SEGUE A ESPERANÇA
Confira a coluna escrita pelo jornalista Angelo Paz
Há uma notável melhora no Vitória. Não de um Ba-Vi para o outro. Mas do início do Brasileiro para este momento inicial do segundo turno, em que o Leão tem lutado rodada a rodada para finalizar a competição livre do rebaixamento. Este é, na realidade, o objetivo possível a ser perseguido pelo rubro-negro, que tem driblado as dificuldades no elenco limitado para manter-se, a cada partida, fora da zona de degola.
Se nas duas rodadas anteriores conseguiu alcançar esta meta com méritos após as duas vitórias seguidas contra Palmeiras e Cuiabá, deu sorte na última rodada e permaneceu acima dos quatro últimos mesmo com a derrota em um clássico lamentado por Thiago Carpini. Expulso logo aos sete minutos do segundo tempo, o treinador não esteve à beira do campo para ver um Leão agressivo na Fonte Nova. Por detalhes a equipe não balançou as redes quando a partida ainda estava 1x0 para o Bahia.
Chances criadas graças a um volume de jogo bem diferente do primeiro tempo, quando o Leão apenas buscou neutralizar as investidas mais agudas do time de Rogério Ceni, que mandou a campo mais uma vez uma equipe com boa capacidade de construção de jogo. Ao Vitória, coube segurar firme e levar a derrota mínima para o intervalo.
Com ajustes e mudanças realizadas, o Leão foi outro, mesmo sem Matheuzinho, que, óbvio, fez falta. Esse não será um problema para o duelo decisivo contra o Cruzeiro, na próxima segunda. Me arrisco a dizer que a base do time titular terá mais mudanças por opção de Carpini, que voltará a cumprir suspensão. Me refiro a Felipe Machado, que assim com Neris, chegou recentemente do clube mineiro, e tem construído o caminho para ser titular da equipe.
Esse é o Vitória, ainda em busca da melhor formação para sobreviver. Sempre em risco, é manter o discurso e o foco jogo a jogo, ponto frisado por Carpini outra vez na coletiva de imprensa após o Ba-Vi. Como é o último a jogar nesta próxima rodada, o Leão saberá antes mesmo de entrar em campo o grau de urgência (momentânea) pela vitória sobre um Cruzeiro, que de coadjuvante no Brasileiro passado, agora briga pela Libertadores. Por isso, um jogo pra lá de difícil no caminho do Leão. Mais um de muitos que ainda virão.
Se do ponto de vista da matemática, a derrota no clássico foi ruim - deixou o Leão com os mesmos 22 pontos do 17º colocado Corinthians, ela também incrementou algo de positivo à equipe. Principalmente no quesito confiança. Ter um segundo tempo como aquele na Fonte Nova lotada mostrou que o Vitória tem potencial para competir contra bons times e, mesmo sofrendo, vencer. É o que vai tentar fazer contra o Cruzeiro, agora com a força do seu torcedor.
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A expectativa é mais uma vez de grande público mesmo com um jogo sendo numa atípica segunda-feira. A torcida que acredita no Vitória tem encontrado nas últimas rodadas mais motivos para tal. Muito dessa fé se deve ao trabalho coletivo de Carpini, que tem valorizado, não só nas palavras, cada jogador que corre pelo outro ao seu lado.
Não à toa, deu chances no clássico a jogadores que ainda não tiveram grandes momentos nos jogos, como os atacantes Lawan e Pablo, que até de lateral-direito já jogou. Ambos têm mostrado nos treinamentos a fome tão esperada pelo professor. Apetite esse que faltou ao técnico meia Daniel Jr., emprestado ao América-MG, onde até já fez um golaço pela Série B. Em um time que precisa correr para sobreviver, se doar pelo coletivo é um pré-requisito mais do que necessário.