TEATRO
Espetáculo musical celebra 40 anos da axé music e emociona Salvador
Espetáculo A Batida Perfeita revisita quatro décadas do carnaval baiano com afeto, memória e novos talentos da cena local

Por Júlio Cesar Borges*

Celebrar 40 anos de Axé Music é também celebrar encontros, afetos e histórias que atravessam gerações. É a partir desse espírito que nasce A Batida Perfeita, espetáculo musical com sessões hoje e amanhã, no Teatro Molière (Aliança Francesa, Ladeira da Barra).
Dirigido por Daniel Calibam, o musical marca a estreia da nova turma profissionalizante para teatro musical do grupo TECA Teatro e Outras Artes, unindo canto, interpretação e memória em uma encenação que revisita quatro décadas de carnaval baiano.
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Para Calibam, ator e professor formado pela Escola de Teatro da Ufba, a montagem representa também um marco pessoal. Depois de dirigir espetáculos na turma profissionalizante do TECA, esta é a primeira vez que assume a direção de um musical completo. “Eu nunca tinha dirigido um espetáculo musical profissional. Mas quando surgiu a proposta, eu disse: vamos lá”, conta.
O desafio foi abraçado em parceria com Suzana Bello, responsável pela direção vocal, com quem Daniel dividiu o processo criativo desde o início. “A gente tem muita sintonia nas ideias. Tudo que eu falo, ela topa, tudo que ela lança, eu abraço. Isso fez toda a diferença”, afirma o diretor.
A ideia central do espetáculo surgiu a partir de uma pergunta complexa: como contar a história da axé music sem se apoiar na biografia de um único artista? “Falar de um movimento é muito mais difícil”, reflete Daniel. A solução encontrada foi criar uma dramaturgia baseada na experiência vivida.
Antes de escrever o texto, o diretor propôs um exercício à turma: recolher histórias de carnaval com familiares, amigos e pessoas próximas. “Queria histórias engraçadas, tristes, qualquer coisa que tivesse atravessado a vida das pessoas”, lembra. A partir desse material, somado às próprias memórias do diretor, nasceu a narrativa do espetáculo.
4 amigas, muitos carnavais
A Batida Perfeita acompanha a trajetória de quatro amigas que se conheceram no carnaval de 1985 e prometem passar todos os carnavais juntas. Cada cena atravessa uma década, dos anos 1980 até 2025, revelando não só as transformações da festa, mas também os altos e baixos da vida dessas mulheres.
“Cada carnaval vai contando um momento da vida delas. As histórias pessoais se cruzam o tempo todo com o carnaval”, explica Daniel.
A dramaturgia é conduzida por dois cordeiros de bloco, que assumem o papel de narradores e costuram passado, presente e futuro das personagens.
Os nomes das protagonistas são uma homenagem direta à axé music: Sara, Margô, Bel e Dani, referências a Sarajane, Margareth Menezes, Bell Marques e Daniela Mercury. “É só uma homenagem nos nomes. As personagens não têm relação direta com os artistas”, pontua o diretor.
Trilha sonora como emoção
Embora o espetáculo atravesse décadas específicas, a trilha sonora não segue uma lógica cronológica rígida. “Em muitos momentos, a cena pedia uma música de outra época. Eu resolvi respeitar o que o texto precisava”, afirma Daniel.
O resultado é uma costura livre entre clássicos da axé music e referências mais recentes, sempre a serviço da dramaturgia e da emoção. “Não é uma linha do tempo certinha. É uma história que vai pedindo as músicas”, resume.
Nostalgia e afeto
Mais do que narrar a história da axé music, A Batida Perfeita aposta na emoção como experiência central. “Eu sou muito nostálgico. Música sempre me leva para algum lugar”, diz o diretor. E é exatamente isso que ele deseja provocar no público.
“Eu quero que as pessoas saiam tocadas, que a peça conduza cada um para um lugar muito particular. Não queria que fosse algo que termina e pronto. Queria que provocasse alguma emoção, alguma lembrança, alguma sensação boa de ter estado ali”, ele diz.
Celebrar novos talentos
Produzido pelo grupo TECA Teatro e Outras Artes, o musical também celebra a chegada de novos artistas à cena, formados em um processo pedagógico que alia técnica, escuta e criação coletiva.
“A experiência foi tão boa que eu não quero parar”, afirma Daniel, ao falar sobre o futuro do espetáculo e do próprio trabalho com musicais.
Por enquanto, A Batida Perfeita terá essas duas únicas apresentações. No entanto, Daniel deixa claro que o seu desejo é dar continuidade ao projeto nos próximos anos.
Serviços
➡️ A Batida Perfeita
▪️Data: 19 e 20 de dezembro
▪️Horário: 20h
▪️Local: Teatro Molière na Aliança Francesa (Av Sete de Setembro, 401, Barra)
▪️Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
▪️Vendas: Sympla
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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