DVDs e internet popularizaram séries

Twin Peaks, após o Fantástico. Plantão Médico, toda quarta, depois da novela. Xena, sábado de manhã. Na década de 90, o acesso do brasileiro a seriados americanos era restrito à programação instável das redes abertas ou, no caso do público de maior poder aquisitivo, na tv paga. Nos anos 2000, no entanto, o acesso se democratizou. O primeiro passo foi o lançamento de clássicos e sucessos atuais em DVD. Para as distribuidoras, praticamente não houve gasto, já que as séries pertencem as emissoras dos mesmos conglomerados. Por exemplo, as séries da ABC saem pela Buena Vista, distribuidora do grupo Disney, dono das duas empresas.

Os boxes não foram parar apenas nas lojas de departamento, mas também nas prateleiras de locadoras. Para Alexandre Reis, gerente da GPW, dentre os dvds de catálogo que têm maior saída, a maioria dos locados corresponde a seriados. "Esse gênero começou no início da década e cresceu muito. As revistas especializadas para locadoras agora colocam seriados na capa, e damos igual destaque para lançamentos de filmes".

No entanto, o sucesso dos boxes não significa exatamente aumento dos lucros: "O cliente acaba locando menos, já que cada disco tem em média quatro episódios de 50 minutos, o dobro de entretenimento de um filme comum". Na locadora, depois da febre Lost, as séries mais populares são Heroes, 24 Horas e Prison Break.

O passo seguinte dessa democratização envolve uma batalha legal. De um lado, fãs gravam, passam para o computador e distribuem na internet episódios que acabaram de ser levados ao ar. Do outro, representantes dos canais tentam tirar os sites de download do ar, alegando quebra de direitos autorais.

"Com a popularização da internet, os espectadores começaram a ter outros comportamentos, como assistir ao programa na frente do computador, comentando as cenas em chats", afirma a professora Anna Rovirosa, da Universidade Autônoma de Barcelona.

A conseqüência da difusão de informações sobre as séries, então, é que não é mais possível esperar o intervalo entre a difusão americana e a brasileira. Baixa-se antes. A legenda é feita na hora, por fanáticos solidários. Há mais de um ano, a Polícia Federal fez operações para tirar do ar os sites de legenda, sem muito resultado.

Não há dados oficiais sobre downloads, mas levantamento informal do site especializado Séries Etc, com base em informações de programas de compartilhamento, dá conta de que o número de pessoas que baixa arquivos está próximo a superar a audiência de tvs. Usando o último episódio da terceira temporada de Lost como parâmetro, o site chegou a uma diferença de apenas 10 mil pessoas entre o ibope da tv e o número aproximado de pessoas que baixaram Lost na web: 200 mil contra 190 mil.

Diante da concorrência, algumas emissoras partiram para o contra-ataque, tentando angariar audiência para os próprios sites. Os fãs de House podem ver todos os episódios já exibidos no endereço do seriado.

Popularidade - No site de vendas Submarino, quatro dos dez produtos mais vendidos na seção de DVDs são boxes de seriados, incluindo os dois primeiros colocados: a terceira temporada da série House e a primeira de Agente 86, nessa ordem. Também estão no ranking a sexta temporada de Smallville, na sétima posição, e a caixa de 10 anos de Friends, na oitava.

O Ibope não divulga sistematicamente ranking de audiência de seriados na tv paga, mas uma lista atribuída ao instituto, que circula na internet afirma: no primeiro semestre desse ano, o programa do gênero mais assistido foi House, seguido por Lei e Ordem: SVU, Monk, CSI e Two and A Half Men. Lost, hit tardio na tevê aberta, nem aparece entre os 15 primeiros.

Veja trailer da quarta temporada de Lost: