Um duelo, várias histórias
Confira a coluna do jornalista Leandro Silva
O Bahia já volta a campo sábado, contra o Internacional, na Fonte Nova. A lembrança mais óbvia sobre o duelo remete direta e logicamente aos dois jogos decisivos do Brasileiro de 1988, quando o Esquadrão conquistou a segunda estrela. Primeiro, a virada na Fonte, no jogo de ida, com os dois inesquecíveis gols de Bobô e, depois, a volta, no Beira-Rio, com o empate sem gols mais interessante, emocionante e importante da história do futebol.
Bahia e Inter também é o confronto que mais se repetiu na história das participações do Esquadrão na Libertadores, com quatro duelos. O triunfo tricolor mais recente no histórico, com gol de Biel, também merece ser mencionado. Apesar do placar magro, de 1 a 0, foi uma das atuações mais consistentes no Brasileiro do ano passado. Certamente, foi o maior triunfo do clube, atuando com uma camisa rosa.
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Para mim, há outro duelo entre Bahia e Inter que não sai da memória, mesmo tendo completado 30 anos há cerca de dois meses. Paradoxalmente, do ponto de vista pragmático, poderia ser um daqueles jogos que a gente nem gosta de lembrar, pois infelizmente terminou em eliminação, mas aquele 5 a 4 foi um dos jogos mais espetaculares que presenciei na antiga Fonte.
Por isso, tem um lugar especial no meu coração. Prefiro guardá-lo como um triunfo isolado, dissociado de qualquer contexto de competição.
Mas, para efeito de contextualização, é preciso dizer que ele valia uma vaga nas quartas da Copa do Brasil e que o Bahia saía em desvantagem por ter perdido o jogo de ida, no Beira-Rio, por 1 a 0, com gol do atacante Paulinho McLaren.O goleiro Sérgio Guedes, o zagueiro Argel, o meia Caíco e o atacante Mazinho Loyola eram outros destaques gaúchos.
O treinador era Joel Santana, que, vale lembrar, havia chegado a um time em crise, que tinha perdido dois turnos do inesquecível Baiano de 1994. Do primeiro para o segundo jogo, Joel promoveu três mudanças.
Uma troca na zaga, com Advaldo NBA na vaga de Augusto, outra no ataque, com Marcelo Ramos, no lugar de Zé Roberto, e ainda promoveu uma mudança tática, com a saída do volante Israel, trocado pelo atacante Raudinei, poucos meses antes de se tornar lenda.
O resto do time foi formado por Rodolfo Rodríguez, Odemilson, Missinho, Serginho, Maciel, Uéslei, Paulo Emílio e Gilson.
O lateral Serginho, antes de fazer sucesso no Milan, viveu um ano mágico no Bahia em 1994. E foi dele o primeiro gol, com um minuto, de cabeça. Marcelo ampliou, de pênalti, aos seis. Era só manter o placar, mas o duelo ainda reservava muitos gols e emoções.
Paulinho McLaren reforçava o papel de carrasco e empatava, com dois gols, aos 15 e aos 17, de cabeça e de virada. Antes do intervalo, Mazinho Loyola virou o jogo diante de uma torcida incrédula.
No segundo tempo, Marcelo Ramos acertou o travessão em cobrança de pênalti. Aos 17, Paulinho McLaren fez o terceiro dele, de pênalti, ampliando para 4 a 2.
Foi a partir dos 24 minutos que o Bahia iniciou uma das recuperações mais espetaculares. O pitbull Uéslei, em cobrança de falta, fez o terceiro. A torcida incendiou e Marcelo marcou o segundo dele, aos 40 minutos: um golaço de falta.
Aí um cara chamado Raudinei fez uma espécie de ensaio para o feito que o colocaria para sempre na história tricolor pouco tempo depois: decidiu o jogo, aproveitando rebote de cobrança de falta de Missinho, fechando em 5 a 4. Não foi suficiente para a classificação, mas coroou uma partida inesquecível.