ANO DE FESTA
40 anos do Crocodilo: Daniela Mercury enaltece bloco que "fundou" o Barra-Ondina
Bloco formado por ex-alunos de colégio de Salvador faz história por manter viva tradição no Carnaval
Por Luiz Almeida
![Daniela Mercury falou sobre trajetória no Crocodilo](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1300000/1200x720/40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece-bloc0130670100202502111252-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1300000%2F40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece-bloc0130670100202502111252.jpg%3Fxid%3D6552387%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1739372997&xid=6552387)
Há quase 40 anos, um grupo de nove amigos criava, sem imaginar, um dos blocos mais icônicos do Carnaval de Salvador e que mantém viva a tradição: o Crocodilo. A trajetória do bloco se entrelaça com a ascensão da axé music e com a criação do circuito Barra-Ondina, consolidando-se como um dos principais símbolos da folia baiana. Daniela Mercury, é uma das grandes responsáveis pelo impulsionamento da entidade, afinal ela já soma 29 anos à frente dela.
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A história do bloco começou em novembro de 1985, quando Alano Frank, Bernardo Araújo, Frederico Carmel, Luciano Sotelino, Marcelo Lyra, Marcus Rehem, Osvaldo Luis, Renato Linhares e Roberval Dórea, que se conheceram no Colégio Marista, em Salvador, decidiram criar um grupo para aproveitar o Carnaval e conhecer novas pessoas. Dois anos depois, em 1987, o Crocodilo estreava na avenida, tendo como principal atração o cantor e compositor uruguaio Jorge Zárath.
Com o tempo, o bloco se consolidou como referência no Carnaval, tendo sido liderado pela banda Asa de Águia e pelo cantor Ricardo Chaves, que havia estourado com o hit "O Bicho", grande hino da entidade. Mas foi em 1996 que o Crocodilo se atrelou ao nome de Daniela Mercury, que assumiu o comando do trio e decidiu insistir para levar os "crocodilos", como são chamados os associados, para a Barra.
![Daniela Mercury no comando do Crocodilo](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1300000/724x0/40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece0130670100202502102050-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1300000%2F40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece0130670100202502102050.jpg%3Fxid%3D6552390&xid=6552390)
Daniela e o Crocodilo: uma história de amor ao Carnaval
Daniela Mercury transformou o Crocodilo em um fenômeno. Em entrevista ao Portal A TARDE, a cantora destacou a relação especial com o bloco, que comanda há 29 anos.
Bloco muito importante, um dos mais reconhecidos da folia. A gente tem uma relação de amor no Crocodilo. Fomos criando um público muito fiel a mim e ao bloco
A artista não esconde a paixão pelo desfile e pelo público que a acompanha: "Tem gente que está lá porque ama o bloco e muitos que têm uma relação comigo. Acho que participo dessa sedução, dessa mágica, porque me tornei a trilha sonora de muitos carnavais, paixões e momentos especiais".
Daniela também lembra de toda a experiência que o bloco proporciona para a festa em Salvador, que, segundo ela, "é mágica e espetacular", algo "que todo mundo tem que viver".
Em 1997, por exemplo, o jornal A TARDE noticiou que os "crocodilos" tiveram a oportunidade de ver de perto Milton Nascimento em Ondina, algo que provocou emoção até mesmo na anfitriã. "A própria Daniela não conseguiu conter sua emoção ao cantar, junto com ele, a famosa Canção da América. [...] O tímido mineiro ensaiou passos do Carnaval baiano ao som da música Paula e Bebeto. Inesquecível", informou, na ocasião. No mesmo ano, Daniela já havia recebido Chico César em seu trio.
![Daniela Mercury falou sobre trajetória no Crocodilo](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1300000/724x0/40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece0130670100202502101843-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1300000%2F40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece0130670100202502101843.jpg%3Fxid%3D6552391&xid=6552391)
Para celebrar os 40 anos do Crocodilo, a cantora promete um abadá retrô inspirado nos carnavais antigos, além de um repertório especial relembrando momentos marcantes da história do bloco e da Axé Music. "Eu canto sempre músicas próprias da história do bloco. Na hora que eu canto os associados se sentem importantes e os protagonistas. Eu acho que é isso que o Carnaval faz: devolve para a população o que é dela", desabafou.
O início do circuito Barra-Ondina
Um dos marcos mais importantes da história do Crocodilo foi a sua mudança para o circuito Barra-Ondina, hoje conhecido como Dodô. Até os anos 90, o desfile se concentrava na Avenida Sete, mas a superlotação do espaço levou Daniela Mercury a sugerir uma nova alternativa.
Em 1996, o bloco estreou na Barra, enfrentando resistência de alguns foliões, que ainda viam a Avenida Sete como o coração do Carnaval. "É óbvio que eles não queriam, pois o circuito principal era a Avenida Sete. Todo mundo ama a Avenida Sete, inclusive eu, mas estava muito engarrafado", explicou Daniela, que disse que chegava a cantar durante 11 horas, pois o trio ficava parado no circuito.
![Crocodilo no circuito Barra-Ondina](https://cdn.atarde.com.br/img/inline/1300000/724x0/40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece0130670101202502101843-1.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2Finline%2F1300000%2F40-anos-do-Crocodilo-Daniela-Mercury-enaltece0130670101202502101843.jpg%3Fxid%3D6552392&xid=6552392)
A mudança, no entanto, foi um sucesso e ajudou a consolidar um novo modelo de desfile. O jornal A TARDE noticiou na época da estreia do bloco no novo circuito: "O bloco sai com uma supercarreta com carro de apoio, 16 sanitários, conforto, segurança e espaço para 200 pessoas na parte de cima, além de um bar mais do que equipado".
Daniela reforça a importância do Crocodilo para a história do Carnaval de Salvador: "O bloco é parte da cultura da cidade. Antes eram sem corda, a gente saía, não tinha uma fantasia específica, depois começou a se fazer uma fantasia, ainda sem corda. Eu me lembro, eu pequenininha, na Avenida Sete, vi os blocos passando, aqueles cordões, com violão, às vezes com sopro. Então, eu tenho uma memória muito afetiva em relação ao bloco".
Além de impulsionar o circuito Barra-Ondina, Daniela criou um camarote próprio, que se tornou referência e ajudou a popularizar a festa entre turistas e artistas de renome. O historiador Rafael Dantas explica que essa expansão do Carnaval ocorreu a partir da década de 70, mas foi nos anos 90 que ganhou força total. "O Carnaval baiano, atrelado ao axé music, consolidou-se como um grande atrativo turístico", destaca.
"O circuito Barra-Ondina surge meio que por acaso e acaba se consolidando como lugar de referência. A Barra também passa a se tornar um destaque, principalmente com os camarotes colocados em um segundo momento, como o Camarote 2222 e a varanda do edifício Oceania, que acabam se tornando lugares para receber artistas e políticos, ou seja, vitrine em diversos aspectos", lembra o historiador, que acrescentou, porém, "que o carnaval de rua, no centro da cidade de Salvador, é que sempre dominou e liderou ao longo do tempo".
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