FUTURO
Destino de espião russo em Brasília depende da decisão de Lula
Ministério da Justiça avalia pedidos de extradição disputados entre Moscou e Washington

Por Rodrigo Tardio

O futuro de Sergey Vladimirovich Cherkasov, o espião russo preso no Brasil desde o fim de 2022, entrou em sua fase decisiva e aguarda agora uma definição política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Detido sob a falsa identidade do brasileiro Victor Muller, Cherkasov cumpre pena em presídio federal, mas uma recente atualização jurídica abriu caminho para sua extradição antecipada.
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O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, recebeu este mês a confirmação da 15ª Vara Federal do Distrito Federal de que não existem mais processos pendentes contra o cidadão russo na capital.
A ausência de ações judiciais em curso era o principal impeditivo legal para o envio do preso ao exterior.
Disputa geopolítica
Cherkasov é pivô de um embate diplomático entre as duas maiores potências nucleares do mundo.
A Rússia, por exemplo, foi a primeira a solicitar a extradição, alegando que o agente é procurado por tráfico internacional de drogas.
A Policia Federal brasileira, contudo, vê a acusação com ceticismo, suspeitando ser um artifício para garantir o retorno do espião ao seu país de origem.
Já o governo americano, amparado por investigações da CIA, também reivindica o preso. Washington afirma que Cherkasov atuou como espião em solo norte-americano enquanto estudava em uma universidade local sob sua identidade falsa.
Bastidores e investigação
Embora o Ministério da Justiça esteja finalizando o parecer técnico, a palavra final será do Palácio do Planalto. Fontes próximas ao caso afirmam que a decisão será tratada como uma questão de soberania e política externa.
Internamente, a Polícia Federal concluiu em junho de 2025 que não há novos inquéritos contra ele, mantendo-o apenas como parte de uma investigação mais ampla sobre uma rede de dez espiões russos que utilizavam o Brasil como base de operações.
Entre investigadores, o sentimento é de que a extradição ocorrerá "cedo ou tarde", o que, na prática, pode encerrar as frentes de investigação sobre a infiltração russa no país.
Atualmente, Cherkasov divide o sistema penitenciário de segurança máxima em Brasília com detentos de alta periculosidade, como o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
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