O assassinato de Cristal na boca de uma campanha é nitroglicerina | A TARDE
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O assassinato de Cristal na boca de uma campanha é nitroglicerina

Numa campanha, imputar a alguns a responsabilidade que é de todos, cola bem mais fácil

Publicado quinta-feira, 04 de agosto de 2022 às 06:15 h | Autor: Levi Vasconcelos
No Brasil, a violência só cresce e nunca houve, entre políticos, nenhum debate sério para encarar a questão
No Brasil, a violência só cresce e nunca houve, entre políticos, nenhum debate sério para encarar a questão -

Claro que a estúpida morte da menina Cristal Pacheco na boca de uma campanha eleitoral vira munição da boa para a oposição, partindo-se da lógica de que prevalece quem tem o poder na mão. E a era do PT, com Wagner e Rui Costa, ficou a dever nesse campo. Nossa violência cresceu e a sensação de insegurança também.

Mas vamos por os pingos nos is: no Brasil, não de agora, a violência só cresce e nunca houve, entre políticos, nenhum debate sério para encarar a questão. E disso resulta que numa campanha imputar a alguns a responsabilidade que é de todos, cola bem mais fácil.

Um detalhe: este ano o bolo do Fundo Eleitoral, ou o Fundão, como chamam, a grana que os nossos 32 partidos gastarão na campanha (à exceção do Novo, que recusou), é de 

R$ 4,9 bilhões. O custo do aparato de segurança no país inteiro é quase o mesmo, R$ 5 bilhões.

Sem horizonte —Isso sugere que os políticos, como conjunto, estão olhando mais para o próprio umbigo. Pondere-se, e por aí alguns apontam outros com os dedos sujos, como alguns bolsonaristas, esquecendo por conveniência que dias atrás o próprio Bolsonaro disse que Jesus Cristo só não comprou uma pistola porque na época não tinha.

Ora bolas. A ciência política diz que os três mais sublimes papéis de Estado são saúde, educação e segurança. Fica difícil quando na saúde o governante da vez já está no quarto ministro, na educação está aprofundado o corte de verbas e na segurança manda você comprar um fuzil. Como diria Arnaldo Jabor, sem essa de bala perdida, perdidos estamos nós.

Geraldo não conseguiu abrir sessão na Câmara Municipal

Decididamente a Câmara de Salvador ficou no olho do furacão depois que o presidente, Geraldo Júnior (MDB), virou o vice de Jerônimo, do PT, e se reelegeu presidente, por via das dúvidas.

Os aliados de Geraldo, ou Geraldinho, como chamam, enxertaram  num projeto de reajuste salarial gratificações extras para os agentes de saúde, que Bruno Reis, o prefeito, vetou.

A sessão de anteontem convocada por Geraldinho seria para apreciar os vetos. Iria cair, é claro, já que Bruno tem ampla maioria, mas Geraldinho encheu as galerias de agentes de saúde e o resultado: os aliados de Neto não foram, os de Bolsonaro também não, e não houve quórum sequer para abrir a sessão. 

Ele precisava de no mínimo 14 dos 43 vereadores. Teve 12. Os 27 aliados de Bruno não foram e os quatro neutros também não.

Os três que almejam a vice

ACM Neto deve anunciar o nome do vice hoje. Ontem, o nome do deputado federal Adolfo Viana, do PSDB, ainda circulava, mas dizem que a questão afunilou entre a vereadora Edylene Ferreira, do Republicanos, e Zé Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana.

Pesa contra Ronaldo o fato dele ter se filiado ao UB, o mesmo partido de Neto, que tem um mix de 13 partidos no entorno. Mas se não for ele, pior para Neto em Feira.

Marcelo Nilo sobrou com Neto. E admite: ‘Estou triste’

Sempre solícito com a imprensa, o deputado Marcelo Nilo (Republicanos) não quis dar entrevista, mas ao ser indagado sobre como está, sintetizou os seus sentimentos numa frase:

— Estou triste.

Nilo rompeu com a base do governo e mudou para a banda de ACM Neto com o compromisso de que seria candidato ao Senado. João Leão também brigou com o governo, mudou, ele cedeu achando que ficaria com a vice, sobrou. Pessoas próximas a ele dizem que ele vai ter que engolir o elefante..

A pedra no caminho foi o deputado federal Félix Júnior, presidente do PDT, um velho desafeto, que jogou na mesa algo tipo ‘ou ele ou eu’. Neto ficou com Félix. E Nilo ficou triste.

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