Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > PAPO PET
COLUNA

Papo Pet

Por Hilcelia Falcão

informações do mundo pet
ACERVO DA COLUNA
Publicado domingo, 02 de novembro de 2025 às 7:35 h • Atualizada em 02/11/2025 às 8:08 | Autor:

Luto por pets ainda é uma dor silenciosa acolhida por poucos

Apoio afetivo, amparo profissional e adoção de animais ajudam tutores a superar sofrimento

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
Imagem ilustrativa da imagem Luto por pets ainda é uma dor silenciosa acolhida por poucos
-

O vaso com a rosa do deserto onde estão depositadas as cinzas dos felinos Dino e Marcelinho foi a forma que a agente de viagem Tatyana de Carvalho Vaz, 53 anos, encontrou para criar um memorial delicado e amenizar a dor. Afinal, não foi fácil perdê-los tão de repente, de uma só vez.

“É tão forte que você fica anestesiada por um tempo. Ninguém imagina passar por esta experiência”, conta Tatyana que logo adotou as gatinhas Emília e Teresa. Elas a ajudam a superar a perda dos que foram responsáveis pelo ingresso dela no mundo pet.

Tudo sobre Papo Pet em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

Foi assim também com a advogada Luciana Cerqueira, 35 anos, que, sempre teve animais de estimação mas precisa ressignificar a dor a cada nova experiência. A perda de Belleti, um buldogue francês que faleceu após um procedimento simples, foi avassaladora.

“Foi muito doloroso e lembrar disso ainda mexe muito comigo. A gente vai aprendendo a conviver com essa dor”, diz Luciana, que adotou Kip logo após a partida de Belleti. Na sequência, veio Tieta. Os animais deram um significado ao processo de luto. “Abrir espaço para a chegada de um novo cão é uma atitude humilde, é reflorescer em um cenário vazio de tanta dor”, diz ela.

Saudade

Em meio à insensibilidade de quem minimiza o luto por um pet, o papel do médico veterinário é fundamental. ”Me senti bastante acolhida pelos profissionais que acompanharam, não tenho palavras para agradecer”, diz Tatyana ao referir-se às veterinárias Viviane Abreu, Tamires Viana, Bianca Nicchio e Letícia Dorea.

Embora não existam disciplinas específicas na formação do profissional, segundo a médica veterinária e psicóloga Ingrid Bueno Atayde, 46 anos, há universidades que ofertam disciplinas optativas sobre o tema. “Todos os tipos de luto precisam ser vivenciados, acolhidos e validados. Por vezes a pessoa que em um luto por um pet não encontra espaço para expressá-lo, pode ter o luto intensificado por falta de apoio social”, explica Ingrid, alertando para a necessidade de acompanhamento terapêutico.

Ela orienta os veterinários, sobretudo em casos de pacientes terminais, sobre a importância de ouvir a família multiespécie. O poodle Karim, o Kaká, que viveu por 16 anos até a dificil decisão da eutanásia exigiu esta abordagem. “Sabia que ele precisava descansar mas a separação foi difícil”, conta a empresária Élida Gomes, 43 anos, que enfrentou a incompreensão de quem não entendia a sua dor.

Felizmente, teve acolhimento do Crematório de Animais Pet Saudade e de pessoas próximas. “O luto (por um pet) tem a ver com o rompimento de laços profundos de companherismo, amor e convivência”, afirma Caio Lagrota Ribeiro, 37 anos, fundador do espaço. Ele lembra que quem perde sente, sofre, chora e tem direito a viver esse luto. A empresa oferece transporte respeitoso, registro da despedida com fotos e vídeos, envio de gravação e a oferta de lembranças afetivas.

Graças ao apoio amigo, 20 dias após a morte de Kaká, Élida adotou Duda, uma poodle idosa vítima de maus tratos. “Acompanhar o declínio deles, tão mais rápido que o nosso, mostra como, mesmo assim, eles nunca perdem a essência: o amor, e esta é a melhor forma de atravessar o luto”, ensina.

Entenda quando a tristeza exige buscar terapia

Em que momento a dor pelo luto por um pet pode ser considerada patológica?

O que nos alerta para o processo de luto patológico é o grau de sofrimento da pessoa, com interferência em sua vida social e no trabalho. Muitas vezes essa situação é demonstrada por alterações de humor (muito triste ou fazendo muitas piadas, fingindo alegria), consumo de álcool ou outras substâncias, dificuldades com o sono (falta ou excesso, sono agitado, interrompido), alterações no apetite, insistir nos assuntos relacionados ao animal, culpabilizar terceiros, etc

Adotar um novo pet para preencher o vazio deixado pela perda do seu bichinho querido é uma boa decisão?

O importante é refletir se já está preparado (a) para acolher um novo animal, perceber e respeitar suas individualidades, ao invés de projetar nele as características da relação anterior.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Tags

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco