Um retrato da economia baiana | A TARDE
Atarde > Colunistas > Armando Avena

Um retrato da economia baiana

Publicado quinta-feira, 21 de novembro de 2019 às 06:00 h | Autor: Armando Avena
Principal setor da nossa economia é a administração pública | Foto: Ilustração | Freepik
Principal setor da nossa economia é a administração pública | Foto: Ilustração | Freepik -

Qual é o principal setor da economia baiana? O senso comum diria que é a indústria, já que aqui está sediado o maior polo industrial do Nordeste. Ou talvez, se destacasse o turismo ou a agropecuária. O senso comum está errado, o principal setor da nossa economia é a administração pública, que gera um produto de aproximadamente R$ 56 bilhões, representando 20,8% do PIB baiano.

A indústria de transformação responde por apenas 12% do PIB baiano e a agropecuária por cerca de 7%. É essa força econômica que explica o poder do setor público e faz com que grande parte da economia estadual seja dependente das decisões governamentais. Vale lembrar que a Bahia é uma economia de serviços e esse setor representa 71% de tudo o que se produz por aqui, mas 30% do PIB do setor serviços é gerado na administração pública, enquanto o comércio produz 18%, as atividades imobiliárias 14% e o turismo cerca de 5%.

A informação refere-se ao ano de 2017, mas é quentíssima e foi divulgada semana passada pelo IBGE. Ela demonstra também que é preciso privatizar a Refinaria Landulpho Alves ou pelo menos reativar sua produção. Nesse ano, a Bahia, que era a sexta maior economia do país, representando 4,1% do PIB brasileiro foi superada por Santa Catarina, e a explicação é uma só: a indústria perdeu participação na economia baiana, em função da queda no refino e na redução da produção de petróleo e gás nas bacias de Tucano e Recôncavo. Não é nada muito grave, Bahia e Santa Catarina, que respondem por 4,2% do PIB brasileiro, revezam-se no sexto lugar, mas o dado mostra que é fundamental para a Bahia resolver a questão da Petrobras e retomar os investimentos no setor.

O IBGE mostra também que a Bahia especializa-se cada vez mais na produção de energia, que representava 12% da indústria baiana em 2016 e pula para 15% no ano seguinte, trazendo a força da produção estadual de energia eólica e solar. E o salto seria maior se houvesse mais leilões de energia. Os números oferecem um bom retrato da economia baiana e expressam que precisamos ampliar o papel do setor privado e reduzir o tamanho do setor público, que não pode representar mais que 12% do PIB, como ocorre nas economias mais desenvolvidas.

A disparada do dólar

O dólar bateu em R$ 4,20 esta semana, a maior cotação nominal da história. Mas a hora é de vender, e não de comprar, afinal o Brasil não passa por instabilidade política ou econômica e tem U$$ 400 bilhões em reservas. O desequilíbrio entre a entrada e saída de dólares não ocorre porque o juro está baixo, ele está baixo no mundo inteiro; nem porque o leilão do pré-sal fracassou, pois já, já tem outro leilão.

A alta ocorre porque no fim do ano aumenta a demanda por causa das remessas de lucros das empresas para o exterior e por causa do duelo comercial entre China e Estados Unidos e da instabilidade política na América do Sul.

Leão e a Virtù

Maquiavel dizia que o político não podia confiar na sorte, a deusa da Fortuna, mas que precisava seduzi-la e para isso era preciso ter virtù, ou seja, a capacidade de fazer as coisas acontecerem. O vice-governador João Leão está mostrando que tem virtù e capacidade de seduzir a Fortuna, pois quando se envolve com um projeto, ele se consolida.

Foi assim com a energia eólica e hoje a Bahia é líder nacional no setor. Foi assim com a ponte Salvador-Itaparica e ela vai a leilão este ano. Recentemente, Leão teve reuniões com o ministro da Infraestrutura sobre a Ferrovia Oeste-Leste. Resultado: a subconcessão da Fiol foi aprovada pela ANTT e vai a leilão no 1º trimestre de 2020.

Publicações relacionadas