Um gol para a história
Confira a coluna do jornalista Leandro Silva
O título do Campeonato Baiano de 1994 completou ontem 30 anos. Essa é uma das conquistas que mais orgulham o torcedor tricolor. E aí, é preciso contextualizar, principalmente para os mais novos, que os campeonatos estaduais tinham um peso muito maior naquela época.
A título de comparação, por exemplo, os finalistas do Baiano de 2024 fizeram 13 jogos. Para chegar ao bicampeonato em 1994, o Esquadrão precisou jogar 38 partidas, em quatro turnos mais as finais, quase o triplo, portanto.
Não foram as 37 primeiras partidas, nem mesmo os primeiros 51 gols, entretanto, que tornaram esse título histórico tão importante, mas sim o 52º gol tricolor naquela competição. Raudinei entrou para a história, com um chute certeiro, aos 46 minutos do segundo tempo do Ba-vi decisivo do dia 7 de agosto de 1994.
Tudo sobre o Bahia
>>Tio de Luciano Rodriguez provoca Vitória e aumenta tensão para o Ba-Vi
>>"Recuperamos nossa confiança", afirma Everaldo após classificação
>>Gol no fim rende elogio de Luis Suárez à Lucho: "goleador"
O Bahia, por sinal, lançou essa semana uma camisa em homenagem à conquista. Linda demais.
O time de 1994 é um daqueles que me trazem mais memórias afetivas na história do clube. Há duas semanas, relembrei, nesse espaço, a história do espetacular Bahia 5x4 Inter, pela Copa do Brasil daquele ano. O título baiano e a grande campanha no Brasileiro daquele ano também ajudaram a criar um vínculo tão forte com aquela equipe.
Uéslei, Marcelo Ramos, Lima, Jean, Rodolfo Rodríguez, Serginho, Naldinho e Raudinei são alguns dos nomes lendários que fizeram parte da equipe durante a temporada. No Ba-vi decisivo, Joel Santana mandou a campo: Jean, Odemilson, Advaldo NBA, Missinho e Serginho; Maciel, Souza, Uéslei e Paulo Emílio; Zé Roberto e Marcelo Ramos.
Espera aí. E Raudinei? O atacante estava no banco, com a lendária camisa 15, aguardando o chamado para a história. Ele entraria no decorrer da partida, no lugar do volante Maciel, para ser o herói da Nação Tricolor. O baixinho gigante Naldinho também entraria no lugar de Zé Roberto.
O rival ainda contava na escalação com alguns nomes da campanha de vice do Brasileiro do ano anterior, como o lateral Rodrigo, os zagueiros João Marcelo e China e os atacantes Alex Alves e Picchetti. Também tinha Ramón Menezes e o centroavante Dão, que davam trabalho para o Tricolor.
Apesar de ser uma decisão, aquele Ba-vi não é oficialmente uma final de Baiano. Naquele ano, a fase decisiva contou com um triangular, envolvendo o Esquadrão, campeão de dois dos quatros turnos, o Camaçari, campeão do primeiro, e o Vitória, que venceu o segundo. E o Esquadrão chegou à rodada final com a vantagem do empate para ficar com o título.
Com mais de 100 mil torcedores presentes na Fonte, sendo o maior público registrado na história dos Ba-vis, foi o Vitória que saiu na frente, com um gol de Dão no final da primeira etapa. Mesmo tendo mais chances de gol, o Bahia foi para o vestiário em desvantagem no marcador.
Depois do intervalo, o Bahia precisou se expor mais e partiu para a trocação. Os goleiros, em tarde inspirada, entretanto, insistiam em manter aquele incômodo 1 a 0 no placar. Roger, pelo Vitória, e Jean, pelo Bahia, se destacavam com grandes defesas.
Quanto mais o tempo passava, a torcida do Vitória ficava mais confiante e já comemorava a conquista do título, provocando, nas arquibancadas.
Até que Jean passou para Missinho, que mandou para a frente, Advaldo NBA ganhou pelo alto, Souza, também, e a bola chegou à outra área, na medida, para o pé esquerdo de Raudinei, que explodiu a torcida tricolor, com um chute certeiro e inesquecível.