Os caminhos entre as pedras
Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970
No sábado, a Seleção Brasileira enfrentará o México, o primeiro de dois amistosos antes da Copa América, nos EUA. Equador, Colômbia e, principalmente, Uruguai, evoluíram e estão próximas do Brasil, Argentina e das principais seleções europeias.
Nos recentes amistosos contra Inglaterra e Espanha, o Brasil jogou melhor do que se esperava e consolidou dois bons caminhos. O primeiro é o de passar a ter meio-campistas hábeis, leves, dinâmicos, que avançam e recuam, acostumados ao estilo intenso do futebol inglês, apesar de não haver um grande craque do nível dos melhores do mundo na posição.
O segundo caminho é o de poder utilizar a excelente e entrosada dupla de atacantes do Real Madrid formada por Vinicius Junior e Rodrygo, embora o Real jogue de uma maneira diferente da Seleção.
O Real atua com uma linha de três no meio campo e mais Bellingham livre e próximo de Rodrygo e Vini. A seleção nos amistosos jogou com dois meio-campistas e mais um meia á frente dos dois e próximo de um trio de atacantes (dois pontas e um centroavante).
No Real, Vini e Rodrygo não voltam para marcar pelos lados. Quando a equipe perde a bola Bellingham marca pela esquerda e Valverde pela direita, formando um quarteto com mais dois meio-campistas pelo centro.
No Brasil, se um time joga com um trio no meio campo e mais um meia de ligação e dois atacantes, como faz o Real, dizem que o técnico é retranqueiro e que escalou três volantes. O Real não tem um típico centroavante, um clássico meia de ligação nem um típico volante mais recuado e mais marcador, características que são supervalorizadas no Brasil.
Vinicius Junior se transformou em um jogador magistral, completo
Vinicius Junior se transformou em um jogador magistral, completo, quando passou a alternar as jogadas pela ponta e pelo centro, no momento certo.
Dorival conhece bem os caminhos entre as pedras. É preciso torna-los mais fáceis de serem percorridos.
Brasileirão
Assisti a bons jogos no final de semana pelo Brasileirão. Na estreia do treinador do Vasco, Álvaro Pacheco deve ter ficado assustado com os 6x1 e a enorme superioridade do Flamengo. Antes, o Vasco sabia que era inferior, porém marcava muito, o que não ocorreu nesta partida.
O Cruzeiro atuou bem contra o São Paulo, mas perdeu por 2x0. Detalhes ocasionais contribuíram bastante para o resultado. No inicio, quando o Cruzeiro era melhor, sofreu um gol. Lucas driblou o volante na intermediaria e os zagueiros, em vez de saírem na cobertura, ficaram colados à grande área, um problema comum nos times brasileiros. O goleiro Wanderson falhou também no gol.
Quando uma equipe fica com dez jogadores e está perdendo, precisa avançar e corre grandes riscos de levar uma goleada, pois deixa a defesa totalmente desprotegida. Isso não ocorreu com o Cruzeiro, que continuou atuando bem com chances de empatar.
O São Paulo melhorou com o novo técnico, Luís Zumbeldia
O São Paulo melhorou com o novo técnico, Luís Zumbeldia, no coletivo e no individual. Alisson, que sempre foi um jogador pelo lado, mediano, evoluiu bastante no São Paulo quando passou a ser um meio-campista sob o comando de Dorival Junior. Existem outros atletas fora dos seus lugares.
Nos últimos tempos, os atacantes hábeis, dribladores passaram a ser muito valorizados, enquanto os meio-campistas eram esquecidos. Isso começou a mudar, lentamente.
O gol começa com bom passe no próprio campo. Os dois tipos de jogadores são essenciais. Um bom time precisa do passe e do drible.