BRIGA POR AUDIÊNCIA
Batalha de gigantes: Netflix quer roubar audiência do YouTube
Netflix pretende apostar em algo “novo” a partir de 2026

Por Edvaldo Sales

A partir de 2026, a Netflix quer colocar podcasts em vídeo dentro do próprio catálogo. A ideia é disputar a atenção de quem assiste conteúdo casual no YouTube e no TikTok. A aposta quebra o foco da plataforma em filmes e séries para investir em produções rápidas, baratas e centradas em personalidades.
A gigante do streaming quer aumentar o tempo de engajamento, atrair públicos mais jovens e ampliar seu inventário publicitário, posicionando-se como um novo lar de “talk shows modernos”.
A estratégia da empresa repete a lógica que a empresa usa com filmes e séries, que é primeiro licencia formatos que já funcionam no mercado, depois amplia a aposta financiando produções exclusivas. Esse movimento começa com um acordo com o estúdio de podcasts do Spotify, o The Ringer, que levará conteúdos em vídeo para a plataforma.
Com isso, a partir do ano que vem, os podcasts do The Ringer estarão disponíveis em vídeo na Netflix nos EUA, com expansão planejada para outros mercados. Também estão na lista títulos como The Bill Simmons Podcast, The Zach Lowe Show, The Big Picture, The Rewatchables, Conspiracy Theories e outras propriedades que misturam esporte, cinema e true crime.
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Além disso, como parte do acordo, esses programas não aparecerão “na íntegra” no YouTube. É um detalhe que explicita a tentativa de tirar audiência do rival e construir exclusividade de consumo dentro da Netflix.
Segundo o The Wrap, a ideia é ir além do licenciamento. A plataforma quer inundar o catálogo com 50 a 75 programas originais de podcast em 2026, todos em vídeo. A empresa já começou a sondar talentos para criar programas exclusivos, focados principalmente em temas que dialogam com séries e documentários populares do serviço.
O plano ainda inclui negociações com iHeartMedia e SiriusXM, o que indica que a Netflix quer garantir volume antes de brigar por audiência. Os acordos iniciais são descritos como “experimentos de baixo custo”, com muitos valendo menos de US$ 10 milhões e com duração de apenas um ano.
Na primeira fase, a Netflix não exibirá anúncios próprios, mas os podcasts manterão os anúncios já vendidos pelo Spotify dentro dos episódios. Isso reforça que o objetivo inicial é tração, não monetização imediata.
Netflix quer capturar intervalos do dia
O objetivo da Netflix é capturar os intervalos do dia nos quais o público acompanha conteúdo sem foco absoluto, enquanto trabalha, faz exercícios, enfrenta afazeres domésticos. “Quando as pessoas não estiverem usando a Netflix, queremos conquistar o máximo possível desse tempo”, descreveu uma pessoa próxima à estratégia ao The Wrap.
A ideia é que a plataforma possa ser “ligada e deixada rodando”, exatamente como acontece no YouTube, onde conversas longas dominam o consumo em segundo plano. Porém, a aposta da Netflix enfrenta resistência, pois criadores e redes como a Dear Media não querem abrir mão da distribuição múltipla, defendendo que “a força desse meio está em poder encontrar o consumidor onde quer que ele escolha estar”.
Além disso, há um obstáculo tecnológico. O algoritmo da Netflix tende a enterrar títulos pequenos, o que representa um risco para programas que chegarão com público limitado.
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