BRASIL
Paraguaia presa prometia emprego e estudo a adolescentes estupradas
Ela trazia jovens para trabalhar em creche no Rio
Por Redação
Nesta segunda-feira, 6, a Polícia Federal prendeu a paraguaia Mercedes Lopez Sosa, condenada por uma série de crimes, incluindo tráfico de pessoas, redução à condição análoga à escravidão e estupro de menor. Segundo o jornal Extra, Mercedes atraía adolescentes paraguaias com promessas falsas de emprego e estudos no Brasil, trazendo-as para trabalhar em uma creche improvisada em sua residência, localizada em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
As jovens eram submetidas a jornadas exaustivas de 11 horas diárias sem remuneração e, ao final do dia, sofriam abusos sexuais, conforme relatado em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Além de Mercedes, seu marido, Rodrigo Moreira de Araújo, também foi preso. Ambos foram condenados a 47 anos, 1 mês e 23 dias de prisão. Os mandados foram expedidos no início de dezembro após o trânsito em julgado de um recurso analisado pelo STJ.
A decisão judicial descreve os abusos como especialmente cruéis. As vítimas, além de trabalharem sem descanso cuidando de mais de 15 crianças na creche, enfrentavam restrições severas, como a proibição de sair à noite ou nos fins de semana. Até mesmo o tempo para refeições era controlado. Os contatos com familiares eram monitorados, e o silêncio das jovens era garantido por meio de ameaças. Mercedes e Rodrigo afirmavam que, por estarem em situação irregular no Brasil, as adolescentes seriam presas caso denunciassem os crimes.
Uma das adolescentes, que esteve sob o controle do casal entre outubro de 2015 e o final de 2016, relatou que engravidou após ser estuprada. Ela foi obrigada a interromper a gravidez com medicamentos, o que resultou em complicações e sangramentos que duraram cinco dias. Essa jovem, que era vizinha da mãe de Mercedes no Paraguai, decidiu fugir após descobrir que o casal planejava levá-la a um prostíbulo no Rio de Janeiro. Ela foi ajudada por clientes da creche, que a encaminharam à polícia e ao consulado paraguaio.
Outra vítima, mantida na casa entre março e junho de 2017, foi estuprada por três pessoas, incluindo Rodrigo. De acordo com o STJ, Mercedes cobrava dinheiro pelos abusos cometidos por terceiros. Rodrigo, mesmo estando preso por violência doméstica contra Mercedes quando a jovem chegou ao Brasil, também a violentou diversas vezes após ser solto. A adolescente foi expulsa da casa depois de recusar uma investida de Rodrigo e encontrou abrigo com uma vizinha.
Operação
As investigações revelaram que as jovens trabalhavam na chamada "creche da Tia M", sem remuneração, com documentos retidos e sob constante vigilância. Ambas as vítimas deram depoimentos que, segundo o STJ, eram consistentes e reforçavam a gravidade dos crimes. “Não há como cogitar que as vítimas teriam combinado suas versões, pois nunca se conheceram nem se comunicaram, sendo abusadas em períodos distintos, com intervalo de quase seis meses”, destaca a decisão.
Além de Mercedes e Rodrigo, outras pessoas envolvidas no esquema criminoso também foram investigadas. Em 2017, a Polícia Civil realizou a operação Coiote, que resultou na prisão temporária de quatro suspeitos: Mercedes, Rodrigo, seu irmão Denyel Camilo de Araújo e um vizinho do casal, Eder da Silva Carvalho. A operação foi conduzida pelas delegacias de Atendimento à Mulher de Belford Roxo (DEAM-Belford Roxo) e da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).
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