VOEPASS
Falha técnica em avião da Voepass pode ter sido ignorada antes de acidente fatal
Ele afirma que um defeito no sistema de degelo do avião foi identificado horas antes da queda
Por Jair Mendonça Jr

Quase um ano após o acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), uma nova informação surge e pode mudar o rumo das investigações. Um ex-integrante da equipe de manutenção da Voepass afirma que um defeito no sistema de degelo do avião foi identificado horas antes da queda, mas não foi oficialmente registrado.
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Segundo o relato, o problema foi comunicado verbalmente por um piloto durante uma parada da aeronave em Ribeirão Preto, mas a falha não chegou a ser lançada no diário técnico, documento obrigatório que registra as condições do avião e define se ele pode ou não seguir em operação.
A ausência desse registro, segundo a testemunha, permitiu que a aeronave fosse liberada para voar, contrariando protocolos básicos de segurança. O voo seguiu para Guarulhos, depois partiu em direção a Cascavel (PR), onde acabou caindo no município de Vinhedo.
Sistema crítico
O sistema de degelo é responsável por evitar o acúmulo de gelo nas asas e sensores da aeronave, condição que pode comprometer a estabilidade do voo. Um relatório preliminar do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) já havia apontado o uso repetido desse sistema durante o trajeto, o que indica que os pilotos enfrentaram condições severas de formação de gelo antes da queda.
A caixa-preta revelou alertas sonoros relacionados a perda de sustentação e condições adversas pouco antes do impacto.
Pressão por continuidade
A testemunha — que atuava diretamente na escala de manutenção — afirma que havia pressão para manter os voos dentro da programação, mesmo diante de falhas menores. “Sem o lançamento no diário, a empresa não precisa parar o avião. E sem parar, não atrasa o cronograma”, disse sob condição de anonimato.
Consequências legais
A omissão, caso confirmada, pode ser considerada negligência operacional e pode levar a responsabilizações tanto administrativas quanto criminais. A ANAC já havia cassado o certificado da Voepass meses após o acidente, citando falhas recorrentes nos protocolos de segurança e no controle técnico da frota.
O Ministério Público Federal deve requisitar novos depoimentos e aprofundar a apuração à luz da nova denúncia.
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