NOVAS SALAS!
Casa de Jorge Amado inaugura espaços que ampliam memória e legado
A estreia das salas dedicadas a Zélia Gattai e Mãe Stella de Oxóssi aprofunda o projeto de renovação da Fundação e reforça seu compromisso com cultura

Por Beatriz Santos

A Fundação Casa de Jorge Amado dará mais um passo em sua renovação estrutural e simbólica na próxima sexta-feira, 12, quando inaugura dois novos espaços expositivos dedicados à escritora Zélia Gattai e à ialorixá e intelectual Mãe Stella de Oxóssi.
A apresentação acontece às 10h, em atividade exclusiva para imprensa e convidados, e o público geral terá acesso a partir das 12h.
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As duas novas salas marcam mais uma etapa da grande transformação iniciada no ano passado, quando a Fundação passou por sua maior reforma desde 1987. Segundo Angela Fraga, presidente da instituição, “Os dois novos espaços são parte da maior reforma realizada na Fundação Casa de Jorge Amado desde a abertura da Casa, em 1987".
"No ano passado, entregamos ao público uma instituição completamente renovada. Este ano, demos continuidade à integração dos casarões 47, 49 e 51, visando reafirmar o papel da Fundação como centro vivo de cultura, memória e literatura. Esses novos ambientes dedicados às escritoras Zélia Gattai e Mãe Stella de Oxóssi simbolizam a força feminina e a pluralidade cultural da Bahia”, completa.
Homenagens que conectam memória, literatura e ancestralidade
A sala dedicada a Zélia Gattai traz fotos, manuscritos e objetos pessoais que percorrem desde a trajetória literária até sua intensa relação com a fotografia. Companheira de vida e arte de Jorge Amado, Zélia (1916–2008) transformou lembranças em literatura desde o sucesso de seu livro de estreia, Anarquistas, graças a Deus (1979).
Filha de imigrantes italianos anarquistas, cresceu em um ambiente permeado por liberdade e idealismo, pilares que atravessam sua obra e que agora são resgatados na exposição.
Também fotógrafa, registrou momentos íntimos e históricos, deixando um acervo que ajuda a entender parte da vida cultural brasileira. A nova sala apresenta essas múltiplas camadas, destacando a artista que fez da memória um gesto de resistência e afeto.
A homenagem a Mãe Stella de Oxóssi (1925–2018) integra a Casa Exu 47, ambiente permanente dedicado ao orixá escolhido por Jorge Amado como guardião da instituição.
A ialorixá, que também foi escritora e referência intelectual do Candomblé, liderou o Ilê Axé Opô Afonjá e levou para a literatura o pensamento ancestral das religiões de matriz africana.
Autora de obras como Meu tempo é agora e Owé – Provérbios Iorubás, tornou-se, em 2013, a primeira ialorixá a ocupar uma cadeira na Academia de Letras da Bahia. Sua relação de amizade e troca com Jorge Amado e Zélia reforça o diálogo entre espiritualidade, escrita e identidade cultural.
Paloma Amado e João Jorge Amado, filhos de Zélia Gattai e Jorge Amado, estarão presentes na inauguração.
Um patrimônio em constante reconstrução
A Fundação Casa de Jorge Amado reforça, com essas aberturas, sua vocação de espaço vivo e em movimento. “Queremos que essa casa não seja apenas um depósito de documentos, mas um lugar de encontro, criação e produção cultural”, afirma Angela Fraga.
Ela acrescenta: “Nossa luta é diária, sempre buscando reafirmar-se como um dos mais importantes espaços de memória e cultura do país. Agora, ainda mais plural, feminino e baiano, celebramos o legado de Jorge Amado, Zélia Gattai, Myriam Fraga e Mãe Stella como vozes que continuam a inspirar o Brasil”.
Com a integração ampliada dos casarões e as novas salas dedicadas a mulheres que marcaram a literatura e a espiritualidade baiana, a Fundação reafirma sua posição como território de preservação, provocação e renovação cultural.
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