Presidente da Funai diz que desaparecidos erraram ao não avisar viagem

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, afirmou na noite desta quarta-feira, 8, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, desaparecidos desde domingo, erraram ao não comunicar os órgãos de segurança sobre a viagem ao Vale do Javari, no Amazonas, além de não pedir autorização à Funai para acessar o local.

"Esta não foi uma missão comunicada à Funai. A Funai não emitiu nenhuma permissão para ingresso. É importante que as pessoas entendam que quando se vai entrar numa área dessas, existe todo um procedimento", disse.

Segundo ele, é "muito complicado quando duas pessoas apenas decidem entrar na terra indígena sem nenhuma comunicação aos órgãos de segurança e à Funai".

Ele disse que a Funai está participando das buscas na região com cerca de 15 servidores envolvidos nas buscas. Embora seja servidor da Funai, Bruno estava licenciado do órgão desde janeiro de 2020, quando passou a trabalhar para a Univaja, entidade fundada pelos indígenas do Vale do Javari. Ex-colegas disseram que ele avaliou não ter mais condições de trabalhar depois ser exonerado do posto de coordenador de Indígenas Isolados e de Recente Contato.

As declarações, no entanto, foram rebatidas pela Indigenistas Associados (INA), que reúne servidores da Funai. Em nota, a entidade afirmou que as palavras de Marcelo Xavier são "equivocadas", pois a dupla não chegou a entrar na área do Vale do Javari demarcado como terra indígena, o que significa que não seria necessário pedir autorização. "Não é verdade que Bruno e Dom tenham sido descuidados com solicitação de autorização de ingresso em terra indígena. Simplesmente, porque não ingressaram em terra indígena. A expedição realizada transcorreu nas imediações, mas não no interior da Terra Indígena Vale do Javari", disse.