AMBULANTES
Carnaval deixou de ser principal fonte de renda para ambulantes
Cordeiros, catadores de resíduos e ambulantes se encontram em grande parte no mercado informal
Por Azure Araujo

Todo ano centenas de trabalhadores e trabalhadoras em situação de vulnerabilidade social buscam no Carnaval de Salvador uma fonte de renda. É o caso principalmente de cordeiros, catadores de resíduos e ambulantes que trabalham em grande maioria de forma autônoma e no mercado informal.
“O Carnaval vem para incrementar de ano em ano, mas tem ambulantes que já trabalham no dia a dia. Antes dava para sobreviver com a renda do Carnaval, hoje não dá mais”, explicou Graziela Lima, presidente do Sindicato dos barraqueiros, ambulantes e quermesseiros do Estado da Bahia (Sindbaqa), com exclusividade ao Portal A TARDE.
Para a também ambulante, o principal fator para essa diminuição na obtenção da renda extra durante o período carnavalesco foi o aumento de desemprego e consequentemente de trabalhadores no mercado informal. “Teve ano que dava para trocar um móvel, comprar uma geladeira, cama, televisão. No ano passado só deu para pagar algumas contas”, desabafou Graziela Lima.
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De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), neste ano, 2.500 ambulantes foram credenciados no circuito Barra-Ondina, divididos da seguinte forma:
- 400 na Plataforma de Ambulante
- 900 do Farol da Barra até o Morro do Cristo
- 1.200 do Morro do Ipiranga até o Monumento Meninas do Brasil
Já no circuito Osmar no bairro do Campo Grande no centro, ainda segundo a Semop foram disponibilizadas 1.000 vagas.
A Semop também credenciou no período da Festa de Iemanjá, no 2 de fevereiro, 715 vendedores ambulantes licenciados e 600 com isopores que em parcela também estenderam as vendas para o Carnaval para aproveitar o momento de alta estação para se manter na baixa estação.
“Ano retrasado eu paguei contas, viajei, ajudei algumas pessoas da minha família”, afirmou José Augusto, ambulante que também trabalha nos interiores do Estado e disse que em 2024 não obteve uma renda significativa, mas neste ano tem perspectiva de quitar algumas dívidas e viajar.

Alguns ambulantes reportaram ao Sindbaqa a forma como foi feito o credenciamento na medida em que muitos trabalhadores ficaram de fora do credenciamento. “Pessoas que trabalham há anos ficaram de fora”, disse Graziela Lima que também pontuou que apesar da atuação da Prefeitura em diversos bairros para auxiliar os trabalhadores no credenciamento, muitos perderam pontuação no sistema, e sem conhecimento da justificativa, foram desclassificados.

A presidente também reforçou a dificuldade de limitação na venda de cerveja no sistema, visto que muitos clientes buscam por marcas que podem não estar disponíveis. “Levar ao cliente a satisfação daquilo que ele quer beber, porque até os foliões iriam ficar satisfeitos”, conclui a presidente do Sindbaqa que também pontuou que para além da cerveja a principal fonte de lucro está na água.
Atualmente, a Semop fornece capacitação para os trabalhadores de isopor junto às cervejarias. O Sindbaqa também pretende no próximo ano junto ao órgão oferecer um curso de manejo da renda advinda do Carnaval.
Em sua maioria com baixa instrução, grande parte dos ambulantes, entre eles barraqueiros, baleiros, queijeiros, quermeceiros e vendedores de bebidas no isopor, enfrentam diversas dificuldades como falta de EPI´s, alto custos da passagem para deslocamento, por isso muitos e muitas demarcam seus lugares e acampam nos circuitos uma semana antes do início da folia.

Na última quarta-feira, 19, cordeiros e ambulantes se reuniram em audiência pública na Câmara Municipal de Salvador, para levar as reivindicações para o Carnaval de 2025. Esteve presente na reunião o promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia, Arthur Ferrari, que orientou os trabalhadores a formularem e colocarem por escrito uma representação ao Ministério Público da Bahia.
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