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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 24 de julho de 2024 às 5:18 h | Autor:

Relatividade das coisas

Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Lance do jogo entre Bahia e Corinthians
Lance do jogo entre Bahia e Corinthians -

No futebol, com frequência, treinadores tomam decisões corretas que dão erradas ou decisões erradas que dão certas, por causa dos inúmeros fatores envolvidos. Independentemente das habituais mudanças feitas no segundo tempo, o mais transformador na história de um jogo é o que acontece na primeira etapa.

A relatividade das coisas no futebol não anula a grande importância dos treinadores no comando, no planejamento e nas ações antes e durante os jogos. Além disso, os treinadores tentam controlar o imponderável e o caos de muitas partidas.

Na vitória fora de casa por 1X0 contra o favorito Bahia, o novo técnico do Corinthians, Ramón Dias, com poucos dias de trabalho, mudou a estratégia da equipe que passou a marcar por pressão quem estava com a bola e com isso atrapalhou a principal qualidade do Bahia, a troca de passes no meio campo.

Lance do jogo entre Bahia e Corinthians
Lance do jogo entre Bahia e Corinthians | Foto: Rafael Rodrigues/EC Bahia

Na vitória por 2X0 sobre o Cruzeiro, o Palmeiras orientado por Abel Ferreira, tinha sempre um marcador para pressionar Matheus Pereira quando recebia a bola. Na única chance que teve, o brilhante meia do Cruzeiro deu um ótimo passe que iniciou a jogada do gol, absurdamente anulado pelo árbitro, com a colaboração indevida do VAR. O árbitro nunca deve ter chegado perto de uma bola.

Os treinadores costumam utilizar no segundo tempo, ainda mais quando o time está perdendo, todas as substituições possíveis pela regra, que geralmente bagunçam o esquema tático e perde-se a chance de virar o jogo. Uma das grandes qualidades do Manchester City é não mudar a maneira de jogar mesmo quando o time está perdendo e jogando bem.

Seleção argentina teve variação tática na Copa América
Seleção argentina teve variação tática na Copa América | Foto: Logan Riely / AFP

Diferentemente da Colômbia, a Argentina fez várias substituições no segundo tempo, mas manteve a estrutura tática, o que foi fundamental na vitória na prorrogação da final da Copa América.

O futebol possui poucas regras, simples, mas as possibilidades durante as partidas são infinitas, uma paradoxal equação. Quem sabe, a matemática me ajudaria a compreender. Para isso, vou ler o livro “Histórias da Matemática, Da Contagem Nos Dedos À Inteligência Artificial”, escrito por Marcelo Viana, colunista da Folha, pesquisador, professor e diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada.

De uma área a outra
Quando eu jogava no Cruzeiro, meu pai me dizia que Pelé era o maior do mundo de todos os tempos, mas que Di Stefano, jogador do Real Madrid, era o único da história que jogava de uma área a outra. Tentei fazer o mesmo e foi um fracasso. Quando chegava ao campo adversário já estava cansado. Desisti de ser Di Stefano e contentei-me em ser o Tostão.

Lembro-me disso por causa das comemorações nos últimos dias dos trinta anos da conquista em 1994 do tetra mundial pela seleção brasileira. Na época, fui convidado pela TV Bandeirantes e na companhia do mestre Armando Nogueira me hospedei em Dallas, cidade onde estava o centro de imprensa da Copa do Mundo.

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Um dia, comia um sanduiche na lanchonete do centro de imprensa quando um senhor calvo, mais velho do que eu, se aproximou e disse que gostava muito da seleção brasileira de 70. Convidei-o para assentar e aí levei um susto ao reconhecê-lo. Era Di Stefano, ídolo de meu pai e do mundo. Ele era comentarista de uma emissora de tv da Espanha.

Di Stefano, como dizia meu pai, foi o primeiro jogador da história a atuar de uma área a outra. Hoje é a chave para se formar uma grande equipe.

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