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“VEM SER FÃ DE MULHERES NEGRAS”

“É um festival de afirmação”, diz Ângela Guimarães

Festival Latinidades é um evento, dedicado a celebrar a luta e as conquistas das mulheres negras

Por Flávia Barreto

07/07/2024 - 14:28 h
Ângela Guimarães, Secretária da SEPROMI Bahia, é uma das idealizadoras do Festival Latinidades
Ângela Guimarães, Secretária da SEPROMI Bahia, é uma das idealizadoras do Festival Latinidades -

Dedicado a celebrar a luta e as conquistas das mulheres negras, além de conscientizar a sociedade sobre a importância do combate ao racismo e sexismo, Salvador sedia o Festival Latinidades. Pautado no tema “Vem ser fã de mulheres negras”, o encontro conta com Ângela Guimarães, secretária da Sepromi Bahia, como uma das idealizadoras.

>>>Leia também: A Dama exalta Julho das Pretas: "Abrir portas para outras mulheres"

A secretária de igualdade racial fala sobre a importância do fortalecimento da moeda negra em Salvador e como as empreendedoras vêm recebendo auxílio do governo para juntas fortalecerem o projeto: “Salvador é uma cidade majoritariamente negra. Existe uma economia popular que circula a partir exatamente da produção de bens e serviços feitos por empreendedores e empreendedoras negras, que muitas vezes não são reconhecidos no mercado. Apesar das estatísticas indicarem que quem empreende, trabalha por conta própria e investe no negócio é exatamente a maioria da população negra, tínhamos poucas estratégias de políticas públicas que alcançassem esse público. Então buscamos na Sepromi desenvolver instrumentos da política estadual que fomentem o empreendedorismo negro, incluindo um crédito chamado ‘CrediAfro’, específico, com condições mais acessíveis para o acesso a esses empreendedores e empreendedoras”, explica Guimarães.

Ângela revela a importância de acolher as mulheres negras no Festival Latinidades e como os consumidores se sentem inclusos e representados com os serviços oferecidos: “Hoje, você vê num festival como esse, que é um festival de afirmação. É um festival que exala potência por todos os lados. No palco, desde a mestre de cerimônia até as atrações, são pessoas negras e, em sua maioria, mulheres negras. Toda a gestão dessa política é feita e pensada por pessoas negras. As empreendedoras são todas mulheres negras. E os produtos têm a nossa cara, nosso jeito, nossa forma de fazer, a forma de abordagem, o tratamento. É um fortalecimento de uma identidade, um fortalecimento de um mercado, uma potencialização de talentos, e de fato era uma demanda que esse segmento e que a sociedade como um todo também tinham. A gente se vê em quem produz e em quem vende coisas feitas para nós”, concluiu.

Hoje acontece o último dia da Feira Afro Bahia, que estará presente no Festival Latinidades, o festival de mulheres negras da América Latina, no Largo Quincas Berro D’água, das 14h às 20h, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador. Os dois eventos firmaram uma collab com o objetivo de contribuir para os setores do empreendedorismo e da economia criativa na capital baiana.

Maria França do Stand "vai ter gorda"
Maria França do Stand "vai ter gorda" | Foto: Denisse Salazar /AG. A TARDE

Maria França, do bairro de Itapuã, trabalha com moda plus size masculina e feminina, através do coletivo "Vai Ter Gorda". Com o intuito de promover inclusão e representatividade, Paulo Arcajo explica sobre o projeto: "O coletivo 'Vai Ter Gorda' trabalha a moda de forma ampla, abraçando a diversidade de corpos, mulheres, homens, todos que se aceitam. Não somos a favor da apologia à obesidade, mas sim trazemos às pessoas a consciência do que elas são e aonde podem chegar. O coletivo vem para transformar vidas, promover respeito, igualdade e equidade de gênero. Estamos aqui no movimento afro, na Feira Afro, para trazer diversidade. O 'Vai Ter Gorda' transforma vidas.”

Ana Márcia, moradora do bairro de Itapuã, trabalha com artesanato de alumínio e eco-malha
Ana Márcia, moradora do bairro de Itapuã, trabalha com artesanato de alumínio e eco-malha | Foto: Flávia Barreto

Ana Márcia, moradora do bairro de Itapuã, trabalha com artesanato de alumínio e eco-malha para a criação de suas joias. Após se aposentar como educadora, ela redescobriu a arte de viver do artesanato: "Fui buscando coisas que nem eu mesma sabia que conseguia fazer."

Juliana Barros do stand sandálias de couro
Juliana Barros do stand sandálias de couro | Foto: Flávia Barreto

Juliana Silva, de 30 anos e moradora da Ribeira, trabalha com sandálias de couro personalizadas à mão. A empresária fala sobre a importância dos seus produtos e como eles podem gerar um impacto social: “É importante desmistificar essa ideia de que sandálias de couro podem ser usadas somente na época de São João ou que não podem ser usadas em eventos de moda. Elas têm essa beleza, com búzios, acessórios dos orixás, todos feitos à mão. Perfeito, né?” explica.

Artesã capilar Jeruzza Menezes, moradora do Liberdade Curuzu e Deusa do Ébano de 1998
Artesã capilar Jeruzza Menezes, moradora do Liberdade Curuzu e Deusa do Ébano de 1998 | Foto: Flávia Barreto

Jeruzza Menezes, moradora do Liberdade Curuzu e Deusa do Ébano de 1998, fala sobre a representatividade do seu bairro no evento: “Nós aqui somos uma grande maioria da Liberdade. Temos um produto para mostrar, para vender, com ancestralidade, com axé e feito com muito carinho, para mostrar Salvador.”

A empreendedora trabalha com penteados africanos e se considera uma artesã capilar: “Eu aprendi a trançar no meu orí, que foi a fonte de inspiração dos meus trançados. Em 1993, comecei a trabalhar no Pelourinho com a Negra Jho, e aí que eu encontrei minha profissão, que me considero uma artesã capilar. Levamos isso para o mundo, trançando o orí de tantas pessoas na Bahia, no Brasil e no mundo,” concluiu.

Supervisionado por Marcos Valença

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Tags:

Cultura Afro-Brasileira Economia Criativa Empreendedorismo Negro. Festival Latinidades inclusão e representatividade mulheres negras

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