COMPORTAMENTO
Cabral não chegou à Bahia? Pesquisa reacende polêmica histórica
Modelagens científicas reacendem debate sobre o verdadeiro destino de Cabral

Por Isabela Cardoso

Um estudo recente reacendeu um dos debates mais emblemáticos da história brasileira: afinal, onde Pedro Álvares Cabral avistou o Brasil pela primeira vez? Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) defendem que o ponto inicial da expedição portuguesa pode ter sido muito mais ao norte do que registra a narrativa oficial.
Publicado no Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge, o trabalho dos físicos Carlos Chesman e Claudio Furtado indica que a frota de Cabral não teria chegado inicialmente a Porto Seguro (BA), mas ao litoral potiguar, entre Rio do Fogo e São Miguel do Gostoso.
A conclusão nasce de uma análise técnico-científica que combina simulações de vento e correntes marítimas, medições de profundidade e uma releitura da carta de Pero Vaz de Caminha.
O “monte redondo” pode não ser o Monte Pascoal
Ao confrontar descrições do documento de Caminha com dados geográficos atuais, os pesquisadores identificaram que o “grande monte, mui alto e redondo”, tradicionalmente associado ao Monte Pascoal, na Bahia, se encaixaria com maior precisão no perfil do monte Serra Verde, localizado no interior do Rio Grande do Norte.
Leia Também:
As simulações mostram que, após navegar cerca de 4 mil quilômetros desde Cabo Verde, as condições naturais favoreceriam uma aproximação pela costa potiguar.
Onde os portugueses teriam pisado primeiro
A pesquisa aponta ainda que o primeiro desembarque teria ocorrido na praia de Zumbi, em Rio do Fogo, e o segundo na praia do Marco, onde existe um marco de pedra datado de 1501.
A hipótese não nasce do zero: desde o século XX, estudiosos potiguares, como Câmara Cascudo, já sugeriam que a versão tradicional ignorava evidências náuticas e geográficas que aproximavam a chegada de Cabral do Nordeste setentrional.
Divergências históricas permanecem
Apesar dos novos cálculos e metodologias das ciências exatas, a tese não é consenso. Pesquisas clássicas, como a do almirante Max Justo Guedes, defendem a chegada à Bahia com base em rotas de navegação da época e na movimentação das caravelas sob ventos predominantes.
A nova análise, porém, reforça que revisitar documentos e confrontá-los com tecnologias modernas pode ampliar o entendimento sobre a formação do Brasil.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes


