores destinados ao evento caiu de R$ 5,6 bilhões no fim de 2024 para R$ 3,8 bilhões neste trimestre. “Independentemente do desfecho, é um avanço. Estamos reduzindo o grau de incerteza sobre esse tema”, declarou.
O acordo prevê pagamento parcelado ao longo de até dez anos, com valores maiores a partir de 2030. Para o BB Investimentos, o entendimento com o Estado “aumenta as chances de avanço em questões societárias” e pode facilitar a busca por novos aportes, essenciais para a transição da matéria-prima utilizada pela companhia.
Resultado ainda é fraco, mas supera expectativas
O Ebitda recorrente da Braskem somou US$ 150 milhões, alta de 104% em relação ao trimestre anterior, mas ainda 65% abaixo do resultado de 2024. Mesmo assim, o número superou as estimativas dos analistas e foi suficiente para o BB Investimentos revisar sua recomendação de venda para neutra.
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“O resultado segue negativo, mas veio melhor do que o esperado. O cenário de queima de caixa e alavancagem alta ainda preocupa”, destacou o analista Daniel Cobucci, em relatório.
A empresa registrou queima de caixa de R$ 334 milhões no trimestre e dívida líquida de US$ 7,1 bilhões, o que fez sua alavancagem saltar de 10,6 para 14,8 vezes.
Setor petroquímico segue em ciclo de baixa
Para analistas da XP Investimentos, os números refletem o atual ciclo de baixa da indústria petroquímica global. A corretora avalia que o bom desempenho no Brasil compensou a fraqueza das operações internacionais, onde os spreads (diferença entre preços de venda e custos) seguem pressionados.
“No Brasil, os spreads das resinas caíram 8% no trimestre, enquanto os de químicos básicos recuaram 4%. Nos EUA e na Europa, as margens diminuíram na mesma proporção”, apontaram Regis Cardoso e João Rodrigues, autores do relatório.
O Citi reforçou a percepção de que o cenário continua desafiador, citando lucratividade negativa nas operações dos Estados Unidos, México e Europa.
Analistas mantêm cautela, mas enxergam sinais de recuperação
Embora o setor ainda enfrente volatilidade, algumas casas de análise destacam que a Braskem começa a mostrar sinais de estabilização. O UBS BB, que mantém recomendação de compra, ressaltou que o lucro líquido de US$ 1 milhão no trimestre surpreendeu positivamente, já que o mercado esperava prejuízo.
“No geral, vemos progresso materializando-se, ainda que o caminho até a retomada da geração de caixa envolva incertezas significativas”, escreveu o time liderado por Tasso Vasconcellos.
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