CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Casos de violências chegam a 17,5 mil no 1º quadrimestre de 2023
Denúncias envolvem os tipos física e psíquica pelo Disque 100
Por Madson Souza
Casos de violências sexuais físicas – abuso, estupro e exploração sexual – e psíquicas contra crianças e adolescentes chegaram a 17,5 mil registros no primeiro quadrimestre de 2023 no Disque 100 no país. A terceira edição do ‘Ciclo de Diálogo’, promovido pelo Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (Ceca), discutiu o tema, ontem, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
O número reforça a necessidade de fortalecer a rede para prevenir esses crimes e melhor acolher as vítimas. Os dados citados representam um aumento de 68% de violações em relação ao mesmo período no ano anterior.
Porém, o número não significa necessariamente que as ocorrências aumentaram, mas sim que houve um acréscimo no número de denúncias.
“As pessoas têm medo de denunciar. Temos feito muitas campanhas para incentivar. Toda a rede pública tem trabalhado nesse sentido, por isso o Disque 100 está registrando um número maior de ocorrências. O que faltava era visibilidade para o tema”, explica Iara Farias, coordenadora de Proteção à Criança e ao Adolescente (CPCA), da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
A maioria dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes ocorre no ambiente doméstico. Das 17,5 mil violações registradas entre janeiro e abril de 2023, 14 mil aconteceram na casa da própria vítima, do suspeito ou de familiares. No mesmo período, registrou-se 1,4 mil casos ocorridos na internet. Os dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
O alto número de casos de abuso sexual preocupa ainda mais, de acordo com Iara, pela dificuldade em localizar essa violência, já que ela ocorre muitas vezes dentro da própria família ou por pessoas próximas.
“Quando a criança é abusada, ela pode não falar, mas demonstra. Através de alguns sintomas, as crianças ficam arredias, choram sem motivo, diminuem a produtividade na escola, o nível de atenção nos conteúdos escolares é reduzido, também o desejo de brincadeiras. Tanto a família quanto a escola tem que estar atenta”, comenta.
Além da capacitação de pais e professores, é preciso abordar o assunto nas escolas, de acordo com a coordenadora de Proteção à Criança e ao Adolescente (CPCA), da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
“É necessário que a educação sexual seja tratada nas escolas para que as próprias crianças saibam identificar se estão sendo abusadas e possam falar. É claro que é uma discussão adaptada à idade, mas a informação é fundamental”, afirma Iara Farias.
Para denunciar, anonimamente, casos de violência sexual e outras violações de direitos de crianças e adolescentes, disque, gratuitamente, 100. A denúncia também pode ser feita através do WhatsApp do MDHC (61 99656-5008).
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