LUTO
Brasileiro morre na Ucrânia após ir para guerra por promessa de bom salário
Homem passou três dias em treinamento no Rio de Janeiro antes da guerra

Por Edvaldo Sales

Com 32 anos, o campineiro Daniel Lucas de Campos morreu em combate na Ucrânia na segunda-feira, 24. A esposa dele, Letícia Prado, confirmou a informação. Agora, ela enfrenta a espera para trazer o corpo de volta ao Brasil.
Voluntário nas forças ucranianas, Daniel saiu de Campinas em 12 de agosto, decidido a integrar o front. Segundo a família, ele tinha o sonho de servir. Porém, o desejo também tinha peso financeiro: o brasileiro assinou um contrato que previa pagamento mensal equivalente a R$ 25 mil, valor que jamais recebeu por completo.
A família contou que, nos dois primeiros meses, Daniel recebeu apenas R$ 7 mil. Nos últimos dois meses, não recebeu nada. A esposa disse que o valor era essencial para a casa, já que ela não trabalhava.
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O rapaz, que passou três dias em treinamento no Rio de Janeiro antes da guerra, morreu dois dias após a confirmação da morte de outro brasileiro, Lucas Lima, de Minas Gerais, também em combate.
Desde segunda-feira, o corpo de Daniel permanece em Kiev, aguardando trâmites periciais. Pelo protocolo, o governo brasileiro só custeia o envio até Brasília. De lá até Campinas, os familiares precisaram abrir uma vaquinha e arrecadaram R$ 11 mil.
Letícia publicou um texto em redes sociais pedindo ajuda e relatando a dificuldade para trazer o corpo. “Quero trazer o pai dos meus filhos para casa”, escreveu.
Família e desejo de ir para a guerra
Daniel deixou dois filhos pequenos e uma rotina familiar construída ao longo de oito anos de relacionamento.
Ele trabalhou por anos como vendedor de carros e sempre falava sobre o sonho de integrar alguma força armada.
A família tentou dissuadir, mas acabou cedendo ao entusiasmo dele, e à promessa de estabilidade financeira.
A guerra
A morte de Daniel aconteceu enquanto o conflito entre Rússia e Ucrânia se aproxima de três anos. No último sábado, 22, Kiev anunciou um período de consultas com aliados sobre um possível acordo de paz.
O movimento ocorreu após pressão dos Estados Unidos para que o presidente Volodymyr Zelensky analisasse uma proposta que prevê a cessão das regiões de Donetsk, Luhansk e da Crimeia.
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