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‘Cidade de Deus’: “Balde de água fria”, diz ator sobre morte de personagem
Morte aconteceu no quinto episódio, lançado neste domingo, 22, na HBO e na Max
Por Edvaldo Sales
O quinto e penúltimo episódio de ‘Cidade de Deus: A Luta Não Para’ é, até agora, o mais catártico e emocionante da série que continua a história do filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund, lançado em 2002. Além de mergulhar de maneira visceral na guerra entre traficantes e a polícia na CDD, o novo capítulo do programa mostra as consequências impactantes desse confronto. Isso é evidenciado, principalmente, pela morte chocante de um dos personagens mais queridos daquele universo.
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ATENÇÃO: Este texto contém spoilers do quinto episódio da primeira temporada de ‘Cidade de Deus: A Luta Não Para’.
Lançado neste domingo, 22, na HBO e na Max, o episódio é uma grande despedida para o Barbantinho, que acaba se tornando mais uma vítima da violência que assola a realidade dos moradores da CDD. Responsável por dar vida ao personagem no filme e na série, Edson Oliveira falou com exclusividade ao Cineinsite A TARDE o que sentiu quando ficou sabendo da morte do amigo de Buscapé (Alexandre Rodrigues).
“Foi difícil quando eu fiquei sabendo que o Barbantinho ia partir na primeira temporada. Foi muito difícil encarar isso. Eu gostaria, do fundo do meu coração, de poder viver um pouco mais esse personagem. Mas assim, aos poucos, eu fui entendendo a importância da morte do Barbantinho e o legado que essa morte vai deixar na série”, pontuou.
Segundo Edson, a partir da morte do Barbantinho existe um divisor de águas na história, pois é um algo que vai trazer outras visões para agregar na melhoria da comunidade.
Tem uma importância ali, o Barbantinho não está morrendo em vão, mas foi difícil. É uma despedida de um personagem tão querido e que tem uma importância muito grande para mim, no meu coração, e que eu vou levar na memória para sempre assim.
Por dentro da cena
Edson Oliveira deu detalhes de como foi gravar a cena em que o Barbantinho é socorrido por Buscapé e Berenice (Roberta Rodrigues). Carregada de emoção e com uma entrega genuína dos atores, a sequência demorou para ficar pronta. Ele contou que o diretor Aly Muritiba (‘Deserto Particular’) falou para os três não se preocuparem com o tempo da cena.
“Ele conversou com toda a equipe, deixou uma atmosfera bacana, todo mundo respirando junto, ninguém falava, uma cena super em silêncio. O Aly falou: ‘comecem devagar, vai no tempo de vocês’. A gente já tinha feito algumas preparações dessa mesma cena com a Fátima Toledo e o Aly. Foi uma cena bastante demorada. Até a gente chegar naquele estágio de emoção à flor da pele demorou”, revelou.
Como ator, rola a dor da despedida e, como personagem, rola a dor da morte. Foi um mix de coisas na minha cabeça para administrar. Acho que a cena vai falar por si só do que a gente viveu ali.
De volta à CDD
O intérprete de Barbatinho contou também que recebeu a proposta para fazer a série através de Fernando Meirelles durante a CCXP, em São Paulo, de 2022. “O Fernando chegou para mim e falou: ‘Vai rolar a série de Cidade de Deus e eu quero você nela’. Eu fiquei sem acreditar. A gente se abraçou”, lembrou.
Ele continuou: “Quando eu recebi o roteiro e eu vi que o Barbantinho ia morrer, foi tipo um balde de água fria, confesso. Parecia que ia morrer alguém da família. Aí eu comecei a criar aquela loucura: ‘Eu preciso falar com alguém sobre isso. Tentar mudar isso, jogar a morte para mais pra frente’. Mas, ao mesmo tempo, tinha aquela felicidade imensa de poder trabalhar em um papel tão importante, em algo tão grande como Cidade de Deus e poder viver esse personagem novamente”.
Espero que o Barbantinho deixe um legado, mesmo com a partida dele. Que ele deixe uma transformação no olhar do espectador. Eu tenho certeza que o Barbantinho tem uma missão a cumprir tanto com os espectadores quanto com as pessoas que estão envolvidas com a teledramaturgia.
Legado da série
Por fim, Edson Oliveira destacou que o legado da série é diferente do que foi eternizado pelo longa, que conforme o ator, contou muito do universo do tráfico de drogas na Cidade de Deus, da história dos traficantes e das pessoas que nasceram lá.
“Eu acho que o diferencial da série é que ela entra dentro dos personagens, ela invade a vida deles, entra dentro das casas dessas pessoas e busca um lado humano delas. O filme tinha isso, mas a série destrincha um pouco mais, tem mais tempo para contar a história de cada um desses personagens”, enfatizou.
Edson completou: “O legado é esse. O filme ‘Cidade de Deus’ veio para mostrar que a nossa história tem poder, o mundo quer conhecê-la. Porém, não finalizou. A gente tem mais coisas para contar. Os problemas continuam e eles são os mesmos. Enquanto tem pessoas trabalhando, tem outras morrendo, passando necessidade e com fome nas periferias do Rio”.
Assista ao trailer de ‘Cidade de Deus: A Luta Não Para’:
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