BRASIL
Influenciadores movimentam R$ 130 milhões com Jogo do Tigrinho
Casal e cerca de nove pessoas suspeitas de integrarem o grupo são investigadas pela Polícia Civil
Por Redação

Um casal de influenciadores foi interceptado pela Polícia Civil do Ceará que identificou uma movimentação atípica de R$130 milhões. De acordo com as investigações, o valor foi acumulado desde o ano de 2023, e tem relação direta com o anúncio de plataformas irregulares do jogo do tigrinho.
Os suspeitos são os influenciadores Mateus da Silva e e Maria Clara que acumulam 227 mil seguidores e 45 mil seguidores, respectivamente no Instagram. Os dois foram alvo da operação Jackpot, na última terça-feira, 18.
A Operação retirou bens e cumpriu mandados de busca e apreensão em casas de alto luxo de ambos. O casal não foi detido, e respondem em liberdade, pois os agentes não encontraram nenhuma situação em flagrante.
Os influenciadores têm grupos no aplicativo Telegram onde orientam e dão dicas para os apostadores jogarem na plataforma. Eles se intitulam enquanto "pai das plataformas", "criador de vídeo de jogos" e atuante em "marketing digital".

De acordo com as investigações, o casal começou em 2023 a anunciar os jogos online, que por conta da alta visualização de suas redes, viraram alvo de agenciadores.
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Na época, eles tinham um relacionamento amoroso, que acabou no ano passado. "Mas a sociedade seguiu", comentou Jailton Rodrigues, delegado de Combate à Lavagem de Dinheiro.
Ainda segundo as investigações, Mateus da Silva era um jovem de origem humilde antes de ganhar fama nas redes sociais e o rápido enriquecimento foi o principal fator para o andamento da investigação.
"É surpreendente o valor movimentado, já que a investigação tem menos de dois anos. Em 2023, mapeamos aproximadamente R$40 milhões movimentados, e ano passado chegou a quase R$90 milhões. Se não houvesse intervenção da polícia, iriam continuar faturando alto", detalhou o delegado.
Na decisão que autorizou as buscas, a Justiça concedeu um sequestro de bens em um total de R$117 milhões. "Esse foi o valor pedido ainda no ano passado; se fosse agora, teríamos uma atualização porque o valor movimentado bateu R$130 milhões", explicou Jailton Rodrigues.
O delegado ainda apontou para a chegada dos dados bancários para avaliação de transações bancárias que fogem do cotidiano e se o valor faturado pode ser ainda maior.
Para faturar, os influenciadores usavam da tática já conhecida pela polícia da conta "viciada" em ganhar, a chamada demo, para convencer os seguidores. Eles postavam recebidos de falsos ganhos e ostentavam uma vida de luxo fruto dos lucros com os jogos na plataforma.
A polícia descobriu que o casal ganhava três tipos de comissão pela atividade:
- Pelo cadastro de novos usuários;
- Quando o usuário ganhava;
- Quando o usuário perdia.
As investigações também apontam que o dinheiro apurado, o casal construiu em menos de dois anos um patrimônio de milhões, que inclui ao menos 12 casas vizinhas uma das outras, em uma mesma rua de bairro projetado do município Eusébio, na Grande Fortaleza, casas de luxo, pousadas, blocos de apartamento e carros de luxo.

A investigação revelou ainda que os influenciadores colocavam os bens em nome próprio, de uma empresa que possuem juntos, e no de terceiros, considerados "laranjas" do casal.
A polícia indica que cerca de nove pessoas integram o grupo, e todas tiveram ordens de sequestro de bens e foram alvo de busca e apreensão também na última terça-feira. Ao todo, a Justiça bloqueou 28 imóveis suspeitos.
O delegado informou também que o pedido de derrubada das redes sociais dos influenciadores foi deferido pela Justiça, mas deve levar um tempo até ser efetivado pelas plataformas. "Mas é só o tempo a comunicação com as empresas, já solicitamos isso”, concluiu.
O casal não tinha apresentado advogados no processo até a última quarta-feira, 19.
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