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EM BELÉM

Salvador na COP30: a capital do Nordeste que virou referência climática

Secretário da Secis, Ivan Euler revela como Salvador reduziu em 30% a emissão de carbono e a meta de neutralidade até 2049

Georges Humbert*

Por Georges Humbert*

12/11/2025 - 16:33 h | Atualizada em 12/11/2025 - 17:01
Ivan Euler durante painel na COP30, em Belém
Ivan Euler durante painel na COP30, em Belém -

Salvador está no centro do debate global na COP30. A capital baiana chega a Belém com um trunfo inédito: ser a única cidade da América Latina reconhecida por alcançar uma redução de 30% nas emissões de carbono. Mas como a cidade do Sul Global alcançou essa marca e o que a gestão municipal pretende fazer para atingir a meta de neutralidade de carbono até 2049?

Em entrevista exclusiva ao Jornal A TARDE, o titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal de Salvador (Secis), Ivan Euler, detalha a estratégia por trás desse sucesso, revelando os planos de infraestrutura verde, como o Corredor Verde e o Mané Dendê, e o papel dos programas premiados de economia circular. Descubra a seguir os bastidores da vanguarda climática de Salvador e o que a população pode esperar como legado.

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Salvador chega à COP30 com uma presença muito expressiva. O que representa essa participação para a cidade?

É um marco na trajetória de Salvador como referência nacional em sustentabilidade e ação climática. A COP30 é o maior evento global sobre o tema, e nossa cidade estará presente de forma ativa, coordenando painéis oficiais e participando de debates estratégicos. Essa presença reforça o compromisso de Salvador em liderar políticas públicas inovadoras, que unem justiça social, crescimento econômico e preservação ambiental. É uma oportunidade de mostrar ao mundo que uma capital nordestina, com sua diversidade e vitalidade, pode ser vanguarda na transição verde e na governança urbana sustentável.

Salvador já é reconhecida por políticas inovadoras de sustentabilidade. Quais resultados concretos a cidade leva para apresentar na COP30?

Hoje Salvador celebra uma redução de mais de 30% nas emissões de carbono, um resultado expressivo e fruto de uma estratégia integrada que envolve mobilidade, gestão de resíduos, energia e arborização urbana. Fomos reconhecidos como a única cidade da América Latina entre as 11 do mundo que mais reduziram suas emissões de carbono pelo relatório “Past the Peak: Accelerating climate action in C40 cities”, publicado pela rede global C40 Cities. Além disso, temos o Recicla Capital, que venceu o prêmio internacional de sustentabilidade da Bloomberg e C40 por transformar resíduos em oportunidades econômicas e ambientais, e o Programa Roda, que fomenta a reciclagem inclusiva e a geração de renda. Essas experiências mostram que nossa política climática vai além do discurso: ela é feita com dados, com resultados e com o envolvimento da população.

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Outro marco que trouxemos para a COP30 é a atualização do Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PMAMC), o principal instrumento de planejamento climático de Salvador. Criado em 2020, agora iniciamos a revisão com base em novos dados do 3º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, de modo que o plano está sendo aprimorado em parceria com o ICLEI e alinhado ao Climate Action Planning Framework do C40. Essa atualização reforça nosso compromisso com a neutralidade de carbono até 2049, ano em que a cidade completará 500 anos, e fortalece a governança climática com ações concretas em mobilidade sustentável, energia limpa, áreas verdes e adaptação urbana.

Também anunciamos na semana que antecedeu nossa vinda à COP, a regulamentação do Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMMA) e a criação do Grupo de Trabalho de Soluções Baseadas na Natureza (GT-SbN), que irá coordenar intervenções ecológicas em áreas vulneráveis, como drenagem sustentável e mitigação de ilhas de calor. Essas iniciativas demonstram que nossa política climática vai além do discurso, ela é construída com base em dados, inovação e resultados mensuráveis, reafirmando o protagonismo de Salvador na agenda ambiental global.

Como a gestão municipal vem integrando sustentabilidade às políticas de desenvolvimento urbano e social?

Salvador tem trabalhado a sustentabilidade como eixo transversal da gestão. Isso significa pensar o clima não apenas como pauta ambiental, mas como instrumento de inclusão social, de melhoria da mobilidade, de incentivo à economia verde e de valorização da cultura local. Um exemplo é o Carnaval Sustentável, que alia celebração popular e responsabilidade ambiental, e que será destaque em um dos painéis que coordenaremos.

Além disso, projetos estruturantes como o Mané Dendê e o Corredor Verde da Avenida Manoel Dias mostram como estamos colocando em prática soluções urbanas pensadas sob a lente climática. O Mané Dendê, que já está em fase avançada, é um exemplo de infraestrutura adaptada às mudanças climáticas, com ações de revitalização ambiental, recuperação de margens de rio e implantação de soluções baseadas na natureza. Essa abordagem tem melhorado a drenagem, reduzido riscos de alagamentos e garantido mais qualidade de vida para os moradores do Subúrbio Ferroviário.

Já o Corredor Verde, iniciado na Avenida Manoel Dias da Silva, é o maior programa de arborização urbana da história da cidade, com o plantio de árvores adaptadas ao clima e à salinidade, que irão promover sombreamento natural, redução das ilhas de calor e conforto térmico para a população. A iniciativa faz parte do compromisso de expandir áreas verdes e tornar Salvador uma cidade mais resiliente, sustentável e agradável para se viver. O nosso objetivo são 7 vias com Corredores Verdes até 2028. Queremos mostrar que sustentabilidade também é cultura, é identidade e é qualidade de vida.

Qual mensagem Salvador leva ao mundo na COP30?

Levamos uma mensagem de esperança e de ação. Salvador é prova de que cidades do Sul Global podem ser protagonistas na luta contra a crise climática. Temos resultados, projetos e, principalmente, vontade política para fazer diferente. Queremos inspirar outras cidades a transformar desafios ambientais em oportunidades para o povo, construindo um futuro mais verde, justo e resiliente.

*Georges Humbert é correspondente especial do Grupo A TARDE na COP30, em Belém (PA).

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