ENTREVISTA EXCLUSIVA
Daniela Mercury nega crise na axé music: "Domina o Brasil desde sempre"
Cantora rebate ideia de crise no movimento e destaca a história e a força do gênero nas últimas décadas
Por Luiz Almeida
Uma das vozes mais emblemáticas da Axé Music, Daniela Mercury não esconde a sua paixão pelo gênero musical e cada detalhe da história do Carnaval de Salvador. Eterna apaixonada pela festa que movimenta milhões na cidade baiana, a cantora artista esteve na sede do Grupo A TARDE, onde bateu um papo com o Portal e com o programa Papo Reto da A TARDE FM (103,9), nesta segunda-feira, 3, e negou crise na música baiana.
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"É o gênero da música popular brasileira que mais tempo sobreviveu, lançando grandes artistas para o cenário nacional. [...] Há um preconceito. Tudo que ninguém conhece causa estranhamento, e o axé vem do Nordeste, então sempre foi caracterizado como regional", desabafou a artista.
Daniela relembrou as dificuldades enfrentadas pelo gênero nas décadas de 1980 e 1990, quando artistas do axé lutavam por espaço na mídia do eixo Sul-Sudeste. "Torciam o nariz", disse, citando bandas como É o Tchan e Ilê Aiyê. Ela também ressaltou que o pagode baiano ainda enfrenta mais preconceito do que o funk carioca. "Porque [o funk] vem do Rio. Tem um certo bairrismo, como se Rio e São Paulo definissem o que é bom ou ruim."
A cantora defendeu a longevidade do axé e sua capacidade de reinvenção. "Nenhum outro gênero ocupa tanto espaço nas rádios e tem um mercado tão forte. No verão, a gente domina o país desde sempre", afirmou.
É natural que outros ritmos ganhem protagonismo em certos momentos, mas o baiano dita sua própria moda: transita do samba-reggae para a lambada, para o pagode, e reinventa o axé
Daniela também destacou a diversidade musical do gênero: "O axé é uma fusão de sonoridades e ritmos urbanos, que bebe de várias fontes. Tudo que é dançante a gente incorpora. Temos um domínio da rua, sabemos conduzir multidões, e essa interação entre artista e público veio do axé".
Polêmica sobre circuitos: Daniela defende permanência na Barra
Daniela foi pioneira no circuito Barra-Ondina e enfrentou resistência ao levar blocos para essa região, quando o Campo Grande ainda concentrava a festa. Hoje, a realidade é oposta: a orla é o principal palco do Carnaval, chegando a registrar superlotação, como ocorreu em 2024.
Apesar dos debates sobre a necessidade de redistribuir os trios entre os circuitos, a cantora é contra qualquer mudança drástica. "Não quero sair da Barra e acho um absurdo tirar o Carnaval de lá. Se for estender, que seja para a Avenida Sete. O Carnaval precisa da Barra", declarou.
E falando em trio no circuito, Mercury confirmou a 'Pipoca da Rainha' no primeiro dia oficial da folia, na quinta-feira de Carnaval. Além desse dia, ela ainda pretende oficializar outras saídas sem cordas durante a festa e mais um ano do bloco 'Crocodilo'.
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