Dormir com o cão na cama é bom mas pode afetar o animal
Veterinários comportamentalistas alertam para o perigo do hábito dos tutores à saúde mental dos bichos
Colocar o pet para dormir na cama com os humanos gera suporte emocional ao tutor, mas, em alguns casos, pode comprometer a saúde dos animais. Tudo depende do perfil psicológico dos responsáveis pelo bicho e do temperamento do animal. O desenvolvimento de alterações comportamentais em cães não é consenso se o hábito, que é contraindicado para filhotes, for iniciado na fase adulta. Veterinários ouvidos pela PAPO PETdivergem sobre a prática - uns rejeitam, outros liberam com ressalvas em prol da saúde das espécies.
“Não vejo problema no cão dormir com o tutor, o problema real é se o cão não conseguir dormir sem ele”, afirma o médico veterinário comportamentalista Rafael Ramos 38 anos. Ele ressalta, que o tutor deve ensinar ao cão que em alguns momentos será preciso eles ficarem separados, como em caso de viagens e questões de saúde de ambos.
Este é o caso da buldogue francês Filomena, 4 anos, que nem toda noite dorme na cama com a advogada Marina Carvalho, 27 anos. “Às vezes, acontece dela querer dormir na cama dela, e na maioria das vezes, ela inicia a noite lá e depois é que sobe na minha cama”, conta. O hábito foi iniciado quando Filó era filhote e nunca trouxe transtornos a Marina.
Já o advogado Leonardo Mendes Cruz, 39 anos, não permite, em hipótese alguma, que Obi, um husky siberiano de 4 anos, fique em sua cama. “Essa escolha ajuda a impor limites ao pet, delimitar regras da casa e danos, quer seja de comportamento, quer seja de objetos da casa”, explica. Para ele, é importante haver separação das coisas. “Cama é o lugar do casal, não do pet”, afirma, categórico.
Menos radical, a empreendedora Raissa Silveira, 31 anos, evita, por questões de higiene, que o cachorrinho dela suba na cama ou no sofá. “Nunca deixei, ele é acostumado a não subir, acho benéfico pra mim e, quando preciso viajar, ele não depende de mim para dormir”, conta ela, que iniciou o hábito quando ele vivia solto no quintal, no Vale do Capão. Eventualmente, ela permite que ele suba em raros momentos depois do banho.
Apego excessivo
O veterinário Rafael Ramos recomenda nunca colocar o animal na cama para dormir com o tutor nas primeiras fases da vida pois pode desencadear ansiedade por separação. “Colocar filhotes na cama por dó pode levar a comportamentos de dependência excessiva. O cão pode ser tornar excessivamente apegado ao tutor e desenvolver dificuldades de ficar sozinho”, explica. Não é o caso da buldogue Filó que, quando precisa ficar com os pais da tutora Marina, em caso de viagem, dorme na caminha pet.
Fernanda Reis Silva, 41 anos, relações públicas, também diz nunca ter tido problemas ao permitir que Chanel, 3 anos, spitz alemão, durma na cama com ela desde que tinha 60 dias. “Escolhemos acolhê-la na nossa cama porque ela acordava chorando e querendo brincar “, conta. Hoje, a cachorrinha até alterna a noite de sono na cama do filho de Fernanda, de 11 anos, e na da tutora.
O médico veterinário e psicólogo humano Zenildo Prazeres, 59 anos, reforça que a ansiedade por separação é um risco nestes casos e pode ocorrer também com animais adultos. “Essa síndrome promove vinculação excessiva, salivação, micção e defecação fora do lugar indicado, destruição da casa, além dos problemas de pele e outros órgãos”, descreve. Prazeres afirma que o hábito pode estimular agressividade do animal. Isto por que os cães são gregários e o fortalecimento do vínculo acentua a necessidade de proteger o tutor.
Prazeres e Ramos lembram ainda o risco de transmissão de doenças zoonóticas, caso não haja o manejo adequado do animal. Por isto é importante manter em dia as visitas ao veterinário. Prazeres, que é psicólogo de humanos, aponta a contraindicação do hábito a pessoas que precisam de suporte emocional e estejam sem acompanhamento psiquiátrico ou psicológico.
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DR. PET
Veja como lidar com o comportamento do animal
Qual a razão do hábito de dormir com o cão poder afetar o animal?
O cão é um animal gregário, dessa forma ele forma vínculos com seus pares, como também nessa relação de convívio acontecem os conflitos na relação. A grande maioria das pessoas não sabe lidar com esses conflitos, porque somos de espécie diferente da deles.
Que cuidados o tutor deve ter sobre o comportamento do animal?
Procurar orientação de um médico veterinário especialista em comportamento animal no caso de uma pessoa em perfeito estado de saúde física e mental. Caso contrário, procurar orientação de psicólogo e médicos humanos.
Animais com determinadas doenças crônicas representam risco à saúde dos seus tutores no caso de dormirem na mesma cama?
Animais com certas doenças crônicas podem representar um risco à saúde dos tutores, especialmente se essas doenças forem transmissíveis. É crucial discutir com um veterinário as medidas para minimizar riscos de transmissão.
Fontes: Veterinários Rafael Ramos e Zenildo Prazeres