COB x Educação

Quem acompanha esse espaço sabe do olhar crítico que temos em relação ao esporte e sua gestão. Em mais de 10 anos, a coluna Acréscimos jamais se furtou de apontar falhas e discordar de caminhos escolhidos por entidades, governos, atletas e imprensa. Também nunca deixou de elogiar, quando necessário e merecido, o que é o caso do texto de hoje, que falará sobre uma ação do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e seu braço educacional.

O Instituto Olímpico Brasileiro (IOB) é a área de educação do COB para o esporte olímpico. Fundado em 2009, o IOB promove diversos programas de capacitação e desenvolvimento para a comunidade esportiva. Beneficiam-se dos cursos atletas olímpicos e em formação, ex-atletas, treinadores, gestores e o público geral interessado em um melhor conhecimento do esporte e a complexa estrutura por trás de medalhas, recordes e competições. Em 15 anos de existência, mais de 470 cursos já foram oferecidos e mais de 40 mil pessoas foram capacitadas.

São cinco programas diferentes desenvolvidos pelo IOB. A ‘Academia Brasileira de Treinadores’ é voltada para formação e certificação de profissionais para atuar como técnicos de alto rendimento. Já o ‘Programa de Capacitação de Gestores’ visa promover e expandir os conhecimentos necessários para um gerenciamento mais eficiente de organizações. O braço de ‘Projetos Especiais’ desenvolve projetos para dar suporte a objetivos estratégicos do COB e também desenvolve produtos personalizados para a área de educação e uso de novas tecnologias da entidade.

São todos esses programas importantíssimos, mas as minhas ações favoritas atendem a duas demandas muito carentes no esporte nacional: o ‘Programa de Carreira do Atleta’, que abrange o planejamento e a preparação desde a iniciação da carreira no alto rendimento até a fase de transição para o mercado de trabalho; e o ‘Programa Esporte Seguro’ (PES), que mira contribuir para uma cultura de prevenção, reconhecimento, enfrentamento e adoção de boas práticas no ambiente esportivo, combatendo violências, assédio, abuso, racismo, doping e manipulação de competições.

Nesta última semana, por exemplo, o canoísta baiano Erlon Souza, medalha de prata no C2-1000 m com Isaquias Queiroz na Rio-2016, iniciou o curso de ‘Transição de Carreira’. Em sua 11ª edição, a versão 2024 tem 12 atletas-estudantes, que por sete meses terão aulas e workshops presenciais e remotos, e desenvolverão suas habilidades prévias como atletas, com oportunidades de estágios, programas de trainee e vivências profissionais, além da possibilidade de bolsas de estudos em diferentes áreas.

O ‘Esporte Seguro’ é um programa mais recente, com início de atividades em 2018, mas que discute questões que são urgentes para o esporte e a sociedade. Na próxima terça-feira, no Rio de Janeiro, acontecerá, por exemplo, a 1ª edição do Fórum Nacional do Esporte Seguro, que, com palestrantes nacionais e do exterior, trabalhará desafios comuns às organizações esportivas em relação a boas práticas. No evento também será lançado o ‘Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte’, documento que detalha oito padrões mínimos de segurança para o ambiente esportivo.

Em minha cobertura in loco em Paris-2024, pude ver de perto como o PES estava presente na Missão Olímpica. Além de palestras e profissionais disponíveis aos atletas, com um canal de ouvidoria, cartazes de boas práticas estavam espalhados por todo o prédio da Vila Olímpica e do Time Brasil.

Não tenho dúvida de que informação e educação devem ser base para o esporte sadio e forte. O investimento do COB nessa área é um acerto sem tamanho.