Legado da COP30: o que Salvador vai ganhar em parcerias e investimentos verdes?

Salvador tem uma missão clara na COP30: consolidar-se como um hub de políticas urbanas sustentáveis. Em entrevista exclusiva ao Jornal A TARDE, o subsecretário Walter Pinto Júnior detalha a intensa agenda de quatro dias em Belém, que tem a Economia Circular como prioridade absoluta. Ele explica como programas premiados, como o Recicla Capital e o Programa Roda, serão apresentados ao mundo.

Mas, mais do que mostrar resultados, o subsecretário revela o maior objetivo: abrir as portas para novas parcerias e investimentos globais. Descubra o que a população de Salvador pode esperar como legado prático dessa participação histórica e como a cidade planeja acelerar sua ação climática local.

Quais serão os principais destaques da agenda de Salvador durante a conferência?

Walter Pinto Júnior – Salvador tem uma agenda intensa em Belém. São quatro dias de painéis e encontros que envolvem temas como economia circular, financiamento climático, arquitetura sustentável e alimentação saudável. Entre os destaques estão os painéis que coordenamos sobre “Gestão de Resíduos Sólidos como Estratégia Climática” e “Grandes Eventos e Ação Climática”, além da participação em debates sobre mitigação, adaptação e governança climática. A cidade também levará ao evento seus programas de sucesso, como o Recicla Capital, premiado internacionalmente, e o Programa Roda, que alia inovação e inclusão na gestão de resíduos.

A COP é um espaço de aprendizado e também de articulação internacional. Como Salvador pretende ampliar sua cooperação com outras cidades e organismos globais?

Walter Pinto Júnior – A nossa presença na COP30 é também uma estratégia de inserção internacional. Participaremos de painéis com cidades do Brasil e do mundo, e com instituições como o ICLEI, o Sebrae, a Fundação Konrad Adenauer e o Pacto Global da ONU. A ideia é fortalecer parcerias técnicas, captar investimentos e promover trocas de experiências que possam acelerar a ação climática local. Queremos consolidar Salvador como um hub de inovação climática e de políticas urbanas sustentáveis.

A cidade vem se destacando na agenda de economia circular. Qual o papel desse conceito no futuro sustentável de Salvador?

Walter Pinto Júnior – A economia circular é uma das nossas prioridades. Ela está na base de programas como o Recicla Capital, que já gerou impacto positivo na redução de resíduos enviados a aterros e na geração de emprego verde. Também temos o Programa Roda, que amplia a coleta seletiva e integra catadores de forma digna e produtiva. Também temos uma forte parceria com a Humana Brasil, um exemplo de cooperação em prol da sustentabilidade e da economia circular. Por meio do Projeto Repense Reuse, foram instalados coletores de roupas, calçados e acessórios. A iniciativa evitou que grande quantidade de resíduos têxteis fossem enviados a aterros, promovendo o reuso e o consumo consciente. São iniciativas que unem inovação, inclusão e sustentabilidade, e que mostram que cuidar do meio ambiente também pode ser um vetor de desenvolvimento econômico e social.

E o que a população de Salvador pode esperar como legado dessa participação?

Walter Pinto Júnior – A COP30 vai nos abrir portas para novas parcerias, investimentos e aprendizados que serão trazidos para o dia a dia da cidade. O legado será mais do que simbólico: ele se refletirá em políticas públicas mais eficientes, projetos de infraestrutura verde, programas de educação ambiental e no fortalecimento da economia circular. Salvador está pronta para continuar avançando e inspirando o país.

*Georges Humbert é correspondente especial do Grupo A TARDE na COP30, em Belém (PA).